Primeira Página
Quer ler o discurso de posse do Reitor? Até falou estrangeiro!
Scientiae thesauro mirabili cupientes Regna nostra ditare.
Faz hoje exatamente 725 anos que o Rei D. Dinis justificava desta forma a necessidade de criação do Estudo Geral em Portugal. Esse decreto de criação sobreviveu até hoje, e é um dos tesouros dos nossos arquivos.
Scientiae thesauro mirabili cupientes Regna nostra ditare.
Que bem soa nesta sala o latim. As suas paredes afeiçoaram-se à sua sonoridade e ao seu significado. Este espaço participou na sua lenta evolução para a língua portuguesa. Esta sala, a sala do trono da capital de Portugal quando o país nasceu em 1143, celebrou em latim esse mesmo nascimento.
Para os menos versados em latim, traduzo para português corrente:
“Desejando nós enriquecer os nossos Reinos com o tesouro admirável da Ciência”
Para o rei D. Dinis os estudos superiores eram um decisivo fator de soberania. O conhecimento era um fator de riqueza, de desenvolvimento.
Passados 725 anos a missão é a mesma, para nós e para todas as universidades portuguesas: constituir um elemento central da soberania de Portugal, um mecanismo determinante do seu bemestar económico, e um fator indispensável da harmonia social.
Os caminhos a seguir é que são novos: temos de ser capazes de os encontrar, recorrendo ao “tesouro admirável da Ciência”.
Para a Universidade de Coimbra, detentora do monopólio do ensino superior público em Portugal durante mais de seis séculos, o primeiro aspeto a ter em conta é que esse monopólio já não existe. Temos de ser capazes de mostrar aos candidatos ao ensino superior que vale a pena vir estudar para Coimbra. Não podemos ficar meramente à espera de que venham, porque isso é cada vez menos garantido.
A Universidade de Coimbra encarna perfeitamente o padrão clássico europeu: uma Universidade de prestígio numa cidade pequena, afastada dos grandes centros populacionais, propícia ao estudo, à reflexão, à criação de laços indeléveis entre os estudantes, formadores da personalidade e definidores de um percurso de vida. Coimbra é, sob esse ponto de vista, a única cidade verdadeiramente universitária de Portugal.
Só que a escolha da universidade é cada vez mais determinada pela proximidade geográfica, tendência amplificada pelas dificuldades económicas do país. Basta ver que as universidades de Lisboa têm um número residual de estudantes oriundos da região a norte do Mondego, e o inverso ocorre para a Universidade do Porto.
Em consequência, a Universidade de Coimbra tem como opção adaptar-se a um número muito menor de estudantes, pois atualmente apenas cerca de um terço dos seus estudantes provêm da região em que se insere, ou em alternativa levantar a cabeça e aceitar o desafio de atrair estudantes, professores e investigadores, de todo o mundo.
A Universidade de Coimbra já optou: queremos ser uma Universidade Global.
Aqui assumo, perante todos vós, um enorme, firme, determinado compromisso, de trabalhar o mais que a minha Ciência e Inteligência permitam, para concretizar esse desígnio: ser uma Universidade Global.
Nós já somos a universidade portuguesa com maior percentagem de estudantes não portugueses, e a maior universidade brasileira fora do Brasil. Mas não somos ainda uma verdadeira Universidade Global. Temos de subir substancialmente nos rankings, temos de obter uma fração muito maior dos nossos recursos no exterior, temos de atrair muito mais estudantes internacionais, temos de ter muito maior diversidade de origens entre os nossos professores, investigadores, pessoal técnico e estudantes.
Uma questão central na nossa abertura ao mundo é a escolha da língua de ensino a usar. Também aqui a nossa opção é clara. Nós não vamos transformar-nos em mais uma, entre milhares, de universidades que lecionam em língua inglesa. A nossa pátria é a língua portuguesa. Nós somos património da humanidade, segundo a UNESCO, também porque tivemos um papel central no desenvolvimento da língua e da cultura portuguesas. A melhor prova do nosso sucesso, não da Universidade de Coimbra, mas de Portugal, é que atualmente os portugueses representam menos de 5% dos falantes nativos da língua portuguesa.
A língua portuguesa é global, e é nessa língua que nos tornaremos Universidade Global.
This does not mean that our students are not going to learn English. They must be prepared for the world. We can, and we must, have specialized programs taught in English. We can, and we must, have some disciplines in every program that are taught in English. We have, and we should develop further, courses to teach English to those that have difficulty with the language. English is the Latin of our time, and every scholar, every graduate, must be able to express her/himself fluently in it, both in speaking and in writing.
Wir müssen andere Fremdsprachen lernen, nicht nur Englisch. Wie zum Beispiel Deutsch: wir müssen verstehen, was die Nordeuropäer denken.
Comme la langue française. Apprendre une autre langue est le plaisir fantastique de découvrir une nouvelle culture, mais c’est aussi une question de gagner un avantage linguistique ou nous avons si de désavantages géographiques, démographiques, économiques.
Infelizmente, ainda não sei dizer-vos muitas palavras em mandarim, para além de agradecer a confiança que depositaram em mim: 谢谢. Mas já temos páginas em chinês no nosso sítio web, temos presença, com sucesso crescente, no “facebook” chinês, o Weibo, e já contratámos uma falante nativa para nos ajudar na interação com os cidadãos chineses.
A referência à China é aqui particularmente adequada porque é um dos países onde o crescimento do interesse pela língua portuguesa é mais marcado, mostrando que a aposta na nossa língua como língua de internacionalização é correta. Tenho aliás o enorme prazer de vos anunciar que, no próximo ano letivo, já vamos ter estudantes chineses inscritos na Universidade de Coimbra ao abrigo do estatuto de estudante internacional, entrados com base no exame nacional chinês, o
GaoKao. O primeiro, já formalmente inscrito, vai cursar Direito.
Contudo, a nossa aposta na língua portuguesa é muito maior do que apenas no seu uso como língua de ensino. O Rei D. Dinis encarregou-nos de defender a soberania de Portugal. Para tal, a língua portuguesa não pode ser apenas uma língua para a comunicação do dia-a-dia. Tem de ser também uma língua de conhecimento, pois, uma língua que não seja instrumento de criação e transmissão de conhecimento avançado desistiu de uma parte muito importante da sua missão.
Na Universidade de Coimbra, a língua portuguesa é uma língua de conhecimento pleno, mas esse conhecimento não pode ficar só no papel. No mundo atual, o que não está na internet é como se não existisse, e por isso temos vindo a desenvolver, a partir da nossa editora – a Imprensa da Universidade de Coimbra – uma base de dados de conhecimento em língua portuguesa na internet, a UC-Digitalis. Já tem cerca de 15.000 documentos, e está a crescer ao ritmo de vários milhares por ano. Cerca de metade são livros, o restante revistas. É já a maior base de dados de informação académica, em língua portuguesa, disponível na internet.
É com grande orgulho que vos comunico que, desde há poucos meses, a UC-Digitalis passou a integrar a b-On, a biblioteca on-line de informação científica disponibilizada pelo Estado Português às instituições de ensino superior. É a primeira base de dados científica em língua portuguesa, e até ao momento a única, aí presente.
Quero partilhar convosco ainda outro sucesso recente ligado à nossa Imprensa, com um enorme significado. Saberão que a Imprensa da Universidade de Coimbra, embora com raízes bem mais antigas, foi fundada num formato similar ao atual pelo Marquês de Pombal, no ano da reforma da Universidade, em 1772. Teve grande atividade até ao início do século XX, vindo a ser extinta por razões políticas pelo governo de António Salazar em junho de 1934. A sua reativação só ocorreu em finais de 1998, pela mão do Reitor Fernando Rebelo. (Quero aliás prestar aqui homenagem à memória do Reitor Fernando Rebelo, falecido há poucos meses). É atualmente a editora universitária portuguesa com mais atividade. Editamos mais de 100 livros por ano! Está aberta a coedições, havendo já muitas com outras universidades de língua portuguesa, em particular do Brasil.
Durante os 64 anos em que a Imprensa esteve encerrada, a produção científica da Universidade teve de ser levada para editoras privadas, com destaque para a Coimbra Editora. Quero anunciar que fechámos recentemente contrato com esta editora para a compra dos direitos de distribuição digital da quase totalidade do seu espólio de livros, que serão, à medida que forem digitalizados, incluídos na UC-Digitalis. É uma parte central da produção científica da UC nesse período, essencialmente da área do Direito, que assim volta à sua casa. É a vitalidade da Universidade a prevalecer sobre a censura do Estado Novo: passados estes anos, conseguimos colmatar o hiato Salazarista, e reestabelecer a continuidade da nossa produção editorial. É um momento histórico.
A UC-Digitalis tem vindo a ser desenvolvida com fantástico empenho da Imprensa da Universidade de Coimbra, sob a direção do Prof. Delfim Leão, e pelo Serviço Integrado de Bibliotecas da UC, sob a direção da Dra. Ana Miguéis. A coordenação geral é do vice-reitor Amílcar Falcão.
Mas o que significa ser uma Universidade Global?
Significa que, em todos os aspetos da vida universitária, os nossos patamares de funcionamento têm
de ter nível global. Os limiares base da nossa atividade têm de ser paulatinamente elevados até conseguirem ombrear com os das grandes universidades mundiais.
A primeira prioridade são as pessoas. Temos de suster o envelhecimento do corpo docente, recomeçando a contratar. Os recursos obtidos no exterior, ao compensarem a diminuição da dotação oriunda do Orçamento de Estado, vão-nos permitir rejuvenescer. Fá-lo-emos com um nível de exigência compatível com uma Universidade Global. Queremos que os nossos novos professores sejam cidadãos do mundo, académicos de craveira global. Este é o nosso maior desafio para os próximos anos.
Também precisamos de contratar pessoal técnico, para repor níveis de funcionamento adequados nos serviços, e para permitir aos professores que se concentrem nas tarefas que só eles podem executar. Em conjunto com uma intensificação da reforma dos nossos procedimentos com vista a uma maior simplificação, eficiência e eficácia, vamos conseguir aliviar a sobrecarga a que muitos serviços têm estado sujeitos.
Necessitamos no entanto, urgentemente, de ter mecanismos que nos permitam premiar quem trabalha mais e melhor: o Governo não pode manter indefinidamente o congelamento da progressão nas carreiras pois, a mantê-lo, levará à sua destruição. O Governo seguramente não deseja isso. Estando apenas uma preocupação orçamental na base deste congelamento, então que nos sejam permitidas progressões salariais com o nosso compromisso, que temos vindo a respeitar, de não aumentarmos a massa salarial total.
Quero aqui renovar o meu firme compromisso de não permitir que haja despedimentos por causa das dificuldades financeiras.
Tenho várias preocupações em relação aos estudantes. Em primeiro lugar o insucesso escolar, pela desilusão que representa, para os próprios e para as suas famílias, e por causa da sua fortíssima correlação com o abandono. Promoverei uma reflexão aprofundada sobre a ineficácia dos regimes letivos mais frequentes, com aulas a mais e estudantes a menos, muitas repetições, e outras ineficiências. As aulas devem ser em menor número, mas mais eficazes, dando mais espaço quer para o trabalho autónomo dos estudantes, quer para estes poderem participar mais em atividades extra curriculares. Os estudantes mais avançados e com melhor desempenho devem ter um papel crescente no ensino, em atividades de suporte que podem ir do acompanhamento de outros estudantes em projetos e trabalhos, até à correção de provas de avaliação.
Defendo o alargamento da base de atribuição das bolsas sociais. Os atuais escalões de atribuição são demasiado baixos, criando grandes dificuldades a quem está apenas um pouco acima deles. Espero que o Governo responda rapidamente a essa necessidade.
Uma palavra de satisfação com a trajetória recente dos nossos Serviços de Ação Social. Não só não foi necessário qualquer reforço de verbas no final do ano passado, ao contrário dos últimos anos, como os SASUC têm vindo a assumir uma intervenção crescente no acolhimento dos estudantes, nacionais e internacionais. O alargamento da capacidade de alojamento, que espero que inclua a atual maternidade Daniel de Matos quando esta for desativada, a multiculturalidade e a promoção da cidadania, são alguns dos principais desafios que temos pela frente.
A criação de conhecimento continuará a ser a atividade mais importante da Universidade de
Coimbra. A via a seguir é da internacionalização, sendo os programas de investigação da União Europeia o nosso patamar de ambição.
Quero aqui saudar o notável sucesso que tem tido a iniciativa em redor do envelhecimento, liderada pela Faculdade de Medicina, que já permitiu a nossa entrada na única Knowledge and Innovation Community europeia da área da saúde, a aprovação do teaming com a Universidade de Newcastle, a atribuição de uma ERA Chair na mesma área, e a declaração da zona centro como região de referência para o envelhecimento ativo e sustentável. O Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento será em breve uma realidade.
Na área das ciências sociais destacam-se as quatro bolsas do European Research Council, num valor agregado de cerca de 8 milhões de euros, que já foram conseguidas pelos investigadores do Centro de Estudos Sociais. Precisamos de mais investigadores brilhantes como o Prof. Boaventura de Sousa Santos, que não apenas construiu uma carreira internacional de referência, como criou um centro de investigação muito conhecido fora das nossas fronteiras. O reconhecimento internacional alargado é o objetivo de todos os professores de uma Universidade Global.
Não posso deixar de mencionar aqui uma grande tristeza com os graves erros cometidos no recente processo de avaliação das unidades de investigação. Esperemos que o Governo, que já aceitou sujeitar a um painel independente, e competente, as reclamações apresentadas, aceite também corrigir os problemas graves detetados no processo de atribuição de financiamento. Uma avaliação mal conduzida prejudica seriamente a ciência produzida em Portugal.
Na transferência de conhecimento iremos reforçar o trabalho conjunto com o Instituto Pedro Nunes e o Biocant, sempre com o objetivo de promover o surgimento de iniciativas empresariais que aproveitem o conhecimento avançado de que a Universidade de Coimbra dispõe para se afirmarem no mercado internacional. Aumentaremos também as nossas parcerias com empresas, capazes de mudar o mercado português em áreas concretas, como fizemos recentemente na produção de árvores de fruto, e no mercado de radiofármacos, em que somos já o maior produtor nacional.
A cultura é uma forma muito importante de ligação direta à sociedade. Este ano, as comemorações dos 725 anos da UC servem de mote a um programa particularmente intenso, que terá pontos altos no início de julho, coincidindo com as comemorações do dia da cidade de Coimbra, onde reuniremos antigos estudantes provenientes de todas as partes do mundo; inúmeros momentos em que será tratada a ligação de Coimbra aos países de expressão portuguesa, em particular os países africanos que este ano comemoram 40 anos de independência; dezenas de concertos, incluindo o retomar de músicas do nosso acervo, que já não são tocadas há mais de três séculos; uma grande mostra de arte contemporânea, simbolizando também o reencontro do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra com a Universidade da qual, na sua fundação, se demarcou esteticamente; tudo isto culmina com um grande congresso em dezembro, coordenado pelo Prof. Carlos Reis, sobre a língua portuguesa.
A UC é um dos ícones do turismo cultural em Portugal, mais ainda depois de integrar a lista do património mundial da UNESCO. Os nossos visitantes, em número crescente todos os anos, já são estrangeiros na sua maioria. A receita tem aumentado muito, e já estamos a transformar Coimbra também por esta via, como pode verificar qualquer pessoa que passe regularmente na cidade antiga. Trabalharemos para alargar o número de polos de atração, com particular destaque para o fantástico acervo de que dispõe o Museu da Universidade de Coimbra, bem como através de programas conjuntos com outros locais da cidade e da região.
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O desporto universitário vai ter um grande desenvolvimento nos próximos anos. As primeiras obras de recuperação do estádio universitário estão a começar. Os jogos europeus universitários, que terão lugar em julho de 2018 em Coimbra, têm potencial para projetar a Universidade de Coimbra ainda mais no espaço europeu. São também uma excelente oportunidade para todos os agentes desportivos da cidade, com a UC, a AAC e a Câmara Municipal à cabeça, elevarem o desporto a novos patamares.
Espero que no mandato que agora se inicia se resolvam os problemas de instalações que ainda persistem. A Faculdade de Direito, para além da maior parte do Colégio da Trindade, passará a ocupar o Palácio dos Grilos. Para a biblioteca teremos de procurar ativamente financiamento. A Faculdade de Psicologia ocupará a breve trecho o Palácio de Sacadura Botte, atingindo a estabilidade. No polo II a unidade 3 da Faculdade de Medicina estará pronta ainda este ano, e a construção do Biomed iniciar-se-á, assim espero, no próximo ano. Ficará a faltar nesse polo apenas a subunidade 2 da Faculdade de Medicina, que ainda não tem perspetiva de financiamento. Para a Faculdade de Ciências do Desporto haverá seguramente uma boa solução a médio prazo. Já a nível da reorganização interna dos espaços realço a concentração do Departamento de Ciências da Vida no Colégio de S. Bento, da administração no edifício da Medicina no polo I, e a libertação do Colégio de Jesus para o Museu da Universidade de Coimbra. Por último, não posso deixar de mencionar o simbólico regresso da Universidade à Rua da Sofia, alguns séculos mais tarde, onde a breve trecho ficarão instalados, no Colégio da Graça, o Centro de Documentação 25 de Abril e parte do Centro de Estudos Sociais.
Esta estratégia necessita de financiamento. Esperamos obtê-lo de várias fontes. Do lado do Governo, desejamos que não haja mais cortes. A recente baixa dos juros da dívida pública, se mais razões não houvesse, retira ao Governo qualquer justificação para continuar a asfixiar as universidades portuguesas, sujeitas a cortes inteiramente desproporcionados nos últimos anos. Para o financiamento das despesas correntes contamos com receita própria, que tem tido grande crescimento nas componentes de estudantes internacionais e turismo. Para a investigação é necessário obter financiamento competitivo, quer nacional quer internacional. Para os investimentos contamos com os fundos europeus, quer regionais quer nacionais. A UC será, senhora Presidente da CCDRC, um promotor de muitos e bons projetos de desenvolvimento para a região centro e para o país.
Considero que, não havendo surpresas desagradáveis, principalmente da parte do Governo, teremos acesso a financiamento suficiente para darmos grandes passos no sentido de nos tornarmos uma Universidade Global.
Quero aqui mencionar o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, cujo Presidente saúdo. Penso que partilhamos a convicção de que é a altura certa para darmos passos decisivos no sentido da concretização de um verdadeiro hospital universitário, tornando as nossas instituições parceiras mais efetivas na grande aventura do conhecimento.
Ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que também saúdo, quero reafirmar a minha crença profunda, que penso que também partilha, de que a Universidade e a cidade têm os seus destinos indelevelmente ligados, e que do nosso trabalho conjunto depende muito do futuro desta região.
Tenho plena consciência de que uma estratégia só se concretiza se for adotada coletivamente. Quero por isso agradecer ao Conselho Geral, e em especial ao seu presidente, Doutor Emílio Rui Vilar, a confiança que em mim depositou de forma tão expressiva, e o seu sufrágio desta mesma estratégia.
Acredito no valor da colegialidade universitária. Tenho-o praticado quotidianamente no Senado e em toda atividade universitária. Uma decisão coletivamente amadurecida é uma melhor decisão. Sempre procurei o debate de ideias, e continuarei a fazê-lo. É para mim um privilégio poder colaborar na concretização de boas ideias, independentemente de quem as teve inicialmente.
Um agradecimento sentido é devido aos diretores e subdiretores das Faculdades, restantes unidades orgânicas, unidades de extensão cultural e apoio à formação, centros de investigação, e outros setores da Universidade. Permitam-me aqui um agradecimento muito especial ao seu decano, Prof. Santos Justo, jubilado há poucos dias, pelo empenho exemplar com que cumpriu até ao último dia as suas funções, sempre com o superior interesse da sua Faculdade e da sua Universidade em mente. A Universidade, e eu próprio, ficar-lhe-emos para sempre reconhecidos.
Um agradecimento é igualmente devido a todos os dirigentes da administração, dos SASUC e restantes serviços da universidade. Aos docentes, aos investigadores, ao pessoal técnico em geral, é devido o reconhecimento de que tem sido o seu empenho, quantas vezes para além do contratualmente exigível, que permitiu que a Universidade ultrapassasse estes tempos difíceis, e esteja agora a construir o seu caminho com ambição.
Aos estudantes presentes nos órgãos da Universidade, à Associação Académica de Coimbra e seus dirigentes, e em especial aos presidentes com quem trabalhei, Bruno Matias, Ricardo Morgado e Eduardo Melo, agradeço o diálogo empenhado e construtivo numa procura conjunta de soluções, que tem permitido melhorar tantos aspetos do funcionamento da Universidade.
Um agradecimento muito especial vai para a equipa que me tem acompanhado de mais perto, e que generosamente aceitou continuar para este mandato que agora se inicia: são os vice-reitores Amílcar Falcão, Luís Menezes, Helena Freitas, Madalena Alarcão, Vítor Murtinho, Joaquim Ramos de Carvalho, Margarida Mano e Clara Almeida Santos, e ainda a Dra. Teresa Antunes, agora como administradora da Universidade, e a Dra. Regina Bento, que continua como administradora dos SASUC. Foram eles os principais artífices diários do esforço de desenvolvimento da UC, e por isso credores do meu profundo agradecimento, que estendo desde já ao Dr. Nuno Correia, que aceitou ocupar o exigente lugar de chefe de gabinete. A todos quero exprimir o meu profundo agradecimento por partilharem comigo este desafio que nos entusiasma. Ao Dr. Jorge Tavares, que exerceu o cargo de administrador até ontem, agradeço a sabedoria com que soube estabilizar o funcionamento da administração, que tão necessitada estava dessa constância.
Não termino sem agradecer à Professora Margarida Ramalho, Decana da Universidade, as suas palavras de há pouco. Para mim, no entanto, o verdadeiro privilégio é tomar posse neste cargo pelas suas mãos, uma das mestres que, sendo eu estudante, me marcou pelo empenho, pelo rigor, pela simpatia. Obrigado!
Agradeço ainda a presença aos colegas reitores de outras universidades, companheiros de muitas lutas travadas em prol da autonomia universitária, e portanto do desenvolvimento do país. Aos reitores das Universidades de Aveiro e Beira Interior, cuja presença particularmente agradeço, reafirmo a vontade de trabalharmos em conjunto, para melhor cumprirmos a nossa obrigação de ajudarmos ao desenvolvimento da nossa região.
Agradeço, em geral, a todos os que assistem a este momento, honrando-me com a sua presença.
Creiam, no entanto, que nada disto faz sentido sem aqueles que me são verdadeiramente próximos. À minha esposa, aos meus quatro filhos fantásticos, agradeço tudo. O estarem sempre ao meu lado. Aos meus pais, devo o essencial do que sou.
Simbolicamente, retomámos nesta cerimónia a tradição secular de registar em livro próprio as tomadas de posse dos Reitores. O livro em que o fizemos começou a ser utilizado em 1913 mas, a partir de 1969, por força de um decreto desse ano há muito revogado, passou a ser nele inscrita apenas uma curta referência a cada tomada de posse. Hoje foi de novo nele inscrito o termo de posse completo. É uma sensação especial, iniciar funções assinando um livro com um século.
É para mim, de facto, uma honra enorme começar a servir a Universidade, neste mandato, no exato dia em que ela completa 725 anos de existência. É um orgulho que me enche de humildade, tão pequeno sou perante tal percurso. Creio firmemente que a Universidade de Coimbra pode ser uma Universidade Global. Com trabalho e um foco estratégico claro podemos atingir esse nível de qualidade e de atratividade.
Retomo assim aqui, com plena centralidade, a palavra simples que vos trouxe há quatro anos, nesta sala: otimismo. Interpreto o novo mandato que me foi concedido como uma manifestação de que conseguimos, apesar das nuvens sombrias que sobre nós pairavam, não apenas resistir à crise, mantendo a paz interna, mas também lançar inúmeras frentes de desenvolvimento da Universidade de Coimbra.
Olho para os próximos quatro anos como um mar de oportunidades.
Obrigado pela vossa atenção.
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