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Indústria portuguesa de calçado ganha terreno a concorrentes
A produção e as exportações mundiais de calçado cresceram 8,6% e 7,4%, respetivamente, em 2021, com Portugal a destacar-se pelo desempenho duplamente mais rápido do que os concorrentes, segundo a associação setorial.
De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), Portugal cresceu em 2021 “ao dobro do ritmo da média mundial”, tendo exportado um total de 69 milhões de pares de calçado, no valor de 1.981 milhões de dólares (cerca de 1.989 milhões de euros), o que representa um aumento de 16% face ao anterior.
“Num contexto particularmente adverso, na medida em que exporta mais de 95% da sua produção, Portugal consolidou sua posição relativa na cena competitiva internacional”, destaca, notando que, “em alguns segmentos específicos, Portugal assume já uma posição de grande relevância”.
Assim, Portugal foi “o quinto maior exportador de calçado impermeável a nível mundial, com uma quota de mercado de 3,8%”, em 2021, ano em que foram produzidos sete milhões de pares de calçado impermeável, no valor de 67 milhões de dólares (cerca de 65,7 milhões de euros).
A liderar o ‘ranking’ deste segmento surge a China, que exporta metade do calçado impermeável do mundo, com 40% do valor global, seguindo-se a Itália, que é o segundo exportador deste tipo de calçado, mas com uma quota inferior a 10% tanto em valor, como em volume.
Já no segmento mais relevante, o calçado em couro, Portugal surge na nona posição, assegurando 3,1% das exportações mundiais.
Em 2021, globalmente, a produção e as exportações mundiais de calçado cresceram 8,6% e 7,4%, respetivamente, segundo o ‘World Foootwear Yearbook’, mas os 22.000 milhões de pares produzidos e os 13.000 milhões exportados estão “ainda longe” dos níveis pré-pandémicos.
De acordo com dados do ‘World Footwear Yearbook’, citados pela APICCAPS, “a produção global de calçado ultrapassou os 22.000 milhões de pares (+8,6% face ao ano anterior), em 2021, mas ainda está aquém (2.000 milhões de pares) dos níveis pré-pandemia”.
Quanto aos 13.000 milhões de pares exportados no ano passado em todo o mundo, representam “uma recuperação (+7,4%) parcial face à queda [de 19,2%], registada em 2020, mas permanecem abaixo de qualquer outro ano da última década”.
De acordo com a APICCAPS, “a nível continental a pandemia não interrompeu a tendência de concentração geográfica da produção de calçado”, mantendo-se a indústria “fortemente concentrada na Ásia, onde são fabricados quase nove em cada 10 pares de sapatos, resultando numa quota de 88% do total mundial (mais meio ponto percentual do que no ano anterior)”.
“A China permanece como maior ‘player’ internacional (quota de 54,1%) de eleição, ainda que continue a perder terreno a favor de outros países asiáticos, especialmente o Vietname”, refere, notando que, “na última década, a China perdeu mais de seis pontos percentuais de quota de mercado”.
Após o “impacto acentuado” da pandemia no consumo mundial de calçado em 2020, o ano de 2021 “registou algumas melhorias, mas de forma assimétrica”: O consumo de calçado ‘per capita’ “recuperou fortemente” na América do Norte (+1,0 pares), mas na Europa a recuperação foi “muito mais fraca” (+0,3 pares).
Globalmente, o consumo ‘per capita’ de calçado varia de 1,4 pares na África a 5,3 pares na América do Norte.
Em 2021, o consumo da Ásia representou mais da metade (56,1%) do total mundial, consolidando a sua posição, enquanto a América do Norte e a Europa asseguraram, respetivamente, 14,9% e 13,3% do consumo mundial.
Numa análise por países, verifica-se que “o consumo continua gradualmente a aproximar-se da distribuição da população: a China e a Índia lideram os principais mercados consumidores de calçado e, juntas, representam quase um terço do consumo mundial.
Na terceira posição, os EUA já recuperaram totalmente dos efeitos da pandemia, com as importações e o consumo já em níveis muito idênticos a 2019”, explica a associação.
Ainda ao nível do consumo, a União Europeia enquanto região, representa o quarto maior mercado consumidor de calçado, com 1.871 milhões de pares.
Quanto ao padrão de origem geográfica das exportações de calçado, “não mudou na última década: A Ásia é a origem de mais de quatro em cada cinco pares de calçado exportados” e “a Europa segue muito atrás, embora tenha conseguido aumentar a participação em três pontos percentuais, principalmente à custa da Ásia”.
Já a China “continua, por uma margem muito ampla, a ser o líder indiscutível nas exportações de calçado, mas há mais de uma década que está a perder lentamente participação de mercado para outros países asiáticos”, nota a APICCAPS.
No que se refere ao preço médio de exportação do calçado, aumentou 6% em 2021, para 11,07 dólares, o valor mais alto de sempre.
Entre os principais produtores mundiais de calçado, Portugal apresenta o segundo maior preço médio de exportação (28,60 dólares por par), no que a associação destaca ser um “sinal do prestígio que o setor conquistou no plano internacional”.
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