Coimbra

Presidente da Câmara usa voto de qualidade para conseguir recontratar a agência que lhe prestou serviços na campanha

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 13-04-2015

| NDC DIRECTO CMC |

A autarquia de Coimbra renovou o contrato com agência de comunicação que fez a campanha autárquica de Manuel Machado.

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O primeiro a opinar é vereador Paulo Leitão. Exige fundamentação da proposta elaborada pelo adjunto Aníbal Rodrigues e repara que há duplicação dos serviços contratados.

Francisco Queirós recorda que há um adjunto do Presidente que tem as funções que vão ser compradas. Tem alguma dificuldade em admitir que a Câmara ande a comprar o que tem.  Também exige fundamentação. Lembra que há uma empresa contratada para esse serviço , mas não sabe o que fez durante o último ano. “À mulher de César não basta parecer”,recorda o vereador da CDU. Pois há. É a Valor de Fundo, mas o contrato está a terminar. Manuel Machado quer renovar o compromisso com as pessoas que conheceu durante a campanha eleitoral.

Ferreira da Silva quer saber o balanço do ano de actividade da Valor de Fundo. Não há nenhuma função das que não vão ser contratadas que não possam ser feitas por funcionários do município, garante o representante do CPC.Também recorda que o adjunto Aníbal Rodrigues foi contratado para estes serviços. “Estamos a falar de comunicação ou de propaganda?”…

Manuel Machado tenta justificar o injustificável. Acena com os fantasmas do passado do PSD com Cunha Vaz. “Um adjunto é um adjunto, um consultor de comunicação é coisa completamente distinta”, acrescenta Manuel Machado. E, logo de seguida, num momento que faria corar qualquer jornalistas,afirma que a Lusa é uma agência de comunicação! É de informação, senhor Presidente. Está enganado. Informação é uma coisa, comunicação é outra. Machado continua embalado e passa um atestado de incompetência à dezena de licenciados em comunicação e jornalismo que são funcionários do munícipio, garantido que esses quadros não têm capacitação.

Carina Gomes “está de acordo com o que disse o senhor presidente”. Carlos Cidade diz que ” aqui não há gato escondido com o rabo de fora”. Enfim…

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A informação municipal não refere qual a empresa a contratar. Prática comum por estes dias na 8 de Maio. A custo, Manuel Machado adianta o que NDC revelou em primeira mão. É a “Valor de Fundo, de Luís Miguel Viana”. Não disse, mas como NDC tem afirmado, é a empresa que fez a sua campanha eleitoral. E também é de José Diogo, que ao serviço de Pina Prata, ajudou Machado a não cumprir 4 mandatos consecutivos. Anos 90. Século passado.

Entretanto, apesar do Presidente estar a presidir à reunião, a Vice-Presidente Rosa Reis Marques propõe insistentemente que este ponto seja votado de imediato. Não é. Manuel Machado informa a camarada que é melhor esperar por mais uns papeis.

PassAmos ao ponto seguinte…

Manuel Machado e Francisco Queirós saem da sala. Não sabemos se foram conversar, mas regressam passado um bom quarto de hora académico.

Não se fala mais no assunto entre as 18 e as 20:30. Nesta hora, o Presidente da CMC resolve sugerir a interrupção dos trabalhos ,aceitando votar ainda os assuntos mais urgentes, como refeições escolares e  autocarros municipais.

O assunto Valor de Fundo fica para uma próxima reunião extraordinária? Afinal, não fica! Pelos vistos é urgente!  Machado afirma que é urgente. Não diz a razão. Não pode ficar para a semana, pergunta Paulo Leitão. Não, tem que ser hoje, responde Manuel Machado muito sério. Vamos a votos.

APROVADO COM OS VOTOS A FAVOR DE PS. VOTOS CONTRA DE PSD E CDS. ABSTENÇÃO DA CDU. Está explicado o intervalo! A coligação Vodka-Rosa funcionou? O resultado está à vista: 5 -5…0.

Recordamos que após a vitória do socialista, apesar da CMC ter mais de uma dezena de funcionários com competências na área da comunicação que podem assegurar serviços idênticos aos que presta a  Valor de Fundo, a empresa de  Viana e Diogo, que tem sede em Lisboa,  foi contratada pela Câmara Municipal de Coimbra para a “Prestação de serviços de consultadoria de comunicação” em de 24 de abril de 2014, contrato que nos custa 44 000.00 Euros+IVA.

Apesar de Manuel Machado saber que José Diogo está referenciado em diversos processos e que Luís Miguel Viana chegou a ser acusado pelo jornalista José Manuel Fernandes de ter sido o homem de mão de José Sócrates na direcção de informação da agência de informação Lusa, o que acaba por denegrir a imagem do Município de Coimbra,  insiste na renovação  da “choruda” avença de mais de 40 000.oo Euros com a Valor de Fundo.

A proposta volta a ser subscrita por Aníbal Rodrigues, adjunto de Manuel Machado (indicado para esse cargo por Luís Miguel Viana, seu ex-colega no jornal Público), apesar da informação ser omissa em relação à entidade a contratar, prática que começa a ser habitual nas informações dos serviços municipais, Notícias de Coimbra confirmou a renovação junto de pessoas do in circle do edil de Coimbra.

Recordamos que José Augusto Ferreira da Silva, vereador do movimento Cidadãos por Coimbra,questionou por diversas vezes a contratação por ajuste directo da Valor de Fundo,  que tem salientado que não exsitem relatórios que comprovem o trabalho desenvolvido pela agência de comunicação. “Temos o direito de saber o que é que essa gente anda a fazer”. “Eu estava convencido que isto não era tão mau como se dizia. Hoje, infelizmente, tenho ideia que isto é pior do que eu imaginava que fosse”, lamentou o eleito local, que para este e outros ajustes directos ligados a figura do PS,  chegou a insinuar que o Ministério Público devia investigar o que se passa.

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Como NDC informou em primeira mão, o Ministério Público acaba de reabrir o inquérito Nº 130/10.0TAMNC que em que é arguida Júlia Paula Costa, ex-presidente da Câmara Municipal de Caminha, onde a insolvente Agenda Setting e o seu sócio-gerente José Diogo, são citados no âmbito de um processo de pagamentos e contratações suspeitos.

A  defesa da recorrente Ângela Pereira,”ultrapassada” por uma suposta colaboradora da Agenda Setting  e da campanha da eleitoral da autarca num concurso para a admissão de um  técnico superior de comunicação promovido pela Câmara Municipal de Caminha,  alega que  o procedimento concursal tem  contornos semelhantes com  aquele em Paulo Júlio, ex-presidente da Câmara de Penela foi condenado, pelo que não se conformou com o arquivamento.

Usando a figura do recurso hierárquico junto da Procuradoria Geral da República, a  bem fundamentada exposição da recorrente pede, entre outros, que a autarca que governou Caminha durante 12 anos seja acusada do Crime de Abuso de Poderes, do Crime de Prevaricação e pelo Crime de Denegação de Justiça.

A vontade  de Ângela para que a acusação prossiga foi, em parte,  bem acolhida por José Oliveira Fonseca,  Magistrado Coordenador da Comarca de Viana do Castelo, que decidiu revogar o despacho de arquivamento e prosseguir com as acusação contra Júlia Paula Costa e outros.

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Para além de sócio da Agenda Setting, José Diogo divide com Luís Miguel Viana o capital social desta Valor de Fundo, consultora que fez a campanha eleitoral do então candidato Manuel Machado por 1 500.00 Euros por mês, tendo  facturado  um total 7 500. oo Euros ao “PS –  Autárquicas 2013 – Coimbra”, montante que diz respeito à “prestação de serviços de assessoria de comunicação” durante 5 meses.

Voltemos a Caminha, onde  Notícias de Coimbra teve acesso a documentos que revelam a apreensão de “extractos  correntes, ordens de pagamento e dados de suporte” pela Polícia Judiciária, devido a suspeitas que a empresa tenha estado envolvida  na campanha eleitoral de 2009 da recandidata Júlia Paula Costa, que antes e depois de eleita formalizou vários contratos,  em nome da CMC, com a empresa com sede em Coimbra.

Na altura, a ex-presidente da Câmara Municipal de Caminha, que liderou durante 12 anos, preferiu remeter-se ao silêncio, não tendo prestado declarações à justiça.

Quando inquirido,  José Diogo negou que a sua empresa tenha estado envolvida na campanha de 2009, tendo acrescentado que os elevados honorários (87 490.00 Euros) cobrados à autarquia de Caminha se devem ao fato da sua empresa ter sede em Lisboa, o que não corresponde à verdade, pois como NDC apurou junto da Conservatório do Registo Comercial de Coimbra, a Agenda Setting esteve sempre sediada no nosso concelho, tendo apenas escritório na capital, um deles é onde agora se situa a sede da Valor de Fundo.

Este “lapso” da justiça é agora recordado pela defesa da denunciante, que pretende  ”Inquirir novamente José Manuel Diogo, responsável pela empresa Agenda Setting, já ouvido no processo, sobre qual a relação de Ana Lourenço com a sua empresa e porque razão declarou à Polícia Judiciária que os elevados honorários (87.490,00 Euros) cobrados à autarquia de Caminha se deviam ao facto da sua empresa ter sede em Lisboa, quando isso não corresponde à verdade. De facto, a Agenda Setting, agora insolvente, esteve sempre sediada em Coimbra, na Ribeira de Eiras, Armazém N 5-Eiras 3020- 324″.

O requerimento da advogada Andreia Matos pede ainda à justiça para “averiguar de que maneira Ana Lourenço passou da Câmara do Marco de Canaveses, onde foi colocada pela empresa Agenda Setting, que prestava serviços à Câmara de Caminha, para a assessoria da campanha eleitoral de Júlia Paula Costa”.

A recorrente pretende ainda que seja “averiguado se Ana Lourenço e/ou a Câmara de Caminha tiveram alguma relação de negócios ou prestações de serviços com as empresas directamente ligadas à Agenda Setting, quer por participações no capital quer por coincidência de gerentes, nomeadamente: – José Diogo, Miguel Nuno & Rui Fonseca Lda; – José Diogo & Miguel Santos Lda; – Pragmino Lda; – José Manuel Diogo Unipessoal Lda; – Loja das Notícias Lda; – BSCSG Lda; – Informacion Capital Lda; – Visual Virtual Lda; – Valor de Fundo Lda”.

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Mas se em Caminha José Diogo não assumiu que a sua a Agenda Setting esteve envolvida em campanhas eleitorais e  que depois da vitória dos seus candidatos foi contratada para as instituições que estes passaram a dirigir, a Valor de Fundo declarou em tribunal (no âmbito de um processo em que contesta notícias publicadas por nós) que foi convidada por Manuel Machado para “prestar os seus serviços à Câmara Municipal de Coimbra” graças ao “bom trabalho desenvolvido na campanha do actual presidente”.

Contactados por NDC, outros consultores na área da “comunicação política” são unânimes em considerar que o valor pago pelo PS em relação à campanha de Manuel Machado é anormalmente baixo para a prestação deste tipo de serviço num grande concelho como o de Coimbra, o mesmo não é entendido em relação ao ajuste directo promovido pela CMC, cujo valor é equiparado ao que cobram as grandes agências de Lisboa, mas não sejam porque o eventual trabalho realizado não tem sido visível, pois o mediatização do líder da autarquia de Coimbra está garantido enquanto for Presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, que é assessorada pela consutora F5C.

O mesmo modus operandi foi usado nas campanhas de José Manuel Silva, que depois os contratou para a Ordem dos Médicos,  entidade que nos confirmou a existência de contratos destes tipo com a Agenda Setting e com a Valor de Fundo.

Como NDC divulgou em primeira mão, a Agenda Setting recebeu mais de 80 000.oo Euros de fundos comunitários com vista à sua internacionalização, projecto que  nunca concluiu, notícia que levou a AICEP a agir e a pedir a devolução imediata dos valores recebidos pela empresa de Diogo.

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José Manuel Vieira Fernandes Leitão Diogo ( também conhecido por José Diogo ou José-Manuel Diogo,  que se intitula especialista em Agências Secretas)  também chegou a ser acusado de um crime de co-autoria de burla por causa do envolvimento da agência de comunicação em negócios de “venda” de tractores, um esquema que envolvia a Federação dos Produtores Florestais de Portugal e o Fundo Florestal Permanente e tinha como pivot Ricardo Machado, tendo sido extinta a responsabilidade criminal relativa a todos os arguidos relativamente ao crime de burla qualificada pelo artigo 206.º, do Código Penal, que, entre outros, prevê o “perdão” quando a ”coisa furtada ou ilegitimamente apropriada for restituída”, o que implicou  que a restituição  de valores na ordem dos 500 000.oo Euros.

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