Empresas
Insolvência da Dielmar é negativa para o território pelo “peso enorme” da empresa
A presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) disse hoje à agência Lusa que o impacto do fecho das confeções Dielmar tem “consequências para o território”, onde a empresa tem um “peso enorme”.
“Trata-se de uma empresa [Dielmar] com um peso enorme. Fechar significa que há uma consequência no território e esse impacto pode trazer para o desemprego mais de 300 pessoas que têm um capital de conhecimento técnico de muito valor. É preciso reconhecer isso”, afirmou a presidente da AEBB, Ana Palmeira de Oliveira.
Pouco diversa é a posição de partidos políticos e candidaturas às autárquicas deste ano, que também manifestaram a sua preocupação com o pedido de insolvência da empresa.
A Dielmar, com sede em Alcains, Castelo Branco, e cerca de 300 trabalhadores, avançou recentemente com o pedido de insolvência ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribui aos efeitos da pandemia de covid-19.
Segundo a presidente da AEBB, o Estado tem um valor em crédito na empresa que apoiou em oito milhões de euros, pelo que “terá interesse que seja recuperada”.
“Acredito que façam esforços para a sua recuperação. Já a forma como o irão fazer, não sei. Não é uma surpresa para ninguém que a empresa estivesse mal”, sublinhou.
O próprio Ministério da Economia já disse, numa nota enviada à agência Lusa, que as dificuldades da Dielmar são anteriores à covid-19 e que os apoios de milhões de euros recebidos pela empresa têxtil pressupunham medidas de restruturação que a administração não completou.
Ana Palmeira de Oliveira defende que “o ideal” seria a empresa “continuar a funcionar”, mas desdramatiza a situação e defende que o “território vai ser capaz de superar” a situação.
“Havendo disponibilidade para a recolocação das pessoas, isso poderá ser feito. Caso não seja no setor terá de haver uma readaptação. A vida de trabalho para as pessoas não termina. No entanto, percebo que lutem pelos seus postos de trabalho”, concluiu.
A agência Lusa tentou também obter uma reação da Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa (ACICB), mas até ao momento não foi possível.
Entretanto, o PSD de Castelo Branco, em nota conjunta da concelhia e da distrital, manifestou a sua “solidariedade” para com os trabalhadores da Dielmar e “exige do município e do Governo atitudes concretas”.
“É profundamente lamentável que o Governo e a Câmara Municipal [Castelo Branco] não tenham sido pró-ativos. Mas será imperdoável que não sejam, pelo menos reativos! Estamos cansados do discurso retórico da defesa do interior, da muita conversa e da falta de ação e atitude”, lê-se no comunicado.
Por sua vez, a Direção da Organização Regional de Castelo Branco do PCP (DORCB) manifesta apoio aos trabalhadores da empresa “na luta pela salvaguarda dos seus postos de trabalho” e “exige que o Governo recorra a todos os instrumentos ao seu alcance para garantir a viabilidade económica da empresa”.
Adianta ainda que a autarquia de Castelo Branco “tem o dever de contribuir para se encontrar uma solução para a continuidade da empresa”.
A candidatura do PS à Câmara Municipal de Castelo Branco, igualmente em nota enviada à agência Lusa, refere que “o marasmo atual – de que a situação da Dielmar é mais um exemplo – não pode continuar”.
Leopoldo Rodrigues entende que é preciso um papel ativo do município de Castelo Branco, “num esforço permanente de diálogo com todos os agentes e parceiros sociais, para que se possam evitar situações como esta”.
Também a candidatura independente “Movimento Castelo Branco Merece Mais”, liderada por Rui Amaro Alves, refere em comunicado, que os efeitos do encerramento da Dielmar “terão um impacto desastroso nos trabalhadores e nas respetivas famílias, com a agravante de alguns casais trabalharem ambos na empresa, mas também no comércio local e em geral em toda a atividade económica local e regional”.
“O futuro da empresa está nas mãos dos credores e fundamentalmente na mão do governo”, lê-se na nota.
Já a Câmara de Comércio da Região das Beiras (CCRB) afirma, numa nota em reação ao pedido de insolvência da empresa de confeções de Alcains, que “a falta de meios e de apoios concretos a uma região é de tal forma grave, que outras situações como a desta empresa, se podem seguir”.
“Entendemos que o tecido empresarial não pode ser deixado à sua sorte e temos o dever de nos unir em prol de um interesse comum, o desenvolvimento sustentado do interior”, conclui.
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