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Guerra dos Tronos põe Monsanto em estado de sítio
A aldeia histórica de Monsanto, Idanha-a-Nova, vive, por estes dias, numa espécie de “estado de sítio” devido à preparação para as filmagens de “House of the Dragon”, a nova série de “A Guerra dos Tronos”.
Assim que se atravessa a Relva, localidade que fica a escassa distância da aldeia histórica de Monsanto, é percetível que alguma coisa de diferente está a acontecer, ao avistar-se um amontoado de grades que bloqueiam o largo daquela localidade, condicionado desde segunda-feira para a preparação dos locais que vão ser utilizados para as gravações da prequela de “A Guerra dos Tronos”.
Em Monsanto, junto ao café Baluarte, nome herdado do largo onde está situado, surge a primeira placa de aviso de trânsito condicionado. A presença de um segurança de uma empresa privada reforça esse impedimento.
“Os senhores não podem continuar, porque o acesso ao Castelo está interditado”, disse à reportagem da agência Lusa, mais acima, um outro segurança.
Alguns turistas franceses, que por ali passeavam, tentam também descobrir um percurso alternativo para chegar mais acima. Porém, o resultado é sempre o mesmo: o acesso ao Castelo, um dos locais onde se preparam as filmagens, está proibido.
A maioria das casas de artesanato ou de comércio local tem as portas fechadas, mas também os há com a porta aberta.
Cá fora, na rua, está Maria Alice Gabriel, a proprietária da “Casa Mais Portuguesa”, um pequeno comércio que vende artesanato local e onde se consegue encontrar um pouco de quase tudo.
Maria Alice Gabriel, que para a próxima semana vai fazer 90 anos, queixa-se da falta de clientes.
“Não se vende nada. Nem para um bocadinho de pão ganho”, lamenta.
A comerciante afirma, com orgulho, ser a proprietária da “casa [comercial] mais antiga de Monsanto”.
Concorda com filmes na aldeia, mas lamenta não ter sido informada nem avisada de nada.
“A mim ninguém me disse nada. Nestes dias não há ninguém. Há dias de nem abrir a gaveta da caixa”, disse.
Já no Posto de Turismo de Monsanto, aquilo que se tem sentido é a presença de menos visitantes.
Carla Régio, a funcionária do município de Idanha-a-Nova que se encontrava de serviço na quinta-feira, disse à agência Lusa que “há uma expectativa grande junto das pessoas”.
“Há pessoas que telefonam para cá [Posto de Turismo] a perguntar se podem vir ou se podem passar em determinados locais”, frisou.
Esta responsável admite que o facto de as filmagens decorrerem na aldeia histórica vai beneficiar o turismo em Monsanto.
“Acho que vai ser muito bom para Monsanto, que assim ainda vai ser mais conhecido do que já é. Para aqueles que gostam desta série também vai ser bom, porque podem visitar os locais onde decorreram as filmagens”, concluiu.
O café Baluarte, por enquanto, ainda está num espaço cujo acesso não é condicionado.
António Beatriz queixa-se de que ninguém avisou sobre os condicionalismos a que a aldeia vai estar sujeita.
“Não avisaram nada [o município de Idanha-a-Nova]. Não vieram a avisar ninguém. Os avisos que fizeram foi no ‘Facebook’. Eu não sou obrigado a ter ‘Facebook’ e a maioria das pessoas aqui não tem”, sublinhou.
O proprietário deste estabelecimento lamenta a situação que se vive em Monsanto, apesar de o local onde o café está situado ainda não ter sido fechado.
“Também vão fechar isto aqui, junto ao Baluarte [café] e na Relva [localidade]. A gente vive do turismo. Tivemos a pandemia [covid-19] e a seguir fazem-nos isto. É outra pandemia”, refere.
O município de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, divulgou e tem informação na sua página de ‘Facebook’ sobre o condicionamento do trânsito nas localidades de Monsanto e de Penha Garcia para a realização das filmagens.
“Informamos que foi autorizado o corte de trânsito, nas localidades de Monsanto e Penha Garcia, do concelho de Idanha-a-Nova, para a realização de filmagens de uma série”, lê-se na nota.
O documento adianta ainda que o “acesso ao Castelo de Monsanto estará interdito a residentes e visitantes da aldeia histórica de Monsanto, no período compreendido entre 18 de outubro e 13 de novembro de 2021”.
A autarquia justifica que “esta interdição visa criar condições de logística e segurança para as equipas de trabalho na montagem de cenários e equipamentos e agradece a compreensão de todos os residentes, visitantes e turistas”.
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