Coimbra

José Manuel Constantino considera “dececionante” dotação para o desporto

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 13-10-2021

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, considerou hoje “dececionante” a proposta do Orçamento do Estado para 2022, em referência à dotação do desporto no documento entregue na segunda-feira pelo Ministro das Finanças, João Leão.

“É dececionante. Porque é um Orçamento do Estado que, no fundo, repõe as verbas do período pré-covid-19. Mas nós estamos numa situação que é, nos últimos anos, inferior à que ocorreu antes do início da troika. O financiamento público ao desporto era superior nessa altura ao que é neste momento e ao que foi nos anos anteriores”, começou por lembrar José Manuel Constantino, à margem da entrega do gesso da moeda comemorativa da participação de Portugal nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 por parte da Imprensa Nacional Casa da Moeda.

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O presidente do COP admite que havia a expectativa “que houvesse um sinal da parte do Governo de que essa situação, de algum modo, pudesse ser reposta para valores próximos dos valores antes da intervenção da troika”.

“Até porque esse é um sinal que está a ser dado por vários países europeus, que estão a apresentar propostas muito robustas para apoio ao sistema desportivo, tendo em vista a participação nos Jogos Olímpicos Paris2024. Temos que colocar alguma perspetiva de esperança e vamos trabalhar nesse sentido,” assegurou.

Apesar de lembrar que “não depende exclusivamente da vontade” do COP, José Manuel Constantino diz manter alguma esperança numa eventual alteração da proposta ao Orçamento de Estado apresentado.

“No ano passado não foi possível acolher nenhuma das propostas do COP, da Confederação do Desporto e do Comité Paralímpico de Portugal, porque houve votos contra, quer do Partido Social Democrata, quer do Partido Socialista. A nossa expectativa é que as propostas, que mais uma vez fizemos chegar a Assembleia da República, possam ser objeto de alteração à proposta do orçamento que foi apresentada e que, este ano, possam ter algum acolhimento”, assinalou.

José Manuel Constantino referiu que já é conhecida a proposta francesa, espanhola, italiana, húngara e inglesa, “e Portugal está um bocadinho ao arrepio dessa situação, de um país que, em média, tem um financiamento ao desporto inferior em 40% à média europeia.”

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“Nós temos dificuldades em alimentar a competitividade externa do desporto nacional com níveis de financiamento tão baixos. Se há algum motivo para que os restantes países europeus reforcem os seus orçamentos, é precisamente para aumentar a competitividade. Se nós não seguimos essa linha, se não damos sinais de que é necessário colocar no desporto valores diferentes – noto que neste momento está a ser colocada, relativamente à despesa geral do Estado, qualquer coisa como 0,045%, quando o desporto só na área do emprego gera um valor de 2,5% ou na área do Produto Interno Bruto um valor de 2,3% – torna-se muito difícil fazer omeletes sem ovos”, sustentou.

Além de enaltecer os resultados e feitos nos últimos anos, o que “tem sido extraordinário, porque ocorre num contexto de grande redução do financiamento público ao desporto e tem sido possível, apesar de tudo, níveis de competitividade externa muito elevados”, o presidente do COP acredita que “não é sustentável no tempo.”

“Acho que nenhum governo ficaria bem na fotografia, quando só uma federação consegue quase o dobro daquilo que o Estado português tem para todo o desporto. Mérito da federação. Mas como é possível que uma federação em Portugal, e refiro-me à Federação Portuguesa de Futebol, consiga angariar recursos que são quase o dobro daquilo que o Governo tem para todo o desporto nacional? Isto é uma situação anómala, que deve levar a pensar quem tem responsabilidades políticas”, desafiou José Manuel Constantino.

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