Política

Mudar a ministra da Saúde “sem mudar a política não adianta absolutamente nada”

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 30-08-2022

A coordenadora do BE defendeu hoje que mudar a ministra da Saúde “sem mudar a política não adianta absolutamente nada”, recusando responsabilizar individualmente Marta Temido pela perda de capacidade do SNS, mas sim todo o Governo.

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“A responsabilidade da perda de condições do SNS e da perda das suas valências, a responsabilidade de o SNS ter cada vez menos capacidade não é a responsabilidade de uma ministra, é a responsabilidade de todo um Governo que decidiu não investir na capacidade instalada do SNS, que decidiu não acordar condições de trabalho para que os seus profissionais, formados no SNS, ficassem no SNS”, criticou a líder bloquista numa conferência de imprensa na sede do BE para comentar a demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde.

Para Catarina Martins, “uma linha de continuidade na saúde é o desastre” e “mudar a ministra sem mudar a política não adianta absolutamente nada”.

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“Não há tempo a perder. O que é preciso neste momento é uma alteração não apenas de ministra, mas de política para o SNS e deixarmos este remendo permanente em que tudo o que o governo tem para oferecer ao SNS são horas extraordinárias ou prestadores de serviços. O que o SNS precisa é de investimento e de profissionais com condições”, apelou.

Adiar os investimentos e as carreiras que possam fixar profissionais no SNS “tem sido a política do Governo e, na verdade, a demissão de uma ministra não resolverá o problema”, enfatizou a coordenadora do BE.

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“Todos os dias o SNS está a perder capacidade e essa é uma escolha de António Costa, essa é uma escolha do Governo do PS que não vem dos últimos cinco meses, que é mais longa e pela qual Marta Temido não pode ser responsabilizada individualmente como é natural e eu nunca o faria”, enfatizou.

Na opinião da líder do BE, “o que é urgente é que o Governo mude a sua política” e, ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, “em que a cada ano que passa o SNS não só perde profissionais como perde capacidade instalada, pelo contrário, aumentar a capacidade instalada do SNS porque é disso que a população portuguesa tanto precisa”.

“O SNS neste momento está fragilizado pela passividade de anos do Governo que promete mudanças e as adia ano após ano. O que nós precisamos agora é que haja pressa. Não uma pressa por causa do nome do ministro, mas uma pressa de alteração de políticas porque há em Portugal profissionais de saúde que podem ser contratados pelo SNS e não são porque o Governo não quer, porque o Governo continua a preferir pagar a empresas de prestadores de serviços o que não paga a quem segura os hospitais e as instituições de saúde”, afirmou.

A pressa de Catarina Martins é pela “mudança de política” para a qual o partido tem vindo a “alertar há tanto tempo porque isto não é apenas uma questão de debate político entre dois partidos, é mesmo da decisão das condições concretas de acesso da população portuguesa à saúde”.

“A questão é como fica um Governo que não é capaz de responder pelo acesso à saúde da população. Passados cinco meses, este é um Governo sobretudo passivo, é um Governo que mantém a inação que já tinha tido nos últimos dois anos e que não permite resolver nenhum dos problemas urgentes do país”, sublinhou.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo, que foi aceite pelo primeiro-ministro.

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