Opinião

O seu a seu dono!

LÚCIA SANTOS | 10 anos atrás em 18-03-2015

A estratégia política do PS a que temos vindo a assistir desde que se tornaram oposição em junho de 2011 já não nos surpreende e muito menos espanta.

Desde então que tentam impor uma “narrativa” muito concreta: a culpa foi da crise internacional, da Europa no geral, da Alemanha em particular, dos outros partidos, ou seja, foi de todos menos de quem governou Portugal à época. Só eles, os socialistas, é que não têm qualquer responsabilidade. Claro que, com o passar dos anos, o discurso foi sendo atualizado e hoje, em vésperas de eleições legislativas, o culpado preferido é quem teve de cumprir o memorando da Troika negociado por eles, ou seja, o governo da maioria PSD/CDS-PP.

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São muitos os episódios que poderiam aqui ser enunciados para corroborar esta ideia, mas invoquemos apenas o mais recente, a declaração com que o deputado socialista João Galamba (o mesmo que previa expirais recessivas e segundos resgates) inicia o seu mais recente artigo de opinião no jornal Expresso, que é um excelente exemplo do que acabo de enunciar.

No texto que saiu esta semana, intitulado “A necessidade (urgente) de mudança”, João Galamba, da direção do PS, começa por falar do recuo de Portugal nos últimos anos, dizendo que “com as políticas da atual maioria, Portugal regrediu uma década nos níveis de pobreza, regrediu duas décadas no emprego, regrediu três décadas no investimento e voltou a ter níveis de emigração só comparáveis com a década de 60.”

Dissecando cuidadosamente os dados estatísticos que suportaram a declaração feita, numa primeira análise diria que se destacam essencialmente duas ideias:

– que as afirmações feitas são parcialmente verdadeiras;

– que poderia ainda ter referido outros recuos igualmente graves, como os encargos com a dívida pública.

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Até aqui estaria tudo bem, não fosse o facto de no parágrafo seguinte, após a apresentação das suas conclusões, João Galamba não ter acrescentado uma alínea a referir duas questões que me parecem cruciais:

– que três anos antes, em 2011, ainda no período de governação socialista, já os valores denunciavam esta evolução, tendo sido atingidos níveis de retrocesso preocupantes;

– que o ajustamento e a austeridade dos últimos anos não foram uma causa, mas sim uma consequência.

Ora isto faz parecer que Galamba não só escolheu cautelosamente o período temporal de comparação em função do resultado que pretendia e que mais jeito lhe dava, como se esqueceu de considerar o contributo do seu governo para este recuo. Ainda assim, Galamba, apesar da manipulação das datas, acerta em cheio no problema, houve de facto um retrocesso, falha é redondamente nos motivos.

A grande verdade é que os portugueses sabem que o grande responsável pelos défices descontrolados foi o PS, que foram os socialistas que levaram o país à bancarrota, que chamaram a Troika, que negociaram o memorando e que o ajustamento e a dose de austeridade que se seguiu foi uma consequência direta de todos estes factos. O que os portugueses só agora se começam a aperceber (António Costa incluído) é que Portugal está muito diferente do que era há 4 anos atrás e que, apesar da pesada herança socialista, Portugal e os portugueses estão a conseguir dar a volta por cima.

A meu ver, esta aposta que Galamba faz na ignorância dos eleitores, é profundamente errada, o eleitorado português é tudo menos ignorante, como ele desejaria, pois as pessoas sabem perfeitamente que uns levaram o país à bancarrota e que outros estão a tirar Portugal do buraco.

 

Lúcia-Santos

LÚCIA SANTOS

Vice-Presidente da Distrital de Coimbra do CDS-PP

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