Educação
Diretores reconhecem que aulas podem ser pouco atrativas para os alunos
O representante dos diretores escolares reconhece que as aulas podem ser pouco atrativas para os alunos, em especial quando os professores estão focados em preparar os estudantes para os exames nacionais de acesso ao ensino superior.
O gosto pela escola diminuiu entre os alunos do 6.º, 8.º e 10.º anos, que consideram que a matéria dada nas aulas é demasiada, aborrecida e difícil, segundo o estudo “Health Behaviour in School-aged Children (HBSC/OMS) 2022” hoje divulgado.
Os resultados do estudo não surpreendem o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP): “Não sentimos que haja muita novidade neste estudo, tendo em conta aquilo que ouvimos e sentimos dos nossos alunos”, disse Filinto Lima em declarações à Lusa.
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“Há certas matérias que são extensas e nós também o achamos”, acrescentou, lembrando que as escolas têm atualmente alguma autonomia através do projeto de autonomia e flexibilidade curricular, mas ainda estão sob a pressão do acesso ao ensino superior que faz com que alguns professores estejam focados em preparar os seus alunos para os exames nacionais.
O estudo revela que o stress das avaliações aumentou, passando de 77% em 2018 para 83,1%, com mais de metade dos alunos (58,4%) a sentirem-se também pressionados pelos próprios pais para ter boas notas.
Filinto Lima lamenta o foco na preparação para “um exame de hora e meia”, quando se deveria estar a “preparar os jovens para a vida”, mas diz-se esperançado com as palavras da ministra do ensino superior, Elvira Fortunato, que recentemente prometeu rever o modelo de acesso ao ensino superior.
Quase um em cada três jovens (30,3%) não gosta da escola, segundo o estudo coordenado por Tânia Gaspar. Para a investigadora é preciso que a escola se “atualize e consiga acompanhar os jovens no seu modo de contacto com o conhecimento”.
Filinto Lima acredita que o modelo de trabalho na escola está a mudar, lembrando que os telemóveis e os computadores passaram de “intrusos” a “convidados”.
“Os professores agora já dizem aos alunos para usarem os telemóveis e os computadores para fazerem pesquisas e trabalhos”, lembrou o também diretor de um agrupamento de escolas de Vila Nova de Gaia.
O estudo, feito em colaboração com a Organização Mundial de Saúde, indica ainda que aumentou a pressão com os trabalhos de casa, que passou de 13,7% em 2018 para 22,4% em 2022.
Sobre este ponto, Filinto Lima alerta para a desigualdade entre os alunos que têm apoio – através de ajuda em casa ou de explicações – e os que têm de fazer os TPC sozinhos.
Mas o que os alunos menos gostam na escola é da comida dos refeitórios, revela o estudo.
Para o presidente da ANDAEP esta situação poderá explicar-se pelo facto de “nas cantinas ser servida comida saudável, quando lá fora eles podem comer o que querem, como pizas ou hamburgers”.
Apesar das criticas, sublinha Tânia Gaspar, “a escola continua a ser um local de segurança e de proteção”. Uma posição corroborada por Filinto Lima que lembra “a alegria dos alunos quando regressaram à escola” depois dos confinamentos forçados pela pandemia de covid-19.
O estudo hoje divulgado integrou cerca de seis mil questionários, em 40 agrupamentos de escolas do ensino regular (Portugal continental), num total de 452 turmas.
Este trabalho pretendeu estudar os estilos de vida dos adolescentes em idade escolar nos seus contextos de vida, em áreas como o apoio familiar, escola, saúde física, saúde mental e bem-estar, sono, sexualidade, alimentação, atividade física, lazer, consumo de substâncias, violência e saúde planetária.
Em Portugal, o primeiro destes estudos foi aplicado em 1998 e o último tinha sido em 2018.
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