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Famílias de menor rendimento foram beneficiadas pela criação de emprego e aumento do salário mínimo
As famílias de menor rendimento e riqueza foram as mais beneficiadas pela criação de emprego, diminuição do desemprego e aumento do salário mínimo no primeiro semestre, sendo as únicas cujo rendimento real não caiu, revelam dados do BdP.
Segundo uma análise do Banco de Portugal (BdP), divulgada hoje, o rendimento disponível nominal médio das famílias subiu 5,1% nos primeiros seis meses do ano face a igual período de 2021, com um contributo de 4,4 pontos percentuais dos rendimentos do trabalho.
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Contudo, a simulação do supervisor bancário – utilizando uma taxa de inflação homóloga média de 6,2% – indica que em termos reais houve uma redução homóloga de 1% do rendimento disponível agregado no primeiro semestre deste ano.
Os dados do BdP revelam que no primeiro semestre deste ano os maiores aumentos do rendimento disponível nominal ocorreram nas famílias que em 2021 se situavam nas classes de menores rendimentos e riqueza, assim como para aquelas em que o indivíduo de referência tem uma escolaridade mais baixa ou se encontrava desempregado ou inativo.
Esta evolução, explica o supervisor, resultou da criação de emprego e da “significativa” diminuição do desemprego em termos homólogos, “tal como o aumento do salário mínimo acima da média da distribuição”.
Assim, segundo os dados, o rendimento disponível nominal cresceu 11% nas famílias cujo total de rendimentos é igual ou inferior a 8.200 euros anuais, enquanto o rendimento real subiu 4,5%.
Também o rendimento disponível nominal das famílias com rendimento médio de 15.200 euros anuais aumentou 6,4% e em termos reais subiu 0,2%.
Por outro lado, as restantes famílias apesar de terem registado um aumento do rendimento nominal, tiveram uma perda do rendimento disponível real.
As famílias com rendimento disponível médio de 19.900 euros anuais e de 27.400 euros anuais tiveram um aumento do rendimento disponível nominal de 5,2% e de 4,8%, respetivamente, mas uma perda de 1% e de 1,5% do rendimento real.
Também as famílias cujo rendimento médio anual é de 48.700 euros registaram um aumento de 3,8% do rendimento disponível em termos nominais, mas em termos reais uma diminuição de 2%.
O peso da dinâmica do mercado de trabalho é ainda mais visível quando se exclui o impacto das transições e se verifica que nesse caso todos os grupos de famílias tiveram uma redução real do rendimento disponível.
No exercício de simulação, a título de exemplo, o rendimento líquido do trabalho apresenta uma variação positiva em todos os grupos de famílias, traduzindo-se num aumento agregado de 7,2%.
No entanto, quando se exclui o impacto das transições no mercado de trabalho, o aumento do rendimento do trabalho é menor (5,5%) e menos heterogéneo entre os diferentes grupos de famílias, uma vez que sem estas dinâmicas o rendimento do trabalho nas famílias de menores rendimentos teria aumentado 5,9% (contra os 23,8% registados).
O BdP indica ainda que “a evolução favorável do mercado de trabalho justifica a redução de 10,6% do montante agregado de subsídios de desemprego”.
Os dados do BdP apontam ainda para um aumento transversal da riqueza, com uma subida agregada de 12,1% em termos nominais e 3,1% em termos reais no primeiro semestre face a igual período do ano passado.
“O aumento da riqueza resulta de um aumento significativo no valor dos ativos (10,9%). Esta evolução é comum a todos os grupos considerados e traduz principalmente o dinamismo dos preços no mercado imobiliário e o elevado peso dos imóveis no total de ativos”, explica.
O supervisor assinala que em termos globais, as simulações “sugerem que houve uma diminuição da desigualdade na distribuição do rendimento e da riqueza no primeiro semestre do ano”.
“No caso da riqueza líquida, a diminuição da desigualdade reflete a conjugação de dois efeitos: por um lado, o dinamismo do preço das habitações, que implicou um forte aumento do valor dos ativos nos vários segmentos da população; por outro lado, o chamado efeito alavancagem, que implica que as famílias com um maior peso da dívida face aos ativos — tipicamente as famílias jovens e as famílias com menor riqueza — são as que registam uma maior subida percentual da riqueza líquida”, acrescenta.
A análise reporta-se apenas ao primeiro semestre, com o regulador bancário a sublinhar que não pode ser extrapolada para o conjunto de 2022, uma vez que a conjugação dos choques económicos na segunda metade do ano terá características distintas.
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