Desporto
Miranda do Corvo: Frederico Figueiredo recebeu autorização de Mauricio Moreira para entrar na história da Volta a Portugal
Frederico Figueiredo concretizou hoje o sonho de inscrever o seu nome na história da Volta a Portugal, ao ser o primeiro ciclista a vencer no Observatório de Vila Nova, destronando, surpreendentemente, o seu colega Mauricio Moreira da liderança.
Ao atacar para coroar isolado a inédita subida e conquistar a quinta etapa da 83.ª edição, ‘Fred’ ‘condenou’ o seu líder: o uruguaio ficou ‘pregado’ ao chão, em evidentes (e surpreendentes) dificuldades, e ‘entregou’ a amarela ao seu colega por apenas sete segundos.
A confusa tática da Glassdrive-Q8-Anicolor ‘soou’ a traição, mas, cortada a meta, os intervenientes coincidiram todos na mesma versão, a de que a iniciativa de Figueiredo foi autorizada pelo camisola amarela ‘destronado’.
“Estou extremamente contente por estar de amarelo. Não era um objetivo, mas sim o Mauricio manter a amarela, mas, visto que passou um mau bocado na parte mais inclinada da subida, ele deu-me autorização para eu tentar arrancar e ir discutir a etapa. Consegui discutir a etapa, ganhei, e ganhei algum tempo”, resumiu o feliz vencedor.
O trepador de 31 anos sempre sonhou entrar na história da prova ‘rainha’ do calendário nacional e, hoje, conseguiu-o duplamente: vestiu a amarela pela primeira vez na sua carreira e ‘estreou’ o palmarés da belíssima e duríssima subida ao ponto mais alto de Miranda do Corvo, uma contagem de primeira categoria a lembrar as das grandes Voltas, como, por exemplo, a Planche des Belles Filles no Tour.
“Queria ter inscrito o meu nome no alto da Torre, não foi possível. Muitos bons ciclistas e trepadores venceram no alto da Torre, agora calhou-me a mim vencer nesta nova subida e vai sempre ficar marcado. Vou ficar sempre como o primeiro vencedor desta subida, que espero que seja também incluída [em futuros percursos] da Volta a Portugal”, disse Figueiredo, que cortou a meta 37 segundos antes de ‘Mauri’, mas também de Henrique Casimiro (Efapel) e Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), respetivamente segundo e terceiro na tirada, com o ciclista ‘axadrezado’ a fechar o pódio da geral, a 38.
A inédita chegada ao Observatório de Vila Nova surgia ‘ameaçadora’ no horizonte quando os ciclistas partiram da Mealhada para os 165,7 quilómetros da quinta etapa e o ‘medo’ do desconhecido pareceu condicionar o pelotão, que, na primeira hora de corrida, percorreu 48,1 quilómetros, sem autorizar o sucesso de qualquer fuga.
Só a luta pela camisola verde entre João Matias (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) e Scott McGill (Wildlife Generation) animou a primeira parte da tirada, com o líder dos pontos a levar a melhor sobre o seu rival na primeira meta volante da jornada.
Foi preciso esperar pelo quilómetro 84 para se destacarem na frente Robin Carpenter (Human Powered Health), Juan López Cózar (Burgos-BH), Unai Iribar (Euskaltel-Euskadi), Gaspar Gonçalves (Efapel), António Barbio (Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados) e Hugo Nunes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), aos quais se juntaram depois António Ferreira (Kelly-Simoldes-UDO), José Maria Garcia (Electro Hiper Europa-Caldas) e ainda Micael Isidoro (ABTF-Feirense).
Os nove fugitivos nunca conseguiram uma diferença superior a dois minutos, com a fuga a ser neutralizada a 17 quilómetros da meta, mesmo a tempo de a Glassdrive-Q8-Anicolor voltar a demonstrar que simplesmente não tem concorrência e que só poderá perder a Volta por erros próprios.
A equipa fluorescente controlou a subida como quis, anulando primeiro a iniciativa de Jesus del Pino (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) – enquanto o espanhol atacava, o seu líder e compatriota Vicente García de Mateos, o vice-campeão de 2017 e 2018, descolava, em novo dia ‘trágico’ na geral -, e depois do colombiano Yesid Albeiro Pira (Caja Rural).
A seis quilómetros do alto, Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) furou e ficou praticamente afastado da luta pelo pódio: o campeão de 2013 ainda trocou de bicicleta com Emanuel Duarte, perseguiu o grupo dos candidatos, parecendo na iminência de recolar durante três quilómetros, mas acabou definitivamente ‘condenado’ quando o seu bom amigo ‘Fred’ atacou, perdendo 01.53 minutos para o novo líder da geral e caindo para sexto, já a 03.33.
Figueiredo é (de longe) o melhor trepador deste pelotão e, hoje, voltou a demonstrá-lo com um ataque a quatro quilómetros da meta, que deixou todos sem reação – o anterior camisola amarela nem conseguiu seguir o ritmo de Casimiro, Fernandes e André Cardoso (ABTF-Feirense), o trio perseguidor.
O ‘leve’ ciclista da Glassdrive-Q8-Anicolor pedalou despreocupado até à meta, que cruzou com o tempo de 04:02.01 horas, enquanto lá atrás António Carvalho ‘rebocava’ Moreira, que chegou a ter um minuto de atraso para o seu colega de equipa, mas protagonizou uma recuperação excecional no falso plano que antecedeu o ‘muro’ final, para ser quarto.
Carvalho foi quinto, a 39 segundos, e Cardoso, que quebrou, foi sétimo a 50, com os dois a subirem na geral devido à ‘queda’ de Marque – o primeiro é quarto, já a 02.21 minutos, e ‘Cholas’ é quinto a 02.39.
Sem oposição, a Glassdrive-Q8-Anicolor tem três homens nos quatro primeiros e vai partir novamente de amarelo (com o terceiro ciclista diferente) para a sexta etapa, uma ligação de 159,9 quilómetros entre Águeda e Maia, com previsível chegada ao ‘sprint’.
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