Coimbra

“Assalto à Casa da Escrita parece a história da Alice no País das Maravilhas contada pelo Pinóquio”

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 30-06-2023

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra garantiu esta quinta-feira, 29 de junho, que “a  Casa da Escrita não vai ser entregue a nenhuma instituição”. José Manuel Silva respondia a vários deputados que o interpelaram em relação à Casa de João José Cochofel no período antes da ordem do dia da sessão ordinária da Assembleia Municipal. A declaração do líder municipal surge depois de José Manuel Diogo, em nome da Associação Portugal Brasil 200 anos, ter surgido no Diário de Coimbra com pose de dono e senhor da casa, onde até fez uma visita guiada para o “seu” jornal local.

O deputado João Malva, na sua intervenção, começou por ressalvar que “os contornos do assalto à Casa da Escrita parecem uma narrativa da história da Alice no País das Maravilhas, mas contada pelo filho do Gepeto, o Pinóquio”. E por isso o movimento Cidadãos por Coimbra quer que “o executivo abra concurso público para identificar uma entidade gestora credível e que apresente um plano de trabalhos que respeite o enquadramento do bem público da Casa da Escrita, assim como se interrompa o processo negocial, trabalhado em secretismo, com a Associação Portugal Brasil 200 anos, para gestão e curadoria da Casa da Escrita”.

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Isabel Garcia, eleita pelo PS sustentou que foram “confrontados com notícias publicadas na imprensa que a Casa da Escrita estava na iminência de passar a Casa da Cidadania e da Língua , uma parceria entre a APBRA – Associação Portugal Brasil-200 anos, que tem como parceiros o Senado Federal, o Instituto Camões, a Universidade de Coimbra, Município de Coimbra, o Estado de Minas Gerais, e o Ministério da Cultura de Portugal entre outras organizações e empresas”, sublinhando que “a Casa da Escrita teve e tem uma importância que ultrapassa a Cultura em Coimbra e no país”.

A deputada socialista terminou a sua intervenção com uma questão ao presidente da Câmara Municipal: “Casa da Escrita, que Futuro?”

Já o deputado do Partido Socialista, Vítor Parola, sublinhou, na sua intervenção, que “o povo do concelho de Coimbra, começa a ouvir e a ler, demasiadas vezes, o nome de José Manuel Diogo, associado a outros, como é o caso de Nirit Harel, sem que a necessária e exigida transparência acompanhe os processos”.

Na resposta o presidente da Câmara Municipal começou por referir que quando a “Casa da Escrita estava letárgica, e tinha um curador remunerado por 1500 euros, ninguém reclamou”.

Recordamos que a Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA) anunciou que Coimbra vai ter uma Casa da Cidadania da Língua, cuja inauguração ocorrerá em outubro de 2023.  

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Em 18 de junho, questionada por Notícias de Coimbra “sobre o futuro da Casa da Escrita”, a autarquia não quis adiantar pormenores e optou por convidar  “o “Notícias de Coimbra” para marcar presença no Debate “Coimbra n(o) centro da Língua | Ciclo Cidadania da Língua”, no dia 1 de julho, pelas 11h00, na Casa da Escrita”.

A 19 de junho, dia de reunião de Câmara, Regina Bento, líder da oposição questionou o presidente da situação em relação ao futuro da Casa da Escrita. Referindo que a foi surpreendida “por anúncios na comunicação social, dos quais se parece antever o futuro próximo da Casa da Escrita”.

A vereadora foi direta ao assunto e fez perguntas muito claras:  Esta Casa da Cidadania da Língua, a inaugurar este ano, é a Casa da Escrita? A nova Casa da Cidadania da Língua implicará ceder a gestão da Casa da Escrita à Associação Portugal Brasil 200 anos, cujo Presidente da Direção é o Dr. José Manuel Diogo e o Presidente da Assembleia Geral é o Professor Doutor João Gabriel Silva, ex- Reitor da Universidade de Coimbra?.

José Manuel Silva optou por não assumir o que já sabe através do site e da missiva da APBRA e deu respostas evasivas não tendo revelado o que já combinou com o seu “guru” José Manuel Diogo.

O prefeito limitou-se  a seguir a narrativa que tinha mandado transmitir a NDC e disse: Pode a senhora vereadora ficar tranquila que a Casa da Escrita continuará a ser municipal, nem podia ser de outra maneira. Convido-a a participar de um debate que vai ocorrer no dia 1 de julho, extremamente interessante, na Casa da Escrita, e o tema é Coimbra está no Centro da Língua. Onde se vai falar de cidadania da língua, será um debate interessante e falar-se-à do futuro.
 
Quem não quis esperar pelo primeiro dia de julho foi José Manuel Diogo, que, aproveitado  a via verde que tem no Diário de Coimbra, aparece com ar de “dono da casa” e com títulos esclarecedores  como “José Manuel Diogo assume programação da Casa da Escrita” e  “Ciclo da Cidadania da Língua assinala una nova “etapa na (ainda) Casa da Escrita”.
 
Este albicastrense, que  diz “viver com um pé em cada lado do Atlântico: entre São Paulo e Lisboa”, tem meia página para promover a sua “arte” ao longo do ano no jornal dirigido por uma seu colega do curso de jornalismo.
 
O notável programador/curador adianta que a sua associação já assinou um protocolo com a Câmara Municipal de Coimbra, antecipando o que José Manuel Silva tem escondido aos conimbricenses.
 
A Associação Portugal Brasil 200 anos foi “inventada”  por José Manuel Diogo, que assume a presidência da Direção. João Gabriel Silva, irmão do “prefeito” José Manuel Silva, é o presidente da Assembleia Geral desta organização “não governamental e sem fins lucrativos”.

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