Política
António Costa afirma que ação do SIS não envolveu autorização sua nem de Mendonça Mendes
O primeiro-ministro afirma que a ação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas não envolveu qualquer autorização sua nem resultou de sugestão do seu secretário de Estado Adjunto, Mendonça Mendes.
Estas afirmações constam das respostas de António Costa, a que a agência Lusa teve acesso, a um requerimento do PSD com quinze perguntas sobre a atuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) para a recuperação do portátil levado por Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, na noite de 26 de abril.
No requerimento, PSD refere que “o ministro da Infraestruturas declarou que foi o secretário de Estado de Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que sugeriu a intervenção do SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa)/SIS” e pergunta “qual o fundamento dessa sugestão, quando é que ocorreu e em que termos”.
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António Costa responde que, “de acordo com o exposto pelo ministro das Infraestruturas e confirmado pela sua chefe do gabinete [Eugénia Correia], a iniciativa de contactar o SIS partiu da própria chefe do gabinete do ministro das Infraestruturas, não tendo resultado de sugestão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro”.
António Costa reitera que, no seu entender, “a chefe do gabinete do ministro das Infraestruturas agiu corretamente perante a quebra de segurança de documentos classificados”.
Quanto ao momento e termos em que o ministro das Infraestruturas o informou sobre o recurso ao SIRP/SIS para a recuperação do computador, o líder do executivo declara: “Como já foi repetidamente explicado, o ministro das Infraestruturas contactou-me telefonicamente na noite de 26 para 27 de abril, tendo-me informado resumidamente do ocorrido e tranquilizando-me que já havia sido comunicado às autoridades competentes, nomeadamente ao SIS”.
Interrogado se, ao ser informado, “autorizou, aprovou ou aceitou, ainda que tacitamente, essa decisão”, o primeiro-ministro rejeitou ter sido chamado a dar qualquer autorização: “Como também já afirmei pública e repetidamente não fui, nem tinha de ser, informado previamente de qualquer ação do ao SIS, pelo que não fui chamado a conceder qualquer autorização”.
“Aliás, estou em crer, pelo que tem sido dito pelos diversos intervenientes, que quando falei com o ministro das Infraestruturas já o SIS tinha contactado o Dr. Frederico Pinheiro e com ele combinado a devolução voluntária e livre do computador, como o próprio declarou à comunicação social nos dias 28, 29 e 30 de abril”, acrescenta.
Sobre a base legal em que se fundamentou a intervenção do SIS, outra das perguntas do PSD, Costa realça que a secretária-geral do SIRP, embaixadora Graça Mira Gomes, e o diretor do SIS, Adélio Neiva da Cruz, “já tiveram ocasião de precisar junto da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a base legal da sua atuação e os órgãos competentes para a fiscalização da atuação dos serviços de informações já declararam publicamente – e por unanimidade – não haver indícios de ter havido atuação ilegal por parte do SIS”.
“Da minha parte, com base na avaliação do Conselho de Fiscalização do SIRP que obtive junto da secretária-geral do SIRP, reafirmo o que já disse anteriormente. Considero que o SIS agiu adequada e proporcionalmente no âmbito das suas competências de natureza preventiva, face à atual avaliação do quadro de ameaças sobre infraestruturas críticas e perante o alerta de quebra de segurança de documentos classificados no Ministério das Infraestruturas, resultante da apropriação indevida e com recurso à violência de um computador do Estado português”, advoga.
Ao referir que houve “apropriação indevida e com recurso à violência de um computador”, António Costa responde também a outra pergunta, sobre se “mantém a versão de que existiu um roubo do computador”.
O SIS interveio na recuperação de um computador levado do Ministério das Infraestruturas por Frederico Pinheiro, que tinha sido demitido nessa noite.
Este caso envolve denúncias contra o ex-adjunto de Galamba por violência física no ministério rejeitadas pelo próprio, que se queixa de ter sido sequestrado no edifício.
Após os incidentes de 26 de abril, surgiram publicamente versões contrárias entre elementos do gabinete do ministro e Frederico Pinheiro também sobre informações a prestar pelo Governo à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
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