Um grupo de camponeses encontrou quatro corpos em avançado estado de decomposição, dois dos quais decapitados, numa zona de Cabo Delgado, norte de Moçambique, que tem sido alvo de rebeldes armados.
A descoberta foi feita ao raiar do dia, na quarta-feira, por três camponeses que se dirigiam para campos de cultivo na aldeia de Malamba, distrito de Nangade, disse hoje um deles à Lusa.
Dois dos corpos estavam decapitados, sinal de que “são terroristas os que os mataram”, disse.
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Segundo a mesma fonte, os corpos foram sepultados no local onde foram descobertos devido ao estado degradado em que estavam.
“Abrimos quatro covas no mesmo sítio e enterrámos os corpos”, descreveu.
Uma outra fonte do mesmo grupo disse ainda à Lusa que a população continua a fugir das aldeias para a sede distrital, Nangade, por recear novos ataques.
“Os terroristas estão a fazer estragos, é por isso que a população foge”, relatou, acerca da violência entretanto confirmada pelo administrador local, Dinis Mitandi.
O distrito tem sido alvo de vários ataques desde fevereiro.
Nangade está entre duas partes distintas de Cabo Delgado: a nascente faz fronteira com Palma e Mocímboa da Praia, área dos projetos de gás e que tinha sido palco dos principais confrontos até 2021.
Do lado poente fica Mueda, que tem servido de refúgio para milhares de deslocados.
À medida que a ofensiva militar apoiada pelo Ruanda e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avança, ao libertar as zonas de Palma e Mocímboa da Praia, suspeita-se que os rebeldes estejam em fuga para distritos e províncias vizinhas, dando origem a estes novos ataques contra povoações.
A situação está a colocar pressão sobre o distrito de Mueda, onde estão cerca de 135.000 deslocados, com “a maioria dos centros de acolhimento sobrelotada e em breve a atingir a capacidade máxima”, disse está semana o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) num relatório sobre a situação em Cabo Delgado.
A província é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
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