Politécnico
Investigação da ESEC comprova desigualdades digitais de estudantes no ensino online durante pandemia
As condições socioeconómicas de estudantes do Ensino Superior tiveram impacto no acesso a dispositivos digitais necessários para acompanhar o ensino online durante os períodos de confinamento. A conclusão é de Flávia Sousa, no âmbito da sua investigação de mestrado em Comunicação Social – Novos Media, da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC).
A dissertação intitulada Exclusão e literacia digital: Acesso e competências dos estudantes no acesso à informação durante a pandemia de COVID-19 teve como objetivo compreender e analisar as abordagens e as diferentes fases de apropriação dos novos media, desde o acesso até à literacia digital. Incidiu, particularmente, no ensino e nas teorias que sustentam o uso das novas tecnologias da informação enquanto ferramentas de ensino, bem como na comunidade académica enquanto potencializadora da inclusão digital.
A investigação verificou lacunas digitais entre os estudantes do ensino superior nos períodos de confinamento provocados pela pandemia de COVID-19, concluindo que os alunos com menores rendimentos têm menos acesso quer a equipamentos, quer a Internet com velocidade adequada.
Foram três as questões base desenvolvidas no estudo: 1) Que impacto tem a condição socioeconómica dos estudantes na posse de dispositivos de novos media?; 2) É a condição socioeconómica do estudante fator de desigualdade de competências digitais fundamentais para acompanhar o ensino online nos períodos de confinamento provocados pela pandemia de COVID-19?; 3) Em que medida a localização geográfica interfere com a qualidade/velocidade de acesso à Internet? São os alunos de meio rural prejudicados no ensino online?
Os principais resultados revelam que as condições socioeconómicas têm impacto na posse e no acesso aos novos media. Quem apresenta mais rendimentos tende a possuir um maior número de dispositivos digitais. A investigação permitiu também verificar que os alunos com condições socioeconómicas mais favoráveis integram núcleos familiares mais digitalmente incluídos.
A condição socioeconómica não se revela fator determinante na autoperceção das competências digitais, apesar de, entre as competências de informação, serem os estudantes com melhor condição socioeconómica que apresentam melhores resultados.
O estudo permitiu concluir que a localização geográfica também pode contribuir para a desigualdade digital. Viver em Portugal não é por si só fator de equidade de acesso, não obstante 84% dos agregados familiares disporem, em 2022, de acesso à Internet por banda larga. São os estudantes de zonas rurais do interior do país os mais prejudicados na velocidade da Internet na habitação, com 27% dos inquiridos a referir ser insuficiente para as necessidades do ensino online.
Os resultados da investigação demonstram que as desigualdades sociais têm impacto no acesso e, em parte, na literacia dos media.
O estudo abrangeu uma amostra de conveniência de 124 estudantes que frequentaram o Ensino Superior entre 2019 e 2021, com idades entre os 20 e os 29 anos. A maioria (81,5%) é do sexo feminino, cerca de um terço (30,6%) tem bolsa e 38,7% reside em meio rural.
A dissertação de mestrado foi aprovada em provas públicas, dia 22 de junho, pelo júri presidido por Gil Baptista Ferreira e constituído ainda pela arguente Cláudia Cambraia e pela orientadora da investigação, Susana Borges.
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