Política
PS e PSD em círculos eleitorais adversos. CDU com nova “baixa”
Os líderes do PS e do PSD estão hoje a percorrer círculos eleitorais adversos para os seus partidos, num dia em que o dirigente comunista João Ferreira testou positivo ao SARS-CoV-2 e abandonou a campanha da CDU.
Na semana passada, o secretário-geral do PCP saiu de repente da campanha para ser submetido a uma cirurgia de urgência à carótida interna esquerda, sendo substituído pelos dirigentes do seu partido João Ferreira e João Oliveira.
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Jerónimo de Sousa já está a recuperar em casa, depois de ter tido alta médica na segunda-feira. Mas hoje, de manhã, surgiu mais um caso inesperado de saúde: João Ferreira falhou uma ação de campanha em Loures, onde foi substituído por Bernardino Soares, e depois testou positivo à covid-19.
O dirigente comunista João Oliveira, que já tinha dividido parte das ações da campanha com João Ferreira, vai passar a ser ‘o rosto’ da caravana da CDU até ao regresso de Jerónimo de Sousa, previsto para o final desta semana.
Neste terceiro dia de campanha oficial para as eleições legislativas de 3O de janeiro, o secretário-geral do PS está na Madeira, onde os sociais-democratas dominam, e o presidente do PSD começou a jornada em Setúbal e termina em Castelo Branco, dois círculos eleitorais tradicionalmente favoráveis aos socialistas.
Por causa do mau tempo, António Costa chegou com atraso à Madeira e teve de cancelar uma ação de rua no centro do Funchal. O secretário-geral do PS esteve reunido com lesados do BANIF e foi confrontado pelos jornalistas com o teor de um artigo escrito pelo dirigente histórico socialista Manuel Alegre, hoje, no jornal “Público”, que criticou o PS por se colocar “na dependência” do PAN.
“Por isso é que temos de ter uma maioria”, respondeu o secretário-geral do PS.
Em Setúbal, o presidente do PSD disse acreditar no “potencial de crescimento” dos sociais-democratas neste círculo eleitoral, historicamente de esquerda, entrou na Casa da Sorte, de venda de raspadinhas, e já na rua disse: “Se o PSD ganhar as eleições sai a sorte grande a Portugal”.
O presidente do PSD defendeu ainda que há unidade entre os sociais-democratas.
“Não me posso queixar disso, acho que neste momento está efetivamente unido. Se me posso queixar, ao longo do trajeto que fiz de turbulência a mais dentro do partido, neste momento não me posso queixar disso”, afirmou.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, esteve no Bairro da Jamaica, concelho do Seixal, distrito de Setúbal, onde se encontrou com a família Coxi, e atacou o presidente do Chega, André Ventura.
“É a primeira campanha em que temos um líder de um partido representado na Assembleia da República que é condenado com uma sentença transitada em julgado por insulto e por um insulto com motivação racista [à família Coxi]. A melhor lição que lhe podemos dar no dia 30 é a sua derrota e o BE reforçado como terceira força política. É a derrota de André Ventura e é essa derrota que queremos impor”, afirmou.
Algumas horas depois, já durante a tarde, em Aveiro, André Ventura respondeu a Catarina Martins, dizendo que se ficar atrás do BE será “uma derrota” para o Chega, mas que os bloquistas estão a perder terreno.
“Continuo a entender que não somos um país racista e que o racismo serve para esconder a corrupção que está enlameada no Estado e o atraso económico”, declarou.
André Ventura referiu-se também ao debate televisivo entre todos os partidos que elegeram deputados em 2019, na segunda-feira, na RTP.
“Creio que houve aqui um virar de página que pode ajudar a direita a ganhar a dinâmica para vencer as eleições de dia 30”, disse.
Em Oeiras, distrito de Lisboa, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, teve ao seu lado o antigo presidente do partido e candidato a deputado Ribeiro e Castro, tendo acusado o PS de não apresentar “solução rigorosamente nenhuma para o país” e António Costa de ser candidato “à época de recurso” por pretender apresentar a mesma proposta de Orçamento para 2022.
Já a porta-voz do PAN aproveitou o dia de hoje para insistir nas suas críticas à construção do novo aeroporto complementar de Lisboa.
Numa ação no Montijo, com galochas calçadas, Inês de Sousa Real, declarou que a zona em que se pretende construir o futuro aeroporto, “em 30 anos, vai estar inundada”, pelo que o projeto de construção do aeroporto “vai meter água” e também “afundar muitos dinheiros públicos”.
O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, esteve no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, defendeu que as parcerias público-privadas (PPP) na área da saúde são “boas” e responsabilizou PS, BE e PCP pelo seu fim.
“O Tribunal de Contas fez há poucos meses a conta do quanto é que seria poupado no Sistema Nacional de Saúde se todos os hospitais tivessem a mesma eficiência que tem as PPP e a conclusão a que chegou é que poderiam ser poupados 767 milhões de euros por ano”, advogou.
O fundador do Livre Rui Tavares reuniu-se com a Plataforma das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD), em Lisboa, e afirmou que o seu partido vai convidar PS, BE, PCP e PAN para reuniões logo após o dia 30 de janeiro, dizendo que se houver uma maioria de esquerda estas forças políticas “terão de se entender”.
Além de PS, PSD, BE, CDU (PCP/PEV), CDS-PP, PAN, Chega, Iniciativa Liberal e Livre – partidos que conseguiram representação parlamentar nas legislativas de outubro de 2019 –, concorrem às eleições de 30 de janeiro outras 12 forças políticas, num total de 21.
Os outros partidos concorrentes são: Aliança, Ergue-te (ex-PNR), Alternativa Democrática Nacional (ex-PDR), PCTP-MRPP, PTP, RIR, MPT, Nós, Cidadãos!, MAS, JPP, PPM e Volt Portugal, que se estreia em legislativas.
Mais de 10 milhões de eleitores residentes em Portugal e no estrangeiro constam dos cadernos eleitorais para a escolha dos 230 deputados à Assembleia da República.
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