Coimbra
Desaparecimento do areal na Praia do Rebolim pode transformar-se “num problema crónico” (com vídeo)
As cheias deste inverno levaram já ao desaparecimento de muita da areia colocada pelo município de Coimbra, antes da última época balnear, na Praia do Rebolim.
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A chuva que caiu nestes últimos dias levou novamente à subida das águas nesta praia, encontrando-se todo o areal inundado. Romeu Geraldo, engenheiro do Ambiente, teme que, quando o nível das águas começarem a descer, a situação se agrave e alerta para a possibilidade de este se poder transformar “num problema crónico”.
“Estamos a ter a repetição do episódio de alguns dias atrás, com a inundação da praia, o que se está a traduzir automaticamente no desaparecimento do areal no Rebolim”, explicou, esta segunda-feira, ao Notícias de Coimbra, considerando que, do ponto de vista ambiental, esta pode ser considerada “uma catástrofe ambiental, uma vez que o ecossistema que existia relativamente à praia desapareceu e vai desaparecer com o acumular destas águas”.
Para além do problema ambiental, há que ter em conta também a questão financeira, já que, a repetir-se a cada inverno, esta situação obriga a que as areias sejam continuamente repostas nesta praia a tempo de cada época balnear. Romeu Geraldo recordou o grande investimento feito no desassoreamento do rio Mondego, que ultrapassou os 4 milhões de euros, e sublinhou que o alerta que faz agora surge precisamente com a finalidade de “evitar este tipo de problema”, sendo certo que “as entidades competentes, nomeadamente a Câmara de Coimbra e a Associação Portuguesa do Ambiente estarão atentas à sua resolução”.
Admitiu que não é um problema fácil de resolver, sendo mesmo “extremamente sensível e complicado” do ponto de vista da engenharia. Apontou, contudo, algumas possibilidades, que poderiam passar, por exemplo, pela “diminuição do próprio areal”, de modo a, numa situação de cheia, ser menor a possibilidade de “contribuir de forma negativa para o assoreamento do rio Mondego” e a evitar “gastos para os conimbricenses”.
A “elevação da cota da praia” poderá ser outra das soluções. “Temos praias mais a montante que estão a cotas superiores e que, mesmo com invernos rigorosos, não desaparecem completamente. No caso do Rebolim, em poucos dias voltámos a ter uma inundação e, certamente, quando as águas recuarem vamos voltar a ver o desaparecimento deste areal”, frisou.
Qualquer solução acarretará sempre custos elevados e pode não resolver completamente o problema. Romeu Geraldo defende, todavia, que deve ser feito “um investimento sério” por parte das entidades locais já que, se assim não for, “todos os anos vamos contribuir aos poucos para o assoreamento do rio Mondego”.
O arrastamento das areias agrava, no seu entender, a situação do Mondego, mais perto da cidade de Coimbra. Lembrou que no verão passado se sentiu bem “a subida da cota do leito do rio”, tendo mesmo o barco Basófias ficado encalhado, mas considera que o aparecimento de “uma espécie chamada Elódea” (planta aquática) é ainda “mais alarmante”. “Está a começar a atacar nomeadamente na margem esquerda do rio e, a partir do momento em que temos uma zona com aumento de areias, começa-se a fixar o que poderá levar a uma situação extremamente grave de assoreamento do Mondego”, alertou.
Para Romeu Geraldo, a Praia Fluvial do Rebolim é uma mais valia para Coimbra, um espaço de lazer que se tem vindo a afirmar na cidade. As pessoas gostam especialmente, como reforçou, da “vasta área de areal”, que permite que estejam “à vontade”.
“Queremos que haja uma praia fluvial mas corremos o risco de todos os anos a estarmos a recarregar com areias que o inverno levou. E este é um inverno normal. O problema pode tornar-se crónico, daí o alerta para que sejam tomadas medidas de modo a que, a médio e longo prazo, não tenhamos consequências não só para o próprio ecossistema mas também do ponto de vista económico”, sublinhou.
Recorde-se que a Praia do Rebolim foi distinguida com a Bandeira Azul em 2021 e 2022, galardão que comprova a sua qualidade ambiental.
Veja o vídeo do direto NDC:
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