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Investigadores de Coimbra concluem que hotspots globais para conservação da natureza do solo estão mal protegidos

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 12-10-2022

Os ‘hotspots’ globais para a conservação da natureza do solo estão mal protegidos”, concluiu um estudo internacional que envolve dois investigadores da Universidade de Coimbra e que hoje foi publicado na revista ‘Nature’.

O estudo identifica as regiões do mundo que deveriam ter a maior prioridade para a conservação da natureza do solo e que estão localizadas nos trópicos, Ásia, América do Norte e Europa, segundo uma nota da Universidade de Coimbra (UC).

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A investigação conta com a participação de Alexandra Rodríguez e de Jorge Durán, investigadores do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Segundo a UC, a investigação, que inclui mais de 10 mil observações de indicadores de biodiversidade (invertebrados, fungos, protistas, bactérias e arqueias) e serviços de ecossistemas em 615 amostras de solos de todos os continentes, concluiu também que a “maioria dos solos que mantêm os mais altos níveis de biodiversidade e serviços ecológicos não possui um nível adequado de proteção”.

Os dados obtidos “revelam que diferentes facetas da conservação do solo atingem o pico em diferentes partes do planeta, dificultando a proteção de todas simultaneamente”.

“Ecossistemas temperados, por exemplo, mostram maior biodiversidade local (riqueza de espécies do solo), enquanto ecossistemas mais frios são identificados como ‘hotspots’ de serviços do ecossistema do solo”, acrescentou a UC.

Por sua vez, “ecossistemas tropicais e áridos abrigam as comunidades mais singulares de organismos do solo”.

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“Os valores ecológicos do solo são frequentemente negligenciados nas decisões de gestão de políticas e conservação da natureza. Este estudo demonstra onde os esforços para protegê-los são mais urgentes”, afirmou Manuel Delgado Baquerizo, da Universidad Pablo de Olavide (Sevilha, Espanha), um dos líderes do estudo.

Os investigadores do Centro de Ecologia Funcional da FCTUC, coautores do artigo científico e responsáveis pela recolha e análise de amostras em Portugal e na Antártida, defenderam que a biodiversidade do solo tem de ser protegida.

“Para conservar melhor os valores ecológicos do solo, devemos saber onde a sua proteção é mais necessária. No caso de plantas e animais acima do solo, os ‘hotspots’ de biodiversidade foram identificados há décadas. No entanto, até agora nenhuma avaliação foi feita para obter os valores ecológicos do solo. A maioria dos alimentos que consumimos vem do solo direta ou indiretamente. Proteger esses solos é essencial para a nossa sobrevivência”, consideraram Alexandra Rodríguez e Jorge Durán.

Os dois coautores também referiram que os solos são vulneráveis “às alterações climáticas e mudanças no uso da terra”.

“Quando se trata de proteger os solos, provavelmente não nos devemos focar em maximizar localmente todas as dimensões ecológicas do solo em simultâneo, mas sim em abordagens integradas que destacam o potencial local”, vincou Carlos Guerra, do Centro Alemão para a Pesquisa em Biodiversidade Integrativa e autor principal do artigo.

Os trópicos, a Ásia, a América do Norte e a Europa são as regiões onde foram identificados ‘hotspots’ de ecossistemas que deveriam ter a mais alta prioridade para a conservação da natureza do solo.

Segundo a UC, os cientistas “compararam esses ‘hotspots’ prioritários com áreas que já estão protegidas e descobriram que metade deles não está atualmente sob nenhuma forma de conservação da natureza”.

“Este estudo sugere que não estamos a proteger de forma eficiente os ‘hotspots’ de conservação do solo à escala global”, referiu Carlos Guerra.

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