O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, apelidado pelos ‘media’ locais como “Teflon” pela sua capacidade de permanecer no poder apesar dos escândalos e crises políticas, tornou-se hoje o chefe do Governo neerlandês há mais tempo em funções.
À frente do seu quarto Governo consecutivo, Mark Rutte passou 4.311 dias no cargo, ultrapassando o recorde anteriormente estabelecido por Ruud Lubbers, que governou os Países Baixos entre 1982 a 1994.
Primeiro-ministro há quase 12 anos, Rutte é o segundo líder da União Europeia (UE) há mais tempo em funções depois do primeiro-ministro da Hungria, o ultraconservador Viktor Orbán.
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“Só vai a meio caminho”, gracejou Mark Rutte numa conferência de imprensa realizada no mês passado, a propósito das suas funções executivas.
“É o melhor trabalho do mundo”, afirmou Rutte, apesar de admitir ter muitas “peças de puzzle” em cima da mesa por tratar, entre elas, a invasão da Rússia da Ucrânia e o seu impacto no poder de compra.
Um estilo classificado como subtil e uma atitude consensual ajudaram este político de 55 anos, que chegou a assumir funções executivas na multinacional Unilever, a sobreviver no mundo complexo da política neerlandesa, segundo relatam as agências internacionais.
No entanto, a confiança do público neerlandês em Rutte foi abalada no ano passado por causa de uma sucessão de escândalos e de críticas relativas à sua gestão da pandemia de covid-19.
A sua terceira coligação governamental acabou por se demitir em janeiro de 2021, a dois meses das eleições por causa de um escândalo relacionado com abonos de família.
Ao longo de anos, milhares de famílias foram erradamente acusadas de fraude com este abono e obrigadas a devolver o dinheiro, deixando muitas na ruína financeira.
Rutte também sobreviveu a uma moção de desconfiança em abril de 2021, quando era suspeito de ter mentido durante as negociações para formar uma nova coligação.
A polémica mais recente está relacionada com os planos governamentais para o ambiente que não são do agrado dos agricultores neerlandeses.
De acordo com uma sondagem realizada pela rádio nacional, “oito em cada dez pessoas acredita que a data de validade [de Rutte] já passou” e que o líder já não é capaz de enfrentar as múltiplas crises em curso.
Em Bruxelas, Rutte é conhecido ainda como o “Sr.Não” pela sua oposição, em 2020, ao plano de dívida conjunta da UE para ajudar os vários Estados-membros a ultrapassar a crise económica causada pela pandemia da doença covid-19.
Este percurso culminou no dia de hoje, em que Rutte bateu o recorde de Lubbers, que depois de liderar o Governo neerlandês foi Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, tendo morrido em 2018, aos 78 anos de idade.
Os analistas nos Países Baixos apontam semelhanças entre os dois governantes, tais como a sobriedade e o pragmatismo.
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