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Cientistas da Universidade de Coimbra integram projeto europeu para monitorizar polinizadores
Um projeto europeu destinado a monitorizar os insetos polinizadores já permitiu descobrir várias espécies com interesse em Portugal, revelou hoje uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) que coordena a investigação a nível nacional.
“Um ano de amostragens de polinizadores em Portugal, realizadas no âmbito do projeto internacional Spring, permitiu descobrir várias espécies de interesse e com distribuição limitada, e reforçar a necessidade urgente de implementação de uma metodologia de amostragem universal para monitorizar estes insetos, essenciais, por exemplo, para a produção de alimentos”, informou a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
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No comunicado enviado à agência Lusa, a investigadora da FCTUC Sílvia Castro realçou a importância da participação no projeto, o que, “além de contribuir com perspetivas diversas de implementação da metodologia, estimulará a formação de jovens entomólogos [biólogos que estudam os insetos], tão necessários em Portugal”.
Concluído o primeiro ano de amostragens, os trabalhos de campo serão retomados em março de 2023, decorrendo nos próximos meses várias ações de formação e a identificação das amostras recolhidas em 2022.
“Além do processo de preservação e estudo das amostras, os participantes terão oportunidade de aprender a distinguir espécies de abelhas e de moscas-das-flores”, referiu a FCTUC.
Liderado por alemães do Helmholtz Centre for Environmental Research, o projeto lança as bases para um plano europeu de monitorização de polinizadores, ao “reforçar a capacidade de identificação taxonómica de insetos polinizadores dos Estados-Membros” da União Europeia.
Em Portugal, a monitorização é realizada em cinco locais no continente e um da Região Autónoma dos Açores.
Este projeto-piloto “permite testar as metodologias básicas de monitorização de abelhas selvagens, borboletas e moscas-das-flores, usando transectos [faixas de terreno] padronizados, percorridos por cientistas e voluntários, e armadilhas coloridas”, designadas ‘pan-traps’.
Em Portugal, além do Centro de Ecologia Funcional da UC, participam no Spring o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a Associação Biopolis – CIBIO, o Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa, o município de Oeiras e a Universidade dos Açores.
Sónia Ferreira, da Biopolis – CIBIO, afirmou que “existem efetivamente ainda algumas espécies por descrever, em Portugal, e um número muito elevado de espécies sobre as quais se sabe muito pouco relativamente à sua biologia e ecologia”.
Como exemplos de “espécies com interesse” já colhidas nas ‘pan-traps’, Albano Soares, do Tagis, referiu a ‘andrena foeniculae’, explicando que se trata de “um endemismo ibérico descrito pela primeira vez em 2020, ainda com poucos registos em Portugal e Espanha, e que já foi detetada durante os transectos”.
“A espécie de abelha ‘lasioglossum buccale’ contava apenas com três registos até à data em Portugal, [mas] esta monitorização já permitiu detetá-la em novas localidades”, salientou o entomólogo.
Para Conceição Conde, da Divisão de Vigilância Preventiva e Fiscalização do Alentejo do ICNF, que está a testar a metodologia no Parque Natural da Serra de São Mamede, com apoio do Tagis, “a importância dos insetos polinizadores e o desejo de os conhecer melhor são uma enorme motivação” neste trabalho.
Nos Açores, a monitorização “permitiu analisar comunidades de polinizadores pouco diversas, mas com vários endemismos, sendo este o único local de todo o projeto Spring representativo dos ecossistemas insulares”, enfatizou, por sua vez, Mário Boieiro, do Grupo de Biodiversidade dos Açores.
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