Saúde
Estudo de investigadores Champalimaud ilustra como cérebro aprende movimentos
Investigadores da Fundação Champalimaud afirmam ter descoberto um novo circuito de comunicação entre células cerebrais que poderá explicar a capacidade de aprender novos movimentos, desde tocar piano a andar de bicicleta.
Num estudo publicado hoje na revista Science Advances, descrevem como células da camada externa do cérebro – o córtex – enviam sinais para uma área profunda – o estriado – através de um circuito até agora desconhecido e especulam que distúrbios neste circuito poderão estar ligados a doenças neurológicas como a Parkinson.
“Estamos interessados em entender se este circuito é afetado em distúrbios como Parkinson ou a doença de Huntington”, afirmou o autor e líder do estudo Rui Costa, da Universidade de Columbia e da Fundação Champalimaud, considerando que “ainda há muito para explorar” mas que o estudo permite perceber melhor como se aprende o movimento.
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Usando um processo chamado optogenética, os cientistas conseguem perceber as relações entre as células do cérebro de ratinhos de laboratório, modificando-as geneticamente e usando luz para estimular umas e estudar a resposta das outras.
À partida, os investigadores sabiam que dois tipos de células do córtex, os neurónios IT e TP enviam sinais para a zona mais profunda do cérebro, “muito importantes para a aprendizagem motora”, que estão relacionadas com doenças como a Parkinson, que afetam o movimento.
Estas contactam com os neurónios SPN, que compõem 95 por cento do corpo estriado, mas através da optogenética, descobriram que há um outro tipo de células envolvidas na comunicação entre o córtex e o corpo estriado.
Os neurónios TP ligam-se a estes “intermediários” chamados CHI, estes libertam um neurotransmissor chamado acetilcolina que estimula os SPN do corpo estriado.
Essa ligação secundária coexiste com a ligação direta entre os neurónios do córtex e os do corpo estriado e os cientistas admitem que a ligação direta seja responsável por preparar ações específicas e a secundária desencadeie os movimentos propriamente ditos.
“Isso pode ser importante para o comportamento, já que a aprendizagem acontece quando há uma mudança nas conexões entre as células cerebrais”, refere o investigador Nicolas Morgenstern, primeiro autor do estudo.
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