Empresas
Sindicato acusa Super Bock de pressionar trabalhadores para travar greve
O Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos voltou hoje a acusar a cervejeira Super Bock de pressionar os trabalhadores para não aderirem à greve de seis dias a iniciar esta quinta-feira.
“Numa comunicação por e-mail remetida a todos os trabalhadores, a Super Bock volta a referir, ainda que recorrendo a variações semânticas, que a assinatura do acordo de laboração contínua implica não fazer greve e declara ter reunido com trabalhadores para os informar disso mesmo, assumindo agora a evidência daquilo que, ontem [terça-feira], desmentiu à comunicação social, e que o que o Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal [Sintab] considera ser uma chantagem sobre os trabalhadores para provocar uma baixa adesão à greve”, lê-se num comunicado do sindicato enviado à Lusa.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da empresa disse que a Super Bock Bebidas “continua a refutar liminarmente a acusação” do Sintab e diz repudiar “veemente as alegações proferidas por serem totalmente falsas”.
O Sintab já havia acusado na terça-feira passada a Super Bock de estar a ameaçar cortar o subsídio de escala a quem aderisse à greve de seis dias que vai arrancar esta quinta-feira, mas a acusação foi refutada pela cervejeira.
Segundo o Sintab, o processo de negociação das condições de laboração contínua “mantém-se dinâmico e não está ainda fechado”, e lembra que há “uma grande quantidade de trabalhadores que não aceitam a proposta da empresa por conter cláusulas (…) ilegais e abusivas”.
A greve que os sindicatos agendaram para os próximos dias deve-se à falta de dinâmica, provocada pela empresa ao parar a negociação, quando declara ter apresentado uma proposta final, que não é satisfatória para os trabalhadores, explica o sindicato, alertando que quem aceita o acordo de laboração contínua “não tem de abdicar de nenhum direito” e “muito menos ser coagido a não reclamar aumentos salariais e dias de férias que estão a ser negociados para toda a gente e que nada tem a ver com a laboração contínua”.
A par da acusação do condicionamento do direito à greve sobre os trabalhadores, o sindicato acusa também a cervejeira Super Bock de estar a proceder à “substituição ilegal de trabalhadores em greve, durante o período de greve ao trabalho suplementar, recorrendo à alocação de trabalhadores temporários para trabalhos fora do âmbito do motivo justificativo que validava a sua contratação”.
A “alteração das escalas, horários e regimes de trabalho na área fabril de Leça do Balio contra a recomendação do Governo, implementando horários que passaram a promover o cruzamento total entre trabalhadores, quando anteriormente se trabalhava em espelho”, é outra das acusações que o sindicato destaca hoje no comunicado.
A mesma fonte oficial da empresa acrescenta que a Super Bock Bebidas tem um “histórico de postura e espírito construtivo e negocial” e que “sempre pautou e pautará a sua atuação pelo cumprimento escrupuloso da lei”.
“Nesta, como nas anteriores greves, a empresa sempre respeitou e continuará a respeitar a decisão dos trabalhadores.
Relativamente às afirmações que são veiculadas sobre a alteração de escalas, horários e regimes de trabalho na área fabril de Leça do Balio, a empresa esclarece que essas matérias têm tido uma colaboração estreita dos organismos representativos dos trabalhadores, designadamente da Comissão de Trabalhadores da empresa.
No que diz respeito à “substituição ilegal de trabalhadores em greve”, a empresa não pode deixar de afirmar que se trata de uma clamorosa inverdade.”
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