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Metalúrgica e eletrónica em maioria nos componentes automóveis produzidos em Portugal
As áreas metalúrgica/metalomecânica e elétrica/eletrónica representam 63% dos componentes para automóveis produzidos em Portugal, em 385 fábricas pertencentes a 358 empresas, maioritariamente localizadas (85%) nas regiões Norte e Centro, revelam dados de uma associação do setor.
De acordo com informação disponibilizada à agência Lusa pela Associação de Fornecedores da Indústria Automóvel (AFIA), a metalurgia e metalomecânica têm um peso de quase um terço (32%) dos componentes fabricados no nosso país, logo seguidas das industrias elétrica e eletrónica (31%), dos plásticos, borrachas e outros materiais compósitos (18%), têxteis e revestimentos (11%) e montagem de sistemas (5%).
Segundo os mesmos dados, as 358 empresas existentes em Portugal – 63% de capital maioritariamente português e 37% de capital maioritariamente estrangeiro – estão situadas na Região Norte (55%), seguida da Região Centro, com cerca de 30%. A região de Lisboa e Vale do Tejo congrega cerca de 8% das indústrias do setor e o Alentejo 6%.
Por distritos, as 385 fábricas localizam-se, predominantemente, no litoral Norte e Centro: Aveiro conta com 83 unidades industriais, o Porto com 82, Braga tem 48 e Viana do Castelo 31, representando estes quatro territórios 63% do total de unidades industriais. O distrito de Lisboa possui 26 fábricas, Santarém e Leiria 22, Setúbal 20 e Coimbra 11.
Há ainda fábricas de componentes para automóveis em Viseu (14), Évora (10), Bragança (5), Guarda (4) e Vila Real (3), enquanto Portalegre e Castelo Branco possuem duas unidades industriais cada, sendo Beja e Faro os únicos distritos onde estas indústrias não existem, de acordo com a AFIA.
Entre 2015 e 2019, a taxa de crescimento média anual do volume de negócios situou-se nos 8,8%, atingindo 11,9 mil milhões de faturação em 2019, antes da pandemia de covid-19.
Em 2020, o volume de negócios foi de 10,4 mil milhões de euros (cerca de 5,6% do Produto Interno Bruto nacional), menos 12,6% do que no ano anterior.
Segundo José Couto, presidente da AFIA, 85% das empresas diminuíram o volume de negócios em 2020 face a 2019, “e 73% diz que, em 2021, terá um volume abaixo de 2019”.
“A diminuição é menor do que aquela que aconteceu em 2020, mas mesmo assim é relevante. E, dessas empresas, 43% têm quedas registadas e expectáveis superiores a 20%, o que é uma queda muito importante”, notou.
Em termos relativos, por regiões, o Norte representou 54% do volume de negócios e 57% dos 61 mil postos de trabalho do setor em 2020, enquanto o Centro congregou 24% da faturação e 27% dos postos de trabalho. Em sentido contrário, em Lisboa e Vale do Tejo o volume de negócios (18%) foi superior ao emprego gerado (10% do total) pelos fornecedores de componentes automóveis.
As 358 empresas são 0,9% do total da indústria transformadora, na qual representam 8,8% dos postos de trabalho. Entre 2015 e 2019, foram criados mais de 14 mil postos de trabalho no setor dos componentes para automóveis, uma tendência sempre crescente, que contribuiu para uma taxa de crescimento média anual de emprego de 6,6%, nesse período.
De 2019 para 2020, em plena pandemia de covid-19, o emprego caiu 2% (cerca de mil postos de trabalho), situando-se, atualmente, nas 61 mil pessoas (58% homens e 42% mulheres, proporção que, segundo a AFIA, tem sido constante).
Em 2021, face à redução de encomendas do setor automóvel e, entre outros aspetos, à necessidade de as empresas baixarem os seus custos fixos, a associação alertou para a possibilidade de se perderem mais quatro mil empregos, o que representaria voltar aos níveis de meados de 2017.
No ano passado, as exportações situaram-se nos 8,6 mil milhões de euros (82% da produção total e 16,1% das vendas ao exterior de bens transacionáveis), maioritariamente para a Europa, continente que absorveu mais de 90% dos componentes exportados. O mercado de destino principal foi Espanha (30%), seguido da Alemanha (21,2%) e França (11,8%).
No mesmo período de cinco anos, de 2015 a 2019, a AFIA indica que a taxa de crescimento média anual nas exportações situou-se nos 7,3%. O volume total de exportações caiu, no entanto, 10,8% em 2020 face a 2019, dos 9,7 para os 8,6 mil milhões de euros.
“Temos uma grande relevância nas exportações. Se não conseguirmos encontrar instrumentos para ajudar estas empresas, provavelmente a nossa conta de exportação cairá, porque estas empresas, perdendo competitividade, deixam de estar no jogo do negócio europeu”, afirmou José Couto.
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