Região

“No café do Sebastião ocorreram muitas reuniões de conspiração contra o regime”

António Alves | 2 anos atrás em 25-04-2023

A “intensa atividade política e cívica” do mirandense Sebastião da Cruz Lopes está desde esta terça-feira, 25 de Abril, retratada num mural executado pelo artista Guel Do It aka Miguel Madeza. A obra foi instalada na parede de um edifício no centro da vila de Miranda do Corvo onde o resistente tinha o seu café.

O convite partiu da Junta de Freguesia de Miranda do Corvo e, como explicou o artista de arte urbana, “apesar de recordar um momento onde eu ainda não existia (como ser humano), tentei encontrar as melhores referências”. “O meu trabalho é muito sob camadas de história”, frisou.

João Paulo Fernandes, presidente da junta, afirmou que a sua autarquia não esperava “tão grande alcance (no concelho e na região) deste mural”. Com a voz algo embargada pela emoção do momento, e na presença da grande maioria dos familiares do Sebastião da Cruz Lopes, o autarca reconheceu que é essencial evocar os valores de Abril “porque sentimos que cada dia se vai perdendo um pouco da nossa história”. “Neste local, onde outrora era o espaço do café do Sebastião e dos irmãos Abel e José, fizeram-se muitos encontros para conspirar contra o regime”, lembrou o presidente da junta.

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O presidente da Assembleia Municipal de Miranda do Corvo, Fernando Araújo, apelidou mesmo o Sebastião da Cruz Lopes como um “dos grandes antifascistas mirandenses”. Já António Campos, um dos fundadores do Partido Socialista, afirmou que conheceu este resistente em casa de António Arnaut e que, tal como ele, “sempre teve fome de liberdade”.

No seu discurso, o antigo governante alertou para os problemas que se avizinham na democracia portuguesa (ver a partir dos 26′). “O fascismo está-se a instalar lentamente em Portugal”, afirmou. Um dos primeiros sinais é a reunião prevista para o próximo dia 13 de maio onde se juntam os três fatores fundamentais para a sua instalação: “o fator das forças, o fator da Igreja e o fator da justiça”.

O presidente da câmara, Miguel Baptista, chamou a atenção para a necessidade de se criar uma estratégia de sustentabilidade nas dimensões “fundamentais e de equilíbrio” ao nível social, ambiental, tecnológico, económica e ética. “Hoje, as ameaças com que somos confrontados são diversas, disruptivas e demasiado preocupantes”, referiu.

Veja o Direto NDC com a cerimónia de inauguração do mural do 25 de Abril em Miranda do Corvo

O artista afirmou ao Notícias de Coimbra que a pesquisa de referências e pré-produção deste desenho durou cerca de dois ou três dias e que a sua concretização não ultrapassou uma semana.

“Havia uma ideia concreta daquilo que era pretendido”, disse, reconhecendo que o nome de Sebastião da Cruz Lopes e a sua importância no combate ao anterior regime acabou por ser “uma surpresa”.

Veja o Direto NDC com a entrevista ao artista Guel Do It

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