Portugal

Pedro Strecht destaca “enorme disponibilidade” de institutos religiosos para futuro diferente

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 27-04-2023

 O coordenador da comissão que estudou os abusos sexuais de crianças na Igreja destacou hoje, após ter entregado a lista de alegados abusadores em institutos religiosos, a “enorme disponibilidade” destas instituições para “construir o futuro de uma maneira diferente”.

“[Senti] muitíssima abertura, mais até do que a questão nominal em si, porque também sabemos que algumas destas pessoas já estão falecidas – claro que outras também estão no ativo. Mas [senti] sobretudo uma enorme disponibilidade para, perante erros do passado, construir o futuro de uma maneira diferente”, afirmou aos jornalistas Pedro Strecht.

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O pedopsiquiatra falava em Fátima, onde hoje esteve na assembleia geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) que termina na sexta-feira. Na iniciativa esteve também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo da Diocese de Leiria-Fátima, José Ornelas.

Questionado sobre o número de pessoas visadas e em quantos institutos religiosos, Pedro Strecht remeteu esclarecimentos para estas entidades.

“Depois perceberão pelos institutos. Cada um fará a sua comunicação, como é óbvio. Não quero estar a interferir nessa parte”, adiantou, destacando que a comissão foi também falar, a propósito de abusos sexuais, de “prevenção e de formas de atuação, tanto agora, já, no presente, em relação àqueles que foram vítimas no passado, mas, sobretudo, numa melhor construção do futuro”.

O coordenador reiterou que cada instituto – e se calhar até a própria CIRP – “poderá e deverá (…) dar essa informação mais em concreto”.

Sobre o Grupo VITA – Grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal, apresentado na quarta-feira, Pedro Strecht realçou “a importância de ter sido constituído” e de ter “um tempo de três anos para funcionar”.

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“E, obviamente, todos nós temos a função de acreditar nesse desempenho profissional que se vai seguir e ajudar no que for também necessário”, acrescentou.

O pedopsiquiatra apelou ainda para que não se esqueça o tema dos abusos sexuais “na sociedade em geral” e expressou “um agradecimento profundo de toda a anterior comissão independente à comunicação social”, considerando que se não fosse o trabalho dos media nunca a comissão teria conseguido chegar junto das pessoas a quem chegou, passando a sua mensagem.

À pergunta se com a iniciativa de hoje fica fechado o trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, respondeu que “o trabalho já tinha fechado com a entrega do relatório, mas havia estas questões pendentes”, notando que “ainda há, também, uma ida à audição parlamentar na Assembleia da República” no dia 02 de maio.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.

Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório apresentado pela Comissão Independente em 13 de fevereiro, surgiam indicados, no caso dos institutos religiosos femininos, entre outros, as Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, com oito vítimas, e as Religiosas do Amor de Deus, com três, como os mais afetados.

No que respeita aos masculinos, os Salesianos destacavam-se com 18 vítimas, seguidos dos Jesuítas (12) e Franciscanos – Ordem dos Frades Menores (11).

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