Política
Óbito de Linda de Suza: Marcelo Rebelo de Sousa evoca “ícone de Portugal” e “exemplo de determinação”
O Presidente da República evocou a cantora Linda de Suza, que morreu hoje aos 74 anos, como “exemplo de determinação” e “um ícone francês da imigração portuguesa e, portanto, um ícone de Portugal”.
Linda de Suza, que emigrou em 1970 para França, onde fez carreira na música, morreu hoje, aos 74 anos, vítima de covid-19.
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Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado refere que “Teolinda de Sousa Lança, que ficou conhecida artisticamente como Linda de Suza, foi uma figura a vários títulos emblemática”.
“Fica na nossa memória como exemplo de determinação e de fidelidade. Foi um ícone francês da imigração portuguesa e, portanto, um ícone de Portugal. A seu filho e netos apresento as minhas sentidas condolências”, acrescenta Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesta mensagem de pesar, realça-se que Linda de Suza acompanhou “uma das maiores vagas migratórias portuguesas”, ao emigrar para França em 1970, onde “procurou melhor sorte”.
Chegou a França “já mãe” e lá se tornaria “a portuguesa” por excelência, “dado o seu sucesso como cantora a partir do final da década de 70, que lhe proporcionou discos de ouro e platina e concertos no Olympia”, em Paris.
Linda de Suza manteve “sempre explícitas, nos muitos álbuns e singles que gravou, as referências ao seu país de origem e à sua odisseia pessoal”, simbolizadas na expressão “mala de cartão”, acrescenta-se na nota.
Nascida em 1948 em Beringel, no concelho de Beja, Linda de Suza estreou-se como cantora no restaurante Chez Loisette, em Saint-Ouen, a cerca de 6,5 quilómetros a norte de Paris, onde foi descoberta pelo compositor André Pascal (1932-2001) que a apresentou, posteriormente, ao compositor Alex Alstone (1903-1982).
A etapa seguinte foi a apresentação na televisão, no programa “Rendez-Vous du Dimanche”, de Michel Drucker, onde interpretou a canção “Un Portugais” (Vine Buggy/Alex Alstone), cujas vendas do ‘single’ atingiram o Disco de Platina em França em 1979.
A cantora assinara, entretanto, contrato com a discográfica Carrere, depois de recusada pela Barclay, e estava lançado o mote da sua carreira com “Um Português (Mala de Cartão)”, no qual cantou os lamentos da saudade de quem deixou o país, seguindo-se o ‘single’ “Uma moça chorava”.
Linda de Suza tornou-se a cantora da comunidade emigrante portuguesa, cantando as suas dificuldades e saudades, em temas como “J’ai deux pays pour un seul coeur” ou “La Symphonie du Portugal”. No seu repertório incluiu temas do cancioneiro popular como “Lírio Roxo” e “Malhão, Malhão”, e gravou “Coimbra/Avril au Portugal”.
A cantora atuou em Portugal em 1979 e continuou a bater recordes de vendas na década de 1980, publicando o álbum “Amália/Lisboa” e ‘singles’ como “Canta Português”, “L’Etrangère” ou “Comme Vous”.
A sua história foi adaptada à televisão numa minissérie intitulada “Mala de Cartão” (1988), protagonizada por Irene Papas (1919-2021).
Linda de Suza passou por contratempos pessoais que tiveram eco na imprensa: em 2010, tornou públicas as suas dificuldades financeiras e acusou o companheiro de lhe roubar a identidade; na época, afirmou que vivia com cerca de 400 euros mensais. Contudo, voltou aos palcos e, entre 2014 e 2017, realizou várias digressões.
Em 2020, apresentou um novo projeto, “Postais de Portugal”, com o qual preparava nova digressão que a pandemia de covid-19 obrigou a cancelar.
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