Portugal

Municípios com maior autonomia financeira comunicaram mais na pandemia

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 18-10-2021

Um estudo sobre a comunicação dos municípios portugueses no Facebook durante a primeira vaga da pandemia de covid-19 concluiu que as autarquias com maior autonomia financeira comunicaram mais neste período, revelou hoje a Universidade de Coimbra (UC).

A evolução das taxas de infeção em municípios vizinhos e as características sociodemográficas locais foram outros fatores que levaram a que algumas câmaras municipais comunicassem mais ativamente do que outras nesta rede social, de acordo com a análise feita por investigadores da UC.

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Para chegarem a estas conclusões, os autores do estudo – Miguel Padeiro e Ângela Freitas, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Coimbra – extraíram mais de 100 mil publicações das páginas oficiais de Facebook de 304 câmaras municipais (quatro municípios portugueses não têm página nesta rede social), entre março e julho de 2020.

“Os dados obtidos foram posteriormente integrados numa extensa base de dados (que abrangia dados territoriais, sociodemográficos, políticos e institucionais), cartografados e analisados através de métodos estatísticos, as designadas análises de regressão”, refere a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Ao longo da pandemia, principalmente na primeira vaga, as câmaras municipais usaram bastante o Facebook para comunicar. “Era necessário divulgar as medidas de confinamento, mas também providenciar conselhos de higiene, alertar para diversos riscos, dar conta da situação epidemiológica e publicitar os diversos apoios que as câmaras implementavam (compras, medicamentos, apoio social, psicológico, financeiro), contextualiza Miguel Padeiro.

Este estudo, acrescenta, “procurou medir essa comunicação e perceber quais os fatores que levaram alguns municípios a comunicar muito intensamente e outros a comunicar menos”.

Os resultados do estudo, já publicado na revista científica Government Information Quarterly, mostram uma importante variação na intensidade da comunicação através do Facebook.

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“A variabilidade foi também temporal, com um forte aumento das comunicações na altura em que a pandemia se instalava, uma fase mais estável e depois uma tendência para a diminuição a partir de junho. Por outro lado, a característica da população influenciou um aumento da comunicação na fase de forte progressão do vírus, provavelmente porque as vulnerabilidades sociais requeriam um maior cuidado e uma maior comunicação”, afirma o investigador do CEGOT e docente da Faculdade de Letras da UC.

Na era da comunicação digital, em que as redes sociais são uma poderosa ferramenta para alcançar os cidadãos de forma mais direta e divulgar grandes quantidades de informação, os autores deste estudo consideram que os resultados obtidos podem contribuir para “melhorar o nível de preparação em possíveis contextos de crise no futuro”.

“Em particular, a definição de estratégias de comunicação para as crises de saúde pública prolongadas será muito importante e o conhecimento dos fatores que contribuem para uma maior e melhor comunicação será indispensável. A disponibilização de recursos financeiros para a realização de tais estratégias e para a redução da exclusão digital em todos os municípios portugueses pode contribuir para uma divulgação mais eficaz”, sustenta, citado pela UC, Miguel Padeiro.

O próximo passo da investigação vai centrar-se na análise dos conteúdos das comunicações realizadas no Facebook pelas autarquias.

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