Crimes
Prisão preventiva para “produtor” em larga escala de canábis
Uma pessoa ficou hoje em prisão preventiva após interrogatório judicial, por ser suspeita de integrar uma organização criminosa com implantação em vários países europeus dedicada à produção e tráfico de canábis, anunciou à Lusa a Polícia Judiciária (PJ).
De acordo com fonte da PJ, apenas um dos quatro detidos hoje foi sujeito a prisão preventiva, sem adiantar mais pormenores.
As quatro pessoas detidas em Portugal por fortes suspeitas de integrarem uma organização criminosa de produção e tráfico de canábis com implantação em vários países europeus pertencem a “uma rede bem organizada”, disse hoje a PJ.
O anúncio da detenção dos três homens e da mulher, com idades compreendidas entre os 35 e os 59 anos, foi feito hoje de manhã pela polícia, em comunicado, referindo estar em causa a distribuição “em larga escala” de canábis.
Já em declarações aos jornalistas na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, o coordenador de Investigação Criminal António Dias explicou tratar-se “claramente de uma rede bem organizada”, sendo todos os cidadãos detidos de nacionalidade chinesa, “sem antecedentes criminais em território nacional”.
O coordenador sublinhou que, apesar da nacionalidade dos detidos, não se pode atribuir a exclusividade da gestão da organização à comunidade chinesa.
Quanto à escolha do país para a produção da droga, António Dias disse poder justificar-se “não só pelas condições climatéricas, embora [a produção da canábis] seja em ambiente controlado, mas pela facilidade de acolhimento em Portugal”.
De acordo com o responsável, os locais de produção desmantelados funcionavam no interior de armazéns de grandes dimensões, localizados na região de Lisboa, mais propriamente na denominada Margem Sul (distrito de Setúbal, na margem sul do rio Tejo), e na zona centro do país, sendo que neste último caso se encontrava ainda em fase de instalação.
António Dias explicou ainda que a droga era enviada sobretudo para países do norte da Europa, como Países Baixos, Bélgica e Alemanha, através de “remessa de encomendas sempre feitas através de transportadoras”, sendo o produto “dissimulado em carga fictícia”.
Nos locais foram apreendidos “125 quilos de canábis já preparada para ser embalada” e “vários milhares de pés de plantas de Canábis Sativa L em diferentes estados de crescimento”.
“Não há contabilização de dinheiro, mas trata-se de um valor elevado, na ordem das centenas de milhares de euros”, disse António Dias.
A operação, segundo a PJ, contou com o apoio do Laboratório de Polícia Científica e é o resultado de uma investigação iniciada em meados de 2021 na sequência da deteção, em território nacional, de encomendas de canábis que estavam a ser enviadas para outros países europeus.
O espaço ainda em instalação no centro do país, que já tinha produção, estava equipado com “sofisticados sistemas de controlo de temperatura, humidade, fertilização, rega, ventilação e extração forçada de ar, com filtragem de odores”, tudo para maximizar a capacidade produtiva e evitar a sua deteção por parte das autoridades.
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