Portugal
Risco de usar bicicletas e trotinetes aumenta se não houver mais segurança
A maior utilização de bicicletas e trotinetes representa um risco se nada for feito em relação à segurança, considerou hoje a vice-presidente da Associação Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
“Se temos uma estratégia de mobilidade ativa que vai querer aumentar a cota de utilização, obviamente a exposição ao risco é muito maior. Se não fizermos nada, vamos ter muito mais mortes”, afirmou Ana Tomaz em declarações à Lusa, no final do seminário “Mobilidade Ativa: Futuro em Segurança”, realizado hoje em Lisboa.
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A preocupação surge relacionada com acidentes potenciados por uma falta de “equílibrio” entre os vários modos de transporte, considera Ana Tomaz, tendo já sido entregues recomendações da ANSR sobre esta matéria no âmbito da estratégia nacional “Visão Zero”.
Os feridos de acidentes envolvendo trotinetes, bicicletas e ‘skates’ transportados pelo INEM quase que triplicaram em quatro anos, totalizando 6.280, revelou hoje o presidente daquele instituto, embora tenha sido apontado por alguns oradores do seminário que os automóveis contribuem mais para o número total de acidentes.
“A segurança rodoviária deve estar no coração da mobilidade sustentável”, afirmou, sugerindo reduzir a velocidade máxima de automóveis para 30 quilómetros/hora e “alterar o desenho urbano” em vias onde circulem vários meios de transporte.
Após discursar no fecho do seminário promovido pelo Ministério da Administração Interna e pela ANSR, a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, afirmou à Lusa que “tem de haver espaço para todos” os transportes, mas que “hoje temos de dar mais espaços para estas [novas] mobilidades”.
“Um dos pontos que me pareceu não ser consensual é a questão do [uso obrigatório de] capacete e isso poderia levar a uma nova intervenção no Código da Estrada”, explicou ainda, mas Patrícia Gaspar defende que as ações de “regulação e intervenção” passam mais pelo nível local do que por uma “alteração legislativa”.
O secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, também considerou necessário regular as trotinetes, lembrando que “os mesmos problemas de que nos queixamos em relação às trotinetes existem nos automóveis”, e que, “se for preciso incomodar um bocadinho os automóveis, que tenhamos a coragem de o fazer” para tornar possível a coexistência.
Entre as intervenções do seminário, Paula Teles, sublinhou ser preciso “inverter a pirâmide” da mobilidade, em que a circulação pedonal passaria a ocupar o topo, seguida pelo uso de bicicletas e trotinetes e dos transportes públicos.
Já Ricardo Fonseca, gestor jurídico na ANSR, afirmou que o carro não é hoje um “sinal de liberdade”, devido ao trânsito, por exemplo, sugerindo estudar as barreiras criadas “sem estigmatizar nenhum utilizador do espaço público”.
Relativamente às ciclovias de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa tem uma auditoria programada à rede, sendo que a diretora de Mobilidade e Transportes do município, Ana Raimundo, referiu que esta deverá estar pronta até fevereiro, com eventuais intervenções a realizarem-se até julho.
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