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Neandertais caçavam há 125.000 anos elefantes de presas retas

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 02-02-2023

Os elefantes de presas retas, já extintos, eram animais enormes, duas vezes maiores que os atuais elefantes africanos, mas há 125.000 anos, apesar do tamanho impressionante, os Neandertais caçavam esta espécie, revela um estudo divulgado esta quarta-feira.

Esta nova investigação lança uma nova luz sobre a compreensão destes homens pré-históricos, que caçavam estes elefantes de 13 toneladas e quatro metros de altura.

“Os Neandertais eram capazes de gerir enormes quantidades de comida”, não apenas a resultante da caça de cavalos, bovinos ou veados, adiantou à agência France-Presse (AFP) Wil Roebroeks, coautor deste estudo publicado na revista Science Advances.

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“Ou [eram capazes] de mantê-la por muito tempo — e isso já é algo que não sabíamos — ou simplesmente porque viviam em grupos muito maiores do que se pensava”, com mais bocas para alimentar, acrescentou.

Cortar uma presa com uma média de dez toneladas antes que a carne apodreça exigiria vários dias de trabalho para cerca de vinte homens, estimaram os investigadores.

Esta quantidade forneceria o suficiente para 25 pessoas comerem durante três meses, ou um mês no caso de 100 pessoas. Para preservar a carne, talvez a secassem em fogueiras.

À pergunta como é que os Neandertais conseguiam matar estes animais colossais, não há uma resposta certa, mas uma das hipóteses é que estes imobilizavam o animal em áreas lamacentas onde ficaram presos, ou em armadilhas escavadas, antes de os abater com lanças.

Durante muito tempo, os investigadores questionaram-se sobre a presença, em diversos sítios arqueológicos, de ossos de elefantes próximos a ferramentas de pedra: os Neandertais eram realmente capazes de caçá-los ou apenas se alimentavam de animais mortos por causas naturais?

A prova de caçarem os animais, como uma marca de impacto ou uma lança cravada num osso, nunca foi observada, o que não é surpreendente, dada a envergadura destes elefantes (Palaeoloxodon antiquus), cujos estudos genéticos têm sido associados aos atuais elefantes africanos.

Mas no local conhecido como Neumark-Nord 1, perto da atual cidade de Halle, na Alemanha, uma pista alertou os cientistas: os restos de cerca de 70 elefantes, o maior grupo conhecido, eram na grande maioria machos adultos. Esta falta de diversidade deve-se à seleção por caçadores, de acordo com o estudo.

Ao contrário das fêmeas, que viviam em manadas, os machos solitários devem ter sido mais fáceis de matar. Estes também representavam mais comida, devido ao seu tamanho maior.

Os investigadores analisaram então os ossos extremamente bem preservados de quase sessenta desses elefantes no microscópio, que demonstraram ter marcas claras de ferramentas em pedra utilizadas pelos Neandertais para cortá-los — golpes de alguns centímetros no máximo.

“Estas são as clássicas marcas de corte geradas ao cortar a carne e raspá-la dos ossos”, explicou Wil Roebroeks, professor de arqueologia da Universidade de Leiden, nos Países Baixos.

O ambiente onde esses Neandertais viviam e onde os animais foram encontrados, perto de um lago, pode ser propício para encurralá-los num solo lamacento, segundo o investigadores.

Segundo o estudo, a caça ao elefante foi praticada naquela zona pelos Neandertais por um período de pelo menos 2.000 anos, ou dezenas de gerações. Mas os Neandertais viveram na Terra durante muito tempo, cerca de 400.000 a 40.000 anos atrás, dizem os investigadores.

Na Europa, “na maior parte do tempo fez muito mais frio do que hoje”, ao contrário do período analisado em Neumark, explicou Wil Roebroeks.

Diante uma alimentação mais farta graças ao clima favorável, esta espécie humana conseguiu adotar então adotar um estilo de vida mais sedentário, em grupos maiores.

No entanto, a questão do número destes grupos permanece extremamente difícil de determinar com precisão.

De qualquer forma, o estudo demonstra, segundo Wil Roebroeks, que “o mundo dos Neandertais era muito diversificado” e que estes “não eram apenas escravos da natureza, ou seja, aqueles ‘hippies’ originais que viviam da terra”.

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