Desporto
República pode dizer adeus à Praça
25 de outubro de 1958: O estudante António Barbosa de Melo, presidente do Centro Académico de Democracia Cristã, arrenda um segundo andar na Praça da República, em Coimbra. Acorda com o senhorio, o casal Fontes, o pagamento de 1200 escudos por mês.
E assim pode começar a história do Solar da Praça, da República da Praça, que, 56 anos depois é alvo de um procedimento especial de despejo, o que pode obrigar os estudantes a deixarem a casa situada por cima do café Moçambique, que entretanto já foi Faculdade da Cerveja.
Os herdeiros desses Fontes entendem que a República da Praça não fez prova legal da sua existência, que não cumpriu os requisitos legais, pelo que resolveu aumentar o valor da renda, decisão que tomam ao abrigo do Novo Regime de Arrendamento Urbano, em vigor desde 2012.
A meia dúzia de estudantes que vive na casa que chegou a ser o “Quartel General da Juventude Socialista” discorda, diz que não pretende aderir ao regime de transição, pois a legislação permite que o arrendatário se oponha ao aumento e, como até são uma associação sem fins lucrativos, podem continuar a viver na casa com mais de 100 anos, pois toda a comunidade sabe que são uma República, que, sinal dos tempos, está com o chão podre e a estrutura nos limites.
Fontes e esposa, que andam desde 1990 a tentar correr com os repúblicos, decidem propor uma renovação de contrato por 5 anos, a renovar de dois em dois, mas, como seria de esperar, pede mais pelo andar, que segundo a suas contas, vale 97 210, 00 Euros.
O senhorio, herdeiro do casal que na década de 50 achou que um conto e duzentos era uma valor justo, fez contas e chegou à conclusão que o preço certo é….534, 94 Euros, o que, pela moeda antiga, dá mais de 100 contos por mês, o que obrigaria os estudantes a deixarem de pagar 5,99€ para começarem a desembolsar 534, 94€, o que da um aumento de, ora, 100…1000%…bem… é fazer as contas.
Como os estudantes se recusam a pagar, mal chegou o 3º mês sem receber, Fontes mete a ação em tribunal, reclamando os valores em divida e exigindo que os estudantes saiam da sua propriedade, tentado a resolução do contrato por falta de pagamento.
O caso vai ser julgado no próximo dia 11, logo se verá quem tem razão, mas pelo caminho os inquilinos vão acusando o senhorio de litigância de má fé, recordado os tempos em que Fontes lhes cortou o acesso à água da rede numa vã tentativa de os vencer pelo cansaço, mas pelo sim pelo não, caso sejam obrigados a sair da casa da praça, exigem a restituição de 6 277,26 que pagaram pelo arranjo da cozinha e que tenham meia dúzia de meses para mudar os tarecos.
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