Região
Consultor imobiliário acolhe três refugiados em Montemor-o-Velho
Um consultor imobiliário do concelho de Montemor-o-Velho acolheu três refugiados ucranianos, que esta manhã se dirigiram à delegação de Coimbra do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para tentar regularizarem a sua situação, mas sem sucesso.
Depois de alguns dias de viagem, atravessando várias cidades do cento da Europa, uma mulher (viúva) de 57 anos, a filha de 35 e o neto de oito anos foram acolhidos por André Espírito Santo, na aldeia do Meco, freguesia de Arazede, no concelho de Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra, numa casa que era da sua avó.
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“Já conhecia a Lana (35 anos) das redes sociais devido a um amigo ucraniano em comum e quando rebentou a guerra, com a invasão russa, ela pediu-me se tinha forma de a acolher”, explicou à agência Lusa André Espírito Santo, que antes de tomar a decisão se aconselhou com familiares e amigos.
O amigo ucraniano, que residia em Coimbra, abandonou a cidade no início deste março, juntamente com três compatriotas, para se juntar à resistência armada em Kiev, na capital da Ucrânia.
Hoje de manhã, André deslocou-se à Loja do Cidadão de Coimbra com os três refugiados para obterem visto do SEF, mas o atendimento ainda continua a ser por marcação e teve de ser agendado para o início da próxima semana.
Inicialmente, só Lana e o filho Andrew abandonaram a cidade ucraniana de Mukachevo, com cerca de 85 mil habitantes, próximo das fronteiras com a Hungria, Polónia, Eslováquia e Roménia, a 779 quilómetros da capital Kiev.
Seguiram em direção à cidade húngara de Nyíregyháza, onde ainda estiveram alguns dias num campo de refugiados antes de iniciarem a viagem até Portugal, que durou cerca de cinco dias.
Deixando para trás habitação própria, Natalya, mãe de Lana, atualmente no desemprego, só passado alguns dias se juntou à filha e ao neto na fronteira com a Hungria e seguiu de boleia com um casal ucraniano para o Porto, onde chegou no dia 06 de março.
Até chegarem a terras lusitanas, Lana e Andrew passaram por Budapeste, Viena de Áustria, Munique, Paris, Bordéus, Hendaye e Guarda até chegarem a Coimbra, na madrugada do dia 09 de março.
“Vou ajudar durante pelo menos um mês, a ver se os insiro na sociedade e depois a minha missão fica cumprida”, sublinha André Espírito Santo, que já conseguiu arranjar uma senhora de Tentúgal que se disponibilizou para ensinar português aos três refugiados.
O objetivo é que depois de aprenderem a língua de Camões consigam arranjar emprego e, posteriormente, quando auferirem de salário possam arrendar uma habitação próximo do local de trabalho.
Apesar de apenas falar ucraniano e russo, Lana levanta os dois polegares quando se apercebe que lhe estão a perguntar como estão a ser os primeiros dias em Portugal, referindo, em curtas expressões em inglês, que “está a ser muito bom” e que agradece.
“Quero aprender, desenvolver e que o meu filho tenha uma boa educação e uma vida feliz”, disse Lana à agência Lusa, através do tradutor do telemóvel, salientando que decidiu abandonar o seu país para segurança do Andrew, de oito anos, que estudava num colégio privado.
Esta refugiada ucraniana era supervisora de charcutaria num supermercado da sua cidade.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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