Universidade
Destruição patrimonial por terroristas no Paquistão analisado por estudo de Coimbra
Um estudo da Universidade de Coimbra (UC) fez uma análise da cobertura noticiosa de um ataque terrorista em 2007 a uma estátua no Paquistão e a sua reconstrução, procurando perceber os seus impactos.
O estudo da UC concluiu que os atentados terroristas a património “têm enfraquecido vários governos na vertente económica e política, afastando as pessoas destes lugares e marcando certos países como não seguros”, afirmou um dos elementos da equipa de investigação, Cláudia Seabra, que assina o artigo, juntamente com Farhad Nazir e Ana Maria Caldeira.
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Segundo a também docente da Faculdade de Letras, citada em nota de imprensa da UC enviada à agência Lusa, os grupos terroristas “usam a destruição do património para alcançar uma audiência global para passar a sua mensagem e reivindicações”.
O estudo conduzido por investigadores do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Coimbra faz uma análise da cobertura noticiosa da destruição e reconstrução da estátua Jahanabad Seated Buddha, atacada por um grupo terrorista em 2007.
O projeto procurou analisar as reações da comunidade local e das autoridades governamentais ao processo “destrutivo e reconstrutivo da estátua”, referiu a UC.
O “ativismo patrimonial da comunidade local face à devastação, a importância da recuperação da estátua para manter a estabilidade económica da atividade turística na região de Swat, onde se encontra a estátua, assim como a maior atenção dada pelos média aos períodos de destruição comparativamente ao destaque dado à fase de reconstrução” são algumas das principais conclusões.
“Principalmente, nos últimos 20 anos, grupos radicais atualizaram a sua estratégia de atuação, destruindo património classificado numa tentativa de destruir as memórias e identidades das civilizações, alcançando audiências globais”, realçou Cláudia Seabra.
Segundo a investigadora do CEGOT, “o discurso dos média continua a preferir os elementos sensacionalistas de destruição em vez de conteúdos sobre restauração e reabilitação”.
“O resultado mais interessante foi a perspetiva revelada pelas comunidades locais na proteção do seu património independentemente dos discursos radicais e religiosos difundidos pelos grupos terroristas, dando alento aos movimentos de proteção patrimonial”, sublinhou.
Da análise em torno do período de reconstrução, entre 2012 e 2016, os investigadores constataram “os benefícios comerciais desta recuperação, sobretudo para garantir a estabilidade económica das atividades turísticas em Swat”.
“O movimento terrorista responsável pelo ataque tentou conquistar a simpatia da comunidade local usando a iconoclastia islâmica (oposição à existência de imagens religiosas) como um escudo religioso para justificar o ato, mas, no entanto, a comunidade refutou essa narrativa e demonstrou ativismo patrimonial, lutando pela reconstrução da estátua Jahanabad Seated Buddha”, frisou Cláudia Seabra.
O artigo científico foi publicado no Journal of Heritage Tourism.
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