Universidade

Docentes da Universidade de Coimbra exigem averiguação à demissão de professor russo

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 06-06-2023

 Cem professores e investigadores da Universidade de Coimbra exigiram, através de um abaixo-assinado, a urgente abertura de um processo de averiguação aos factos associados à demissão do professor russo Vladimir Pliassov.

“É inaceitável, num Estado democrático de direito, garantidor da liberdade de consciência e pensamento, bem como numa universidade pública que repudia o pensamento único, alguém ser despedido sem a realização prévia de um inquérito para apuramento dos factos, sem a instauração de um eventual processo disciplinar”, lê-se no abaixo-assinado enviado à agência Lusa.

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Os docentes e investigadores da Universidade de Coimbra (UC) criticaram a forma como o reitor, Amílcar Falcão, demitiu Vladimir Pliassov (acusado por dois ativistas ucranianos de “propaganda russa”), e consideraram que não foram respeitados princípios e valores, “como a presunção de inocência, ou o direito de o acusado conhecer as razões objetivas da acusação para poder efetivar o direito ao contraditório”.

Os signatários criticaram o procedimento adotado contra Vladimir Pliassov e defenderam “a necessidade de urgente abertura de um processo de averiguação dos factos imputados àquele docente que respeite escrupulosamente os seus direitos”.

Vladimir Pliassov foi acusado de “propaganda russa” por dois ativistas ucranianos, num artigo de opinião publicado no Jornal de Proença e depois replicado pelo jornal Observador, que alegaram posteriormente, na Rádio Renascença, que o docente russo seria um ex-agente do KGB.

Entre os signatários estão a ex-ministra e docente da Faculdade de Direito (FDUC) Anabela Rodrigues, a docente e deputada do PS Cláudia Cruz Santos, o ex-diretor da Faculdade de Medicina Duarte Nuno Vieira, o antigo deputado do Bloco de Esquerda e docente da Faculdade de Economia (FEUC) José Manuel Pureza, o ex-secretário de Estado e professor da FEUC José Reis, a antiga juíza do Tribunal Constitucional Maria João Antunes e o capitão de Abril e docente da FEUC Pedro Pezarat Correia.

O antigo diretor do Departamento de Arquitetura José Bandeirinha, o antigo diretor do Museu da Ciência da UC Paulo Gama Mota, o subdiretor do Colégio das Artes, António Olaio, o coordenador científico do consórcio Ageing@Coimbra, João Malva, o catedrático e regente da cadeira de Direito do Trabalho na FDUC, João Leal Amado, e os membros do Conselho Geral Adérito Araújo, Ana Paula Arnaut e Lina Coelho são também signatários do documento, entre outros.

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Também assinam o abaixo-assinado vários docentes da Faculdade de Letras que já tinham sido signatários de um primeiro documento com apenas professores daquela unidade da UC, que também criticava a decisão do reitor.

O documento salienta ainda que a decisão de Amílcar Falcão “não foi explicada de modo claro e completo à comunidade universitária, nem mesmo depois da polémica pública e da reunião do Conselho Geral em que o tema foi debatido”.

Um membro do Conselho Geral, que recusou ser identificado, disse à agência Lusa que foi dado nota, na reunião de segunda-feira, de que iria ser apresentado um requerimento para serem ouvidos naquele órgão o professor Vladimir Pliassov e o diretor da Faculdade de Letras, Albano Figueiredo.

Os membros do Conselho Geral irão depois pronunciar-se sobre esse mesmo requerimento, explicou.

A agência Lusa questionou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sobre o caso, tendo a tutela referido que não irá pronunciar-se sobre essa matéria.

A Lusa pediu também à reitoria da UC acesso aos documentos e provas que estarão na base do despedimento do professor Vladimir Pliassov, que foi rejeitado.

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