Saúde
Cirurgia pioneira na Alemanha a cargo de médico de Coimbra
Um médico de Coimbra acaba de realizar, na Alemanha, uma cirurgia pioneira para tratar a apneia obstrutiva do sono.
Trata-se de Miguel Jesus Gonçalves, do Departamento de Otorrinolaringologia, Cirurgia da Cabeça e do Pescoço do Hospital Universitário RWTH Aachen.
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A inovação consiste na inserção cirúrgica de um pacemaker na parede torácica direita com ligação à língua para tratamento da apneia obstrutiva do sono.
A maleita consiste num distúrbio respiratório, relacionado com o sono, em que os músculos da língua e o tecido circundante colapsam durante essa fase de repouso. À medida que a língua cai para trás, as vias respiratórias superiores tornam-se fechadas e a respiração pára por um período prolongado (mais de 10 segundos).
“A resultante falta de oxigénio leva a frequentes despertares durante a noite; se não for detectada e tratada, a apneia pode causar sérios danos à saúde”, explica o Prof. Johannes Schiefer, médico sénior do Departamento de Neurologia e chefe do Laboratório Interdisciplinar do Sono do Hospital Universitário de Aachen.
Cerca de quatro milhões de alemães sofrem da doença, que, não sendo tratada, pode levar à redução do desempenho profissional, à sonolência crónica durante o dia e, em particular, a doenças cardiovasculares.
O tratamento convencional da apneia obstrutiva do sono tem sido realizado, até agora, com a ajuda de uma máscara respiratória (terapia CPAP), usada durante a noite. Contudo, não é raro os doentes serem incapazes de lidar com este tratamento padrão na vida diária, uma vez que a máscara pode acarretar feitos secundários indesejáveis, tais como dores de cabeça ou boca seca.
Com a terapia de estimulação hipoglossal, o Hospital Universitário de Aachen oferece um método de tratamento alternativo, clinicamente comprovado e eficaz, sendo particularmente adequado para pacientes com apneia do sono e que não toleram a terapia convencional.
“Durante a operação, é inserido um implante que estimula importantes músculos da língua, através do nervo hipoglosso, de uma forma sincronizada com a respiração; a língua move-se, assim, ligeiramente para a frente, na fase de inalar, e cria espaço onde as vias respiratórias de outro modo estreitariam”, explica o professor associado Miguel Goncalves.
Segundo ele, o “colapso posterior da língua durante o sono é evitado” e, com isso, as pausas respiratórias e a tendência para ressonar.
Até à data, mais de 15 000 pacientes em todo o mundo, a maioria deles nos Estados Unidos da América, foram tratados com sucesso graças a este método, ainda não aplicado em Portugal.
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