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Bruno Paixão vai apresentar o seu primeiro romance no Convento São Francisco
Crimes, paixões e traições, vícios da política, bem como ‘fake news’ e críticas à justiça e à igreja são alguns dos ingredientes com que Bruno Paixão construiu o seu primeiro romance, a apresentar no dia 26, em Coimbra.
“Os segredos de Juvenal Papisco” foi escrito durante a pandemia, altura em que o escritor, professor universitário e investigador Bruno Paixão se refugiou numa quinta que possui nos arredores de Coimbra e onde tem uma carruagem restaurada, dos anos 1940.
“Há muitos anos que me queria aventurar no romance e foi no sítio do universo onde mais gosto de estar que o escrevi. É o lugar onde encontrei o silêncio e a paz, sem carros a passar e com o telefone desligado, como se estivesse a viver no século XIX, tal como no livro”, explicou.
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Em declarações à agência Lusa, o autor de livros como “O Escândalo Político em Portugal”, “Prime Time is My Time – Crónicas sobre comunicação, jornalismo, política e cultura” e “Fake Time is not my Time”, destacou que o seu primeiro romance é inspirado no realismo mágico, uma corrente literária que procura o bizarro que há na vida real.
“É um livro que cria um universo imaginado, que nos remete para um clima da América do Sul, passado no século XIX e que procura fazer uma crítica social dos tempos contemporâneos. Expõe, sem rodeios, a crueza da vida, a bondade e a maldade, procurando mostrar que ninguém é bom ou mau a vida toda, o que torna as personagens muito próximas daquilo que nós somos”, apontou.
Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de Coimbra e antigo jornalista, transportou para o seu livro as ‘fake news’, representadas por um jornal de boatos, escrito à mão com uma tinta que é de sumo de limão e que só consegue ser lida ao aproximar-se de calor.
“Mostra como existe um gáudio da sociedade por aqueles boatos, pelo bizarro. Mostra como um boato pode mudar a vida toda de um sítio, como molda a perceção dos habitantes de Oram sobre a realidade”, acrescentou.
Também os vícios da política, que “rastejaram até aos dias de hoje”, com “acomodações e apropriações de poder”, estão vertidos no romance, que alude ainda ao crime, às mezinhas, às paixões e traições das relações.
“Faz uma crítica à justiça e mostra a perversidade da igreja e, ao mesmo tempo, a perspetiva do padre enquanto homem. A batina de padre representa as máscaras que, no fundo, cada um de nós tem para cada ocasião”, indicou.
Repleto de neologismos como ‘devagarar, desconfioso ou malandrismo’, este romance é “uma fuga à teoria metodológica literária”.
“Tem várias palavras inventadas. Este é o timbre que uso, de inventar palavras quando as que existem não servem para poder expressar-me da forma como quero”, sustentou.
“Os segredos de Juvenal Papisco”, romance de estreia de Bruno Paixão, vai ser apresentado no dia 26, no Convento de São Francisco, em Coimbra, cabendo a apresentação à antiga ministra da Saúde Marta Temida e a moderação ao jornalista da RTP Hugo Gilberto.
Esta obra foi a vencedora da segunda edição do Prémio Literário Luís Miguel Rocha, ao qual concorreu com um pseudónimo.
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