O Bloco de Esquerda denunciou hoje que a Câmara Municipal da Figueira da Foz está a ser “enganadora e inexata” na comunicação sobre a criação de um polo da Universidade de Coimbra na cidade.
A denúncia surge depois de uma reunião entre o BE e o reitor da Universidade de Coimbra, onde dizem ter ficado clara a diferença entre a criação de um “polo” e de um “campus” da UC.
Num comunicado, enviado ao Notícias de Coimbra, o BE afirma que o “atual executivo e o movimento Figueira a Primeira (FAP) têm comunicado com os figueirenses de uma forma no mínimo inexata e por vezes até enganadora.” Afirmam no documento que registam “progressivas incongruências, falta de clareza e até regozijo por metas já atingidas” por parte do presidente da Câmara, mas que constaram que estas estão “ainda muito longe de ser concretizadas”, referindo-se ao processo de criação de um campus universitário.
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A intervenção da FAP na última Assembleia Municipal sobre a “instalação do “polo” da UC na Figueira ainda este ano,” criou – segundo o Bloco de Esquerda – “falsas expetativas aos figueirenses e às instituições e empresas que poderão eventualmente beneficiar da instalação de um campus da UC na Figueira da Foz”.
Depois de Santana Lopes não ter respondido de forma satisfatória às questões colocadas pelo partido, os bloquistas revelam em comunicado que se reuniram com Amílcar Falcão para “para esclarecer todas as incongruências sobre este processo e poder transmitir a verdade sobre o mesmo aos figueirenses”.
“Depois de questionarmos o Presidente do Executivo sobre este tema e de não obtermos respostas satisfatórias da parte do próprio, resolvemos agendar uma audiência com o Senhor Reitor da UC ” – revelam, divulgando um conjunto de itens que terão debatido com a Universidade.
Leia aqui os pontos do comunicado:
“Atualmente está em curso entre a Câmara e a UC a elaboração de um protocolo que visa definir as responsabilidades de cada parceiro relativamente aos espaços futuros a virem a ser ocupados pela UC, numa bem-vinda estratégia de expansão da sua presença na Figueira da Foz. Este está pendente da resposta do Executivo Camarário e enquanto não for assinado a UC não poderá tomar alguma iniciativa relativamente a esses espaços;
Numa primeira fase, o espaço que ficar a cargo da UC servirá apenas para dar apoio aos alunos de formação avançada, investigadores e docentes da UC que já se encontram no nosso concelho em atividades relacionadas com o laboratório MARE ou com a Incubadora. Não servirão para novos cursos, não serão abertas novas inscrições para alunos que virão estudar exclusivamente para a Figueira e, sobretudo, não servirão para acolher um novo Polo da UC;
Legalmente, as universidades não podem abrir novos polos, ao contrário do que sucede com os politécnicos. As universidades podem sim abrir novos campus universitários ou extensões. Os polos têm uma autonomia que os campus não têm. A diferença não é apenas de semântica, embora a instalação de um campus seja de qualquer forma um acontecimento muito positivo para a Figueira;
A abertura de novos cursos a serem lecionados na Figueira da Foz (no domínio da economia do mar e do ambiente) aos quais concorrerão novos alunos, esses sim com a obrigação de estudar permanentemente na Figueira, deverá obedecer a um longo processo de aprovação e de certificação dos cursos que passa por vários órgãos da UC (faculdade, senado, conselho diretivo, conselho geral, etc.) e pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Só depois deste longo processo poderão ser abertas matrículas para cursos a ser lecionados num futuro campus da Figueira da Foz. Este é um processo longo que pode durar na melhor das hipóteses dois anos, mas que em geral é mais longo. Quer isto dizer que não haverá certamente campus com ensino de novos cursos na Figueira da Foz antes de setembro de 2024;
Foi com agrado que constatámos que o Senhor Reitor nos apresentou uma visão consistente a longo prazo, começando pela consolidação e pelo reforço das atividades de investigação que já decorrem na Figueira associadas ao laboratório MARE, para posteriormente ser alargada a oferta de investigação e eventualmente ao ensino superior à medida que os resultados forem surgindo. Deste modo, evita-se a abertura apressada de cursos para os quais poderá não haver procura e a triste repetição do encerramento de unidades de ensino superior que já conhecemos no passado. O objetivo será de, num horizonte temporal mínimo de 10 anos, a Figueira ter um campus com algumas centenas de alunos com capacidade de ensino e/ou investigação equivalente a uma faculdade.”
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