Justiça
Emoção no início do julgamento do homicida de Meãs do Campo (com vídeos)
O homem, de 56 anos, que, em maio do ano passado, matou um vizinho a tiro e feriu outro com gravidade, começou hoje a ser julgado no Tribunal de Coimbra. O arguido, considerado inimputável perigoso, está internado e não esteve presente. A primeira sessão do julgamento, com várias pessoas na assistência, ficou marcada por um depoimento emocionado da filha da vítima mortal que é militar da GNR.
O julgamento estava agendado para as 09:15 desta quarta-feira, mas começou com mais de uma hora de atraso porque o procurador do Ministério Público (MP) teve de ser substituído por motivo de doença. O crime aconteceu a 14 de maio de 2021, em Meãs do Campo, Montemor-o-Velho, quando o arguido matou, sem motivo aparente, com uma carabina, equipada com mira telescópica, um vizinho, José Cascão, 81 anos, antigo taxista, que estava sentado no seu automóvel à porta de casa. Depois, disparou também sobre outro vizinho, José Ferreira, provocando-lhe ferimentos que viriam a resultar na amputação parcial de um braço.
João Prazeres, o homicida, barricou-se em casa durante cerca de duas horas, acabando por se entregar às autoridades na noite do crime, conforme o Notícias de Coimbra reportou em direto na altura. Está acusado de um crime de homicídio qualificado, um crime de homicídio qualificado na forma tentada e um crime de dano.
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João Prazeres não esteve presente nesta primeira sessão do julgamento, tendo sido consideradas, para efeitos de julgamento, as declarações prestadas em sede de interrogatório.
José Ferreira, o sobrevivente do ataque, foi ouvido pelo coletivo de juízes. “Ouvi dois disparos e saí para a rua, na hora em que saí, vi-o a espreitar na varanda e virou-se para mim”, contou. “Eu apercebi-me e tentei-me esconder, mas já não fui a tempo. Fui logo atingido”, acrescentou, dizendo que o atirador “fugiu para dentro de casa e nunca mais ninguém o viu”. Questionado sobre se tinha conhecimento de algum problema psiquiátrico do vizinho ou se tinha assistido a comportamentos “mais estranhos ou desadequados” o homem negou.
Um dos momentos mais marcantes da primeira sessão do julgamento ocorreu quando foi ouvida uma das filhas de José Cascão. Militar da GNR, emocionou-se várias vezes ao contar que estava a aguardar que o pai chegasse a casa para lanchar quando ouviu o que lhe pareceu ser um disparo e depois outro, quando já estava a chegar junto do progenitor. “Quando vi que o meu pai tinha o vidro aberto perguntei-lhe se estava tudo bem, mas ele não me respondeu. Abri a porta, ele tinha a máscara para baixo e não me respondia. Eu não estava a perceber o que tinha acontecido”, descreveu, dizendo depois que chegou a pensar que o pai “se tinha suicidado” porque a mulher, com quem fez uma vida em comum de 50 anos, tinha morrido há pouco tempo. Relatando que depois tentou avaliar “os sinais vitais” do pai, a testemunha referiu que “não fazia a mínima ideia do que tinha acontecido”.
A mulher de José Ferreira, ouvida também em tribunal, contou de que forma o ataque mudou a vida do marido. “Ele tinha umas mãos sagradas, fazia de tudo, agora nem um pão para comer”, disse.
Depois de uma perícia psicológica, foi identificada anomalia psíquica grave ao arguido. Foi considerado inimputável pelo que o Ministério Público considera que deve ser condenado a uma pena de internamento. Para além disso, pede que seja também ser considerado perigoso tendo em conta o risco de reincidência de novos crimes. O julgamento prossegue no Tribunal de Coimbra.
Veja o direto NDC no início do julgamento no Tribunal de Coimbra:
Veja o direto NDC no Tribunal de Coimbra depois de ouvidas as primeiras testemunhas:
Veja o direto NDC no dia do homicídio:
Veja o direto NDC com o presidente da Junta a recordar a vítima mortal:
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