Tribunais
Antiga empregada doméstica nega no Tribunal de Coimbra que tenha tentado burlar o patrão
A mulher de 61 anos, acusada do crime de burla qualificada, negou esta manhã de segunda-feira em tribunal que tenha pretendido enganar o patrão durante o período em que esteve ao seu serviço.
Ao longo das suas declarações, a gestora de seguros que mora em Aveiro emocionou-se alguma vezes e lembrou que ele “sabia de tudo” o que acontecia com as suas contas bancárias. Aliás recordou no tribunal que todas as segundas feiras ia ao banco levantar o extrato para depois, em casa, confrontar os documentos que tinha em casa.
“Ele tinha muito bom coração, era uma pessoa muito humana”, disse por diversas ocasiões a perguntas feitas pela presidente do coletivo e pela procuradora. Sobre as transferências financeiras que o arguido lhe terá feito a meados de 2017 – período em que esteve durante três meses a cumprir pena de prisão, mas que não consta no registo criminal -, a arguida não conseguiu encontrar explicação, mostrando-se descontente com o facto de nunca lhe ter dito onde esteve naquele período.
Na sua opinião, os 18 mil euros transferidos foram “emprestadados”, palavra diversas vezes usada pela vítima para a compensar do trabalho que ela teve com ele durante o período em que esteve ao seu serviço.
A mulher disse que muitas das provas ficaram dentro de uma gaveta da casa do arguido, local onde eram colocados os comprovativos de pagamentos das compras feitas ao longo do período em que esteve ao seu serviço.
Aliás, disse que aquilo que os filhos da vítima lhe fizeram “não se faz aos animais” pois trocaram as chaves de casa e, só passados alguns meses, é que lhe entregaram as roupas que ela tinha nos aposentos. Ainda mais quando havia uma relação muito próxima entre a vítima e a família da arguida. “Todos os fins de semana nos encontrávamos e o senhor foi algumas vezes a casa da minha mãe, chegando mesmo a pernoitar lá”, afirmou.
Sobre a relação com os três filhos, a arguida disse que tentou uma maior aproximação, tendo conseguido que fossem comer lá a casa em alturas festivas.
Refira-se que a vítima, em declarações para memória futura, garantiu que a arguida lhe terá pedido dinheiro emprestado para pagar despesas com a saúde. “Contou que, quando a arguida lhe pedia dinheiro emprestado, se mostrava muito triste, dizia que tinha dores e que, se não se tratasse, ia morrer”, lê-se na instrução do processo.
De acordo com o MP, a arguida dizia que precisava de dinheiro para operações e transfusões de sangue, tendo chegado a estar um largo período ausente da habitação da vítima.
“Contou que, quando a arguida lhe pedia dinheiro emprestado, se mostrava muito triste, dizia que tinha dores e que, se não se tratasse, ia morrer”, lê-se na instrução do processo.
Em janeiro de 2019, o assistente deu entrada no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) por causa de problemas gastrointestinais e acabou por ficar internado para recuperação durante 22 dias.
“Desde o dia em que o arguido foi internado no CHUC que a arguida contactava diariamente os filhos do assistente, a quem dizia que este se encontrava a recuperar bem e que da operação não tinham resultado complicações e que por isso não era necessário deslocarem-se até Coimbra para o visitar”, alega o MP.
Quando os filhos da vítima tiveram conhecimento de que o pai estava internado nos cuidados intensivos, foram visitá-lo ao hospital, momento em que a arguida terá demonstrado “desconforto perante a sua presença”.
Direto NDC com o resumo das declarações da arguida no tribunal
Related Images:
PUBLICIDADE