Política
PS e PSD trocam acusações sobre responsabilidade da repetição de eleições na Europa
PS e PSD trocaram hoje acusações sobre a responsabilidade da repetição das eleições legislativas no círculo da Europa, com os socialistas a acusaram os sociais-democratas de “duplicidade” e “calculismo político”.
No final do debate parlamentar com a ministra da Administração Interna, requerido pelo PSD, o vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves afirmou que a discussão foi “uma oportunidade perdida” para os sociais-democratas explicaram aos eleitores emigrantes os seus “ziguezagues” no processo que culminou na decisão do Tribunal Constitucional de repetir as eleições no círculo da Europa.
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O deputado único e líder do Chega, André Ventura, tinha responsabilizado, um pouco antes, os dois maiores partidos pela anulação de mais de 150 mil votos dos emigrantes, citando notícias segundo as quais os líderes do PS e do PSD, António Costa e Rui Rio, teriam conversado no sentido de serem retirados os protestos à última hora.
“O PS não podia retirar as reclamações porque não as tinha apresentado. O PSD nessa mesma noite, diga ou não se é verdade, tentou recuar e deixar de fora da agenda os protestos que tinha apresentado”, respondeu Pedro Delgado Alves.
O PSD, que já não tinha tempo no debate, recorreu à figura da defesa da honra da bancada: “Que eu saiba, em termos de PSD, isso não é verdade, mas pode completar essa situação pedindo aos dirigentes do seu partido para lhe explicar”, afirmou o deputado e secretário-geral José Silvano.
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, acusou o PSD de “duplicidade” e “calculismo político” e associou-se ao pedido de desculpas aos emigrantes já formulado pelo primeiro-ministro, embora considerando que os socialistas são “alheios ao sucedido”.
Também a ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem, considerou que não foram apontadas ao longo do debate “nenhuma falha ou omissão” do Governo que possam ter originado a situação de “semiparalisia do poder legislativo e executivo”, apelando ao “bom senso” dos partidos para que não haja “novo impasse” neste ato eleitoral no círculo da Europa, que já obrigou ao adiamento da posse do Governo e do novo parlamento por mais de um mês.
Também o BE, através do líder parlamentar Pedro Filipe Soares, fez uma “crítica firme e direta a todo o papel do PSD neste processo”, considerando que o partido liderado por Rui Rio teve “dois pesos e duas medidas”.
Pedro Filipe Soares formulou um “pedido de desculpas pela parte do BE a todos os emigrantes” pelo desenrolar dos acontecimentos, já que estas eleições legislativas deviam ter sido preparadas de forma diferentes porque “a lei estava errada e devia ter sido mexida”.
Da parte do PCP, o deputado António Filipe elencou uma “soma de infelicidades” que rodearam o ato eleitoral de 30 de janeiro, e criticou e lamentou a queixa-crime do PSD contra os membros das mesas de voto da emigração, afirmando que estes “não atuaram de má-fé, nem com dolo”.
O deputado comunista deixou ainda um alerta: “As eleições em democracia não são campo de experimentalismos”.
A deputada e porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou a anulação dos votos dos emigrantes na Europa “lamentável” e, sobre a exigência de uma cópia da identificação do eleitor, afirmou que já depois de conhecida a decisão do TC continuou a ser transmitida publicidade televisiva que não incluía a referência a essa obrigatoriedade, informação que a ministra disse não estar correta.
Inês Sousa Real questionou ainda a ministra sobre a data para a alteração da lei eleitoral, com Francisca Van Dunem a afirmar que essa é uma questão para a deputada colocar “ao próximo parlamento”.
Pelos Verdes, Mariana Silva acusou o Governo de “não ter empenhado os meios necessários” para divulgar a informação necessária ao ato eleitoral, considerando que “também aqui se sentem os efeitos da redução das representações de Portugal no estrangeiro, do encerramento de embaixadas e de consulados e a redução do pessoal diplomático”.
O deputado e presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, afirmou que o debate reforçou as dúvidas do seu partido sobre todo o processo, questionando os valores hoje apresentados pela ministra de que entre 72 e 99% dos emigrantes teriam recebido os boletins de voto.
“Estes 27% não são de somenos”, criticou.
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