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Primeiras empresas começam a operar no Parque Tecnológico de Cabo Verde
As primeiras empresas começam ainda este mês a operar no Parque Tecnológico de Cabo Verde, na Praia, considerado o “coração” da estratégia digital do país, cuja inauguração está prevista para finais do ano, disse o presidente da instituição.
“Já estamos na reta final e contamos começar as operações no mês de junho”, avançou o presidente do conselho de administração do Parque Tecnológico, Carlos Monteiro, em entrevista à agência Lusa.
Seis anos depois do início das obras, o Parque Tecnológico já ganhou forma na zona de Achada Grande Frente, nas imediações do Aeroporto Internacional da Praia ‘Nelson Mandela’, e os trabalhadores estão a dar os últimos retoques nos acabamentos.
A infraestrutura situa-se numa zona com 50 hectares, à direita da rotunda do aeroporto para quem chega à capital do país, onde foi decretada a Zona Económica Especial (ZEE), uma “Free Zone”, em que as empresas aí instaladas estão livres de impostos e recebem outros incentivos fiscais.
“Será uma zona franca muito ambiciosa para concorrer com outras zonas francas no mundo, como a Madeira, iremos ter uma zona franca para as tecnologias aqui no TechPark”, salientou Monteiro, descrevendo o parque como uma obra de “grande envergadura” para o país.
Entretanto, lamentou vários “percalços” que encontrou pelo caminho que atrasaram a sua conclusão, entre eles a pandemia da covid-19, bem como as outras crises que se seguiram.
Com estruturas imponentes e modernas à entrada da cidade da Praia, e com várias outras instituições ao redor, o empreendimento tem capacidade para acolher cerca de 30 empresas, desde o setor público ao privado, ligadas às tecnologias de informação.
Sem precisar nomes, o presidente avançou que muitas já manifestaram o interesse em laborar no local, e as primeiras mudam-se para essas instalações ainda este mês de junho.
“E nós estamos a organizar para que isto seja possível e que tenhamos várias empresas do setor aqui a laborar no TechPark”, previu Monteiro, notando que há vários espaços disponíveis, com o mínimo de 20 metros quadrados, para albergar pequenas empresas de até quatro pessoas, até 60 ou 100 metros quadrados ou mais.
“Esta construção enquadra-se numa grande visão do Governo de Cabo Verde, na senda da diversificação da nossa economia, que é sustentada no turismo”, afirmou, na entrevista à Lusa, sobre aquele que é considerado o “coração” da estratégica digital do país, que tem ainda um polo em construção em São Vicente.
A inauguração na Praia estava prevista para este mês, mas Carlos Monteiro disse que só vai acontecer mais para o final do ano, com convidados e parceiros nacionais e internacionais, entre eles, prevê-se a presença do presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, cofinanciador da obra, juntamente com o Governo de Cabo Verde.
Até agora, nesta que é a segunda fase, o projeto já chegou aos 50 milhões de euros de investimento, mas o presidente projeta que poderá chegar aos 70 milhões assim que tudo estiver pronto, nos próximos anos.
“Será um investimento que terá muito retorno para Cabo Verde, porque almejamos daqui, de Cabo Verde, estar a preparar a nossa juventude para trabalhar neste setor promissor, tanto nos dias de hoje como no futuro”, perspetivou.
E um dos pontos de retorno será a venda de serviços digitais a partir de Cabo Verde, tal como vai acontecer com o Banco de Investimento e Desenvolvimento da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) (BIDC), que vai alojar o seu ‘backup’ informático no Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSi) de Cabo Verde, uma das empresas que vão operar no Parque Tecnológico.
O responsável deu conta que o NOSi está a trabalhar em sete países africanos.
“Isto é obra, você não vê o contrário, países africanos a trabalhar em Cabo Verde, nós é que estamos a exportar as nossas soluções”, enfatizou o dirigente, notando que o arquipélago tem crescido nos rankings ligados à inovação e quer ver mais pessoas a trabalhar para o mundo a partir das ilhas, já que o digital é a oportunidade para pequenos Estados insulares.
“E isso depende só de nós, e é esta aposta que nós estamos a fazer, não só no investimento no parque, nos cabos submarinos, mas também teremos de investir agora no capital humano a partir da inauguração do parque”, num projeto de 40 milhões de euros que pretende transformar o arquipélago num ‘hub’ tecnológico em África, apontou.
Depois da inauguração, Carlos Monteiro disse ainda esperar trazer investidores com capital estrangeiro para o TechPark, bem como marcas de renome internacional, que vão poder usufruir de um centro de dados, centro de negócios, centro de formação, centro de incubação, centro de conferências, entre muitas outras valências.
“Será de muita valia para o parque, não só pelo capital estrangeiro que pode entrar para o parque, mas também pelo ‘branding’, pela comunicação, pela marca, pela expansão, pelo dar a conhecer o TechPark por este mundo fora (…) são casamentos interessantes que almejamos que assim aconteçam”, perspetivou.
Outro aspeto que não será descurado, garantiu, será a integração dos bairros vizinhos de Achada Grande Frente e Trás e Jamaica, conhecidos por enfrentar vários problemas sociais, como delinquência juvenil, habitação precária, desemprego, entre outros.
“Aqui há muita oportunidade para a vizinhança toda, e é nossa preocupação porque não podemos ter uma zona bem evoluída, e com muita confiança que o Governo está a ter, e depois ter a vizinhança com questões sociais e nós teremos essa atenção”, sustentou a mesma fonte, numa infraestrutura que vai gerar cerca de 1.500 empregos diretos e indiretos.
Além das oportunidades de emprego e formação, informou que será construída uma creche, com capacidade para mais de 100 crianças.
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