Portugal

Quem é o autor da pintura? O Panthe responde!

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 29-07-2022

Quem é o autor da pintura? Pergunte-se ao Panther, um software nacional que aprende automaticamente a identificar o pintor de uma obra de arte e situá-la numa corrente artística. Desenvolvido na Universidade de Aveiro (UA), o Panther (pantera em português) promete ser um felino incansável na hora de descobrir os verdadeiros autores das obras ou de caçar falsificadores.

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Caravaggio, Klimt, Miró ou Picasso, mas também os menos conhecidos O’Keeffe, Seurat ou Schiele, são já várias as dezenas de artistas que o Panther consegue identificar através da análise da imagem digitalizada da pintura, reconhecendo potencialmente a autenticidade da obra e, como um verdadeiro especialista humano, em que tendência estética se insere.

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Criado no Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro (IEETA), uma das unidades de investigação da UA, o software tem a assinatura (verdadeira e autenticada!) dos investigadores Jorge Silva, Diogo Pratas, Rui Antunes, Sérgio Matos e Armando Pinho.

“O Panther contém um algoritmo que mede informações probabilístico-algorítmicas de pinturas artísticas e usa-as para descrever como cada autor normalmente compõe e distribui os elementos pela tela e, portanto, como seu trabalho é percebido”, explicam os alunos de doutoramento Jorge Silva e Rui Antunes. O software, acrescentam, “também permite identificar padrões e relações ocultas presentes em pinturas artísticas e realizar uma classificação, nomeadamente a identificação de autor e de estilo”.

Através da análise das mais de 4200 imagens de pinturas digitalizadas — um número que pode crescer de forma a poder abarcar cada vez mais artistas e as respetivas obras — o Panther cria aquilo a que a equipa de investigação chama de fingerprint do autor. No fundo, o software consegue aproximar a forma única e intransmissível como cada autor distribui pela tela os elementos da respetiva pintura.

Esta informação, sublinham os autores do trabalho, “é bastante descritiva e conjuntamente com softwares de modelos de compressão e de redes neuronais pode ser usada para fins de classificação de autores e estilos com grande precisão”.

Os autores acreditam que, no futuro, este tipo de ferramentas “venham a depender menos da presença de um especialista para fazer a autenticação de obras”. Contudo, avisam os investigadores, “a presença de um ser humano especializado não pode ser descartada nos próximos tempos porque existem contrafatores capazes de fazer falsificações de obras a um nível muitíssimo detalhado que enganam, por vezes, os especialistas da própria área”.

Para além do mais, lembra Jorge Silva, o Panther utiliza apenas uma digitalização da imagem. “Uma pintura é um objeto quadrimensional e físico em que certas características como a espessura da tinta utilizada e a sua idade, são difíceis de ser observados apenas por fotografia”, reconhece.

O trabalho da equipa do IEETA é acompanhado do website http://panther.web.ua.pt que mostra, além de outras informações, um catálogo completo das fingerprints de cada autor, bem como vários exemplos de pinturas de cada um deles. Este catálogo permite compreender como a média da complexidade local (os fingerprints) é um meio adequado de explicação do conteúdo da arte, além de serem valiosos para atribuição e validação de autoria da arte. 

No website pode também ser observada a árvore filogenética da relação entre a complexidade da obra dos vários autores, o que permite verificar as influências e as técnicas compartilhadas pelos pintores em várias alturas na sua vida artística.

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