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Guitarrista Victor Torpedo de Coimbra vai lançar um álbum por mês em 2023

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 13-12-2022

O músico Victor Torpedo, que foi guitarrista dos Tédio Boys e dos The Parkinsons, vai lançar em 2023 um álbum por mês pela conimbricense Lux Records, uma “maluqueira” alimentada pelo seu ímpeto natural para criar.

Às vezes, Victor Torpedo até evita pegar na guitarra ou olhar para as colunas do estúdio que tem montado em casa, em Coimbra, porque começa “a ficar maluquinho, com vontade de fazer qualquer coisa”.

É esse ímpeto e urgência – com os The Parkinsons chegava a “desatinar” por haver pausa de almoço quando se gravava em estúdio – que alimentaram os 12 álbuns, com uma média de 15 faixas cada, que vai lançar em 2023, a maioria criadas de 2019 para cá e gravadas no seu estúdio caseiro.

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“Eu já tinha falado ao Rui Ferreira [responsável da editora Lux Records] por alto desta maluqueira e eu pensava que ele ‘ia-me mandar à fava’. Disse-lhe: ‘Rui, tenho estes discos que tenho que pôr cá fora, se não dou em doido’ e ele disse: ‘Está bem’”, contou à agência Lusa Victor Torpedo.

Os álbuns serão lançados sempre no dia 21 de cada mês (com exceção de abril, em que sai a 07, dia do aniversário do músico), com uma edição de 200 CD cada (100 para venda imediata e 100 para uma caixa especial com todos os discos no final de 2023), explicou Rui Ferreira.

No final do ano, sai também um vinil com uma canção de cada disco, referiu, salientando que esta ‘aventura’ acaba por ter “um risco calculado”, sendo um artista cujas edições rapidamente esgotam e que não implica um grande investimento indireto, já que Torpedo, seguidor da filosofia DIY (“Do it yourself”, faz tu próprio, em português), acaba por fazer as capas, a gravação e até os ‘videoclips’.

Para Victor Torpedo, o processo criativo acaba por surgir a partir de coisas que ouve, de erros ou de melodias que surgem e que rapidamente tenta gravar, atormentado pelo músico que era há 20 ou 30 anos e que “perdeu muita coisa, muita música”, por não ter um telemóvel ou qualquer dispositivo onde gravar músicas que tinha acabado de criar.

“Essa coisa atormenta-me. Chateia-me as músicas que não fiz e que perdi. Mas antigamente ainda me lembrava de melodias, hoje em dia não. Para não ter esse problema, gravo logo. Se não posso gravar, até evito tocar”, conta o guitarrista que gastou pouco mais do que uma manhã para compôr e fazer as letras de cada álbum dos The Parkinsons.

Para estes 12 álbuns que lança em 2023, o guitarrista tem trabalho sobretudo a partir do erro e de “bateristas horríveis” que encontra no Youtube.

“Toda a porcaria que está na Internet eu pego, gravo por cima de um tutorial de bateria, uso só bateristas maus, de tutoriais de jazz a baterias tribais, músicos da Malásia…”, conta Victor Torpedo, que tem sempre a guitarra como elemento principal de criação, não fosse o instrumento uma espécie de extensão do seu corpo – “não há dia em que não toque na guitarra, nem que seja três minutos a ver o jornal da manhã e a mexer os dedos”.

Segundo Victor Torpedo, é no erro que encontra o combustível e o potencial para criar.

O primeiro álbum, intitulado “Junk DNA + Strip Jazz Greats”, é uma espécie de dois discos em um, explicou.

Uma parte do álbum é um disco “pós-punk”, menos limado e “mais cru”, que aponta para a fase que Victor Torpedo está a viver como músico, contando ainda com duas “músicas de jazz à Torpedo” – duas canções com nomes de mulheres (“Jasmine” e “Cinderella”), como se o músico estivesse a fazer “jazz para um ambiente de ‘stiptease’”.

Já em fevereiro, será lançado o álbum “Cut Ups”, um disco dedicado a David Bowie e influenciado pela fase daquele músico britânico passada em Berlim, nos anos de 1970.

Durante os 12 meses, haverá música que toca em vários géneros, desde um álbum de uma faixa só de ‘ambient’, inspirado em Brian Eno e nas composições de Holst, passando pelo ‘dub’ e ‘reggae’, ‘new wave’, ‘punk pop’ ou ‘power pop’.

“Fui gravando sem saber o que fazer com os proto-álbuns. Sabia apenas que cada um era um álbum, mas não sabia era quando os ia pôr cá para fora”, conta.

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