O PSD considerou hoje que a demissão da ministra da Saúde “peca por tardia” e representa a “falência da política de saúde do Governo”, pedindo “novas políticas” no setor, mais do que novos protagonistas.
O vice-presidente do PSD Miguel Pinto Luz reagia em conferência de imprensa na sede nacional do partido à demissão da ministra da Saúde, Marta Temido, noticiada hoje de madrugada.
Questionado sobre o perfil que o PSD entende dever ter o novo ministro, Pinto Luz disse que cabe a António Costa escolher o seu elenco, mas frisou que o importante será mudar de política na área da saúde.
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“A saída da ministra, já tarde na opinião do PSD, não resolve nenhum problema por si. O que importa saber neste momento é se irá António Costa mudar de rumo em termos de políticas de saúde? Ou, se pelo contrário, só escolherá um novo ministro e nada mudará”, desafiou.
“São urgentes políticas novas, mais do que novos protagonistas. A falência do SNS é da responsabilidade do dr. António Costa”, acusou.
Pinto Luz acusou o Governo de ter uma visão “doutrinária, ideológica” da saúde “que se tornou irrealista e perigosa”.
“Infelizmente, foi preciso morrer uma mãe para que a ministra se demitisse e António Costa tomasse numa decisão”, criticou, numa alusão a uma notícia divulgada na segunda-feira sobre a morte de uma grávida transferida de Santa Maria para São Francisco Xavier em Lisboa.
O vice-presidente do PSD considerou que Marta Temido “está longe de ficar na boa memória dos portugueses” e salientou que as suas políticas ainda terão impacto “no curto, médio e longo prazo”.
“Para o PSD, é urgente que se mude a política de saúde em Portugal, se centre a discussão e as soluções no que interessa: o acesso à saúde pelos portugueses”, disse, afirmando que o partido “está como sempre disponível para contribuir para uma visão do sistema de saúde para os próximos 20/30 anos”.
Pinto Luz defendeu ser urgente que, neste setor, “se use toda a capacidade instalada” e que haja uma postura de diálogo “com os profissionais de saúde, com todos os parceiros e com o terceiro setor”.
Por isso, e por várias vezes questionado sobre o que espera do novo ministro, Pinto Luz preferiu não comentar nomes, mas centrar-se no apelo à mudança de política.
Já sobre a notícia de que o processo de substituição de Marta Temido não será rápido, como admitiu fonte próxima do primeiro-ministro à Lusa, o dirigente do PSD considerou que se insere numa tática de António Costa de usar “ministros como escudos”.
“Temos mais um ministro zombie nas próximas semanas, mas o país não pode esperar, as grávidas não podem esperar, o país espera há muito por soluções”, afirmou.
Questionado se António Costa deverá aproveitar a saída de Marta Temido para fazer uma remodelação maior, Miguel Pinto Luz respondeu apenas que o primeiro-ministro “fará as suas escolhas e será responsabilizado por elas”.
A demissão da ministra da Saúde Marta Temido, anunciada hoje de madrugada, constitui a primeira baixa de ‘peso’ no XXIII Governo Constitucional, que tomou posse há exatamente cinco meses, em 30 de abril.
Marta Temido apresentou a demissão por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo.
A demissão, já aceite pelo primeiro-ministro, foi noticiada de madrugada, mas hoje de manhã fonte oficial do gabinete de António Costa disse à Lusa que a substituição da ministra da Saúde “não será rápida”, adiantando que o chefe do Governo gostaria que fosse esta governante a concluir o processo de definição da nova direção executiva do SNS.
Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes, e foi ministra durante os três últimos três executivos, liderados pelo socialista António Costa.
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