Coimbra

Desaparecimento do areal na Praia do Rebolim pode transformar-se “num problema crónico” (com vídeo)

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 02-01-2023

As cheias deste inverno levaram já ao desaparecimento de muita da areia colocada pelo município de Coimbra, antes da última época balnear, na Praia do Rebolim.

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A chuva que caiu nestes últimos dias levou novamente à subida das águas nesta praia, encontrando-se todo o areal inundado. Romeu Geraldo, engenheiro do Ambiente, teme que, quando o nível das águas começarem a descer, a situação se agrave e alerta para a possibilidade de este se poder transformar “num problema crónico”.

“Estamos a ter a repetição do episódio de alguns dias atrás, com a inundação da praia, o que se está a traduzir automaticamente no desaparecimento do areal no Rebolim”, explicou, esta segunda-feira, ao Notícias de Coimbra, considerando que, do ponto de vista ambiental, esta pode ser considerada “uma catástrofe ambiental, uma vez que o ecossistema que existia relativamente à praia desapareceu e vai desaparecer com o acumular destas águas”.

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Para além do problema ambiental, há que ter em conta também a questão financeira, já que, a repetir-se a cada inverno, esta situação obriga a que as areias sejam continuamente repostas nesta praia a tempo de cada época balnear. Romeu Geraldo recordou o grande investimento feito no desassoreamento do rio Mondego, que ultrapassou os 4 milhões de euros, e sublinhou que o alerta que faz agora surge precisamente com a finalidade de “evitar este tipo de problema”, sendo certo que “as entidades competentes, nomeadamente a Câmara de Coimbra e a Associação Portuguesa do Ambiente estarão atentas à sua resolução”.

Admitiu que não é um problema fácil de resolver, sendo mesmo “extremamente sensível e complicado” do ponto de vista da engenharia. Apontou, contudo, algumas possibilidades, que poderiam passar, por exemplo, pela “diminuição do próprio areal”, de modo a, numa situação de cheia, ser menor a possibilidade de “contribuir de forma negativa para o assoreamento do rio Mondego” e a evitar “gastos para os conimbricenses”.

A “elevação da cota da praia” poderá ser outra das soluções. “Temos praias mais a montante que estão a cotas superiores e que, mesmo com invernos rigorosos, não desaparecem completamente. No caso do Rebolim, em poucos dias voltámos a ter uma inundação e, certamente, quando as águas recuarem vamos voltar a ver o desaparecimento deste areal”, frisou.

Qualquer solução acarretará sempre custos elevados e pode não resolver completamente o problema. Romeu Geraldo defende, todavia, que deve ser feito “um investimento sério” por parte das entidades locais já que, se assim não for, “todos os anos vamos contribuir aos poucos para o assoreamento do rio Mondego”.

O arrastamento das areias agrava, no seu entender, a situação do Mondego, mais perto da cidade de Coimbra. Lembrou que no verão passado se sentiu bem “a subida da cota do leito do rio”, tendo mesmo o barco Basófias ficado encalhado, mas considera que o aparecimento de “uma espécie chamada Elódea” (planta aquática) é ainda “mais alarmante”. “Está a começar a atacar nomeadamente na margem esquerda do rio e, a partir do momento em que temos uma zona com aumento de areias, começa-se a fixar o que poderá levar a uma situação extremamente grave de assoreamento do Mondego”, alertou.

Para Romeu Geraldo, a Praia Fluvial do Rebolim é uma mais valia para Coimbra, um espaço de lazer que se tem vindo a afirmar na cidade. As pessoas gostam especialmente, como reforçou, da “vasta área de areal”, que permite que estejam “à vontade”.

“Queremos que haja uma praia fluvial mas corremos o risco de todos os anos a estarmos a recarregar com areias que o inverno levou. E este é um inverno normal. O problema pode tornar-se crónico, daí o alerta para que sejam tomadas medidas de modo a que, a médio e longo prazo, não tenhamos consequências não só para o próprio ecossistema mas também do ponto de vista económico”, sublinhou.

Recorde-se que a Praia do Rebolim foi distinguida com a Bandeira Azul em 2021 e 2022, galardão que comprova a sua qualidade ambiental.

Veja o vídeo do direto NDC:

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