Coimbra

“Transtornada” provocou incêndio que causou a morte de um homem (com vídeos)

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 26-10-2021

A mulher que ateou um incêndio na Pensão Lorvanense, na Baixa de Coimbra, do qual resultou um morto, em fevereiro deste ano, confirmou hoje o crime em tribunal, mas disse que estava “muito transtornada” e que “nunca esteve ciente” do que estava a fazer. A arguida, de 47 anos, é ainda suspeita de ter pegado fogo, no dia 7 de janeiro, ao Hotel Avenida, e de ter incendiado a cama de um homem com quem partilhava um quarto, na rua António José de Almeida, no dia seguinte.

A arguida, que já exerceu a profissão de tradutora mas que se encontrava desempregada à data dos factos, está acusada pelo Ministério Público (MP) de um crime de incêndio agravado pelo resultado e dois crimes de incêndio, um deles na forma tentada.

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Em prisão preventiva, a mulher começou hoje a ser julgada no Tribunal de Coimbra. Prestou declarações ao coletivo de juízes e confirmou ter ateado fogo a um quarto da Pensão Lorvanense onde esteve a jantar com um indivíduo que tinha conhecido nesse dia e a quem acusou de a ter violado. Segundo a acusação, cerca das 20:40 do dia 14 de fevereiro, “a arguida fechou-se o quarto e, munida de um isqueiro verde, de marca Clipper, com o desenho de uma caveira, ateou fogo aos cortinados, à roupa de cama e à roupa contida num armário”. O fogo propagou-se e acabou por matar, por inalação de monóxido de carbono, um homem de 73 anos que residia na pensão e deixar desalojadas pelo menos nove pessoas, causando ainda danos no edifício, situado na rua da Sota, onde funciona também um estabelecimento de restauração.

“Eu estava num estado de consciência muito estranho. Nem sei bem o que fiz, não me lembro de nada, não sei o que me passou pela cabeça”, disse à juiz presidente, referindo que tinha estado a beber vinho e que estava também medicada com antidepressivos. Afirmou ainda que na altura foi recolhida pelo INEM “meia alucinada” e não sabia as dimensões que o incêndio atingiu.

A alegada incendiária negou qualquer envolvimento no incêndio do Hotel Avenida, ocorrido a 7 de janeiro deste ano, de que também é suspeita. “Tinha tomado um comprimido e estava a dormir”, disse, afiançando que só se apercebeu do sucedido quando lhe bateram à porta do quarto na unidade hoteleira. Segundo a acusação, a mulher, às 22:55 desse dia, “munida de um objeto incandescente, ateou fogo a umas folhas de papel no hall do segundo andar do hotel, a uma  pinha de ornamentação que se encontrava em cima de um móvel e a algumas peças de vestuário e calçado que aí também se encontravam”.

No dia seguinte, a mulher teve uma discussão com um amigo com quem partilhava um quarto, na Avenida António José de Almeida “tendo pegado numa faca”. O homem agarrou na arma e cortou-se na mão. Quando foi ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra para ser assistido, a arguida ficou sozinha no quarto e, segundo o MP, “pegou num isqueiro que tinha consigo e pegou fogo ao edredão da cama”. Depois, “sentou-se no cadeirão existente junto à cama e aí ficou a contemplar o  fogo, que se foi alastrando pela roupa de cama, mobiliário, paredes do quarto e restante apartamento”. 

Ao coletivo de juízes, disse que “não tinha intenção de magoar” o amigo quando usou a faca. “Só queria dissuadi-lo de me agredir novamente”, afirmou, referindo que era vítima de violência com frequência.  “Lembro-me de acender o isqueiro e de ficar ali sentada a olhar para as chamas. Tive imensa sorte, a minha ideia era acabar tudo ali”, revelou.

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Quando a juiz presidente lhe perguntou se sabia que o incêndio se alastrava e podia causar danos, feridos e até mortes, como viria a  acontecer no fogo da Pensão Lorvanense, a tradutora desempregada disse: “não tive consciência, estava tão desesperada que não consegui pensar em nada”. Sobre as razões desse desespero explicou que “fazia queixas” de agressão contra o amigo ” e os processos eram sempre arquivados”, revelando que ele a “trancava no quarto”.

Durante esta primeira sessão do julgamento foram também ouvidas várias testemunhas.

 

Veja aqui o vídeo do incêndio na Pensão Lorvanense:

Veja a reportagem em direto NDC no local, na altura do fogo:

Veja como ficou a pensão:

 

 

 

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