Política
Iniciativa Liberal questiona se evento não é “Jornada Mundial do Esbanjamento”
A Iniciativa Liberal de Lisboa questionou hoje se a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não será a “Jornada Mundial do Esbanjamento”, considerando os valores envolvidos na organização do evento, apesar de não colocar em causa a sua realização.
“As Jornadas Mundiais da Juventude ou as Jornadas Mundiais do Esbanjamento?”, questiona, em comunicado, a concelhia de Lisboa da Iniciativa Liberal (IL), para o qual “a falta de organização e planeamento está à vista de todos e por isso, agora, à última da hora, andam a correr e a fazer sucessivos ajustes diretos de vários milhões de euros”.
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“Além deste chorrilho de gastos, assiste-se a um passa-culpas entre os vários envolvidos no projeto”, pode ler-se na nota, em que os liberais recordam que o município gastará até 35 milhões de euros.
A IL refere que “não põe em causa a realização do evento” e lembra que, a bem da imagem da cidade, “é necessário garantir o sucesso deste evento, mas apela a que todos os envolvidos tenham a noção de que este evento se realiza em Portugal”.
“Um país na cauda da Europa especialista na arte do esbanjamento e isso magoa-nos a todos”, frisa.
Os liberais (que têm três deputados municipais em Lisboa) recordam que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu para que “se reveja o altar do Parque Eduardo VII, estimado em cerca de dois milhões de euros, e que se repense o palco do Parque Tejo, o tal que os ‘magoou a todos’”.
A concelhia de Lisboa da IL lembra também que o anúncio da escolha de Lisboa para receber a Jornada Mundial da Juventude foi feito em 27 de janeiro de 2019, mas só em novembro de 2022 é que o Governo e as câmaras de Lisboa e Loures assinaram um memorando de entendimento a clarificar as responsabilidades de cada um na organização do evento.
O presidente da Câmara de Lisboa admitiu na quinta-feira estar preocupado com os custos da JMJ, mas assegurou que não vai gastar mais do que os 35 milhões de euros que se comprometeu a investir.
“Quando cheguei [à Câmara de Lisboa], a minha preocupação foi limitar os custos. Fui eu que disse que a Câmara de Lisboa não ia gastar mais do que 35 milhões de euros”, disse Carlos Moedas (PSD).
Entretanto, também o bispo coordenador do evento revelou na quinta-feira que o orçamento da Igreja Católica para a JMJ ainda não está fechado, sendo divulgado nos próximos dias, e indicou um valor provisório superior a 80 milhões de euros.
“Oitenta milhões de euros é o valor que conseguimos ver no orçamento de 2023 nas nossas responsabilidades”, disse Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e coordenador geral do Comité Organizador Local (COL).
No caso de Loures, a estimativa de custos é de 10 milhões de euros e o Governo indicou que previa um investimento de 36,5 milhões.
Apesar de os municípios e o Governo terem anunciado há meses os valores previstos, os custos do evento têm suscitado polémica nos últimos dias, desde que foi conhecido que a construção do altar-palco no principal local do vento (Parque Tejo) ascenderá a 5,3 milhões de euros. A obra já foi adjudicada à Mota-Engil pela Câmara de Lisboa.
A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, o encontro vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, na zona norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
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