Desporto
Mamona de Prata. Obrigada!
A prata no triplo salto dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 consagrou hoje a portuguesa Patrícia Mamona, cuja vida dedicada ao atletismo permitiu-lhe chegar aos mais altos patamares na modalidade sem descurar os estudos.
“Se dissesse que era para piorar nem valia a pena ir. Claro que o objetivo é sempre ser melhor, bater o recorde nacional, mas isto é um objetivo de qualquer atleta que vai para os Jogos Olímpicos. O melhor que fiz foi um sexto lugar, mas muito perto do terceiro”, afirmou Mamona, em 24 de julho de 2019, quando faltava um ano para a data inicial de Tóquio2020.
Os Jogos Olímpicos acabaram por ser adiados para 2021 devido à pandemia de covid-19, uma doença que também a afetou, tornando-se em mais um obstáculo, mas que quase a tirou dos Europeus em pista coberta, nos quais viria a subir ao mais alto lugar do pódio.
Aos 32 anos, Mamona chegou nos seus terceiros Jogos ao ponto mais alto de uma carreira com mais de três dezenas de participações nas principais provas internacionais, de Europeus, com dois ouros, em pista coberta e ao ar livre, a Mundiais.
Em Tóquio, pouco depois de se qualificar sem grande dificuldade, com 14,54 metros, chegou à zona mista e a principal preocupação era saber a quanto tinha ficado da tábua, mostra da confiança que trazia na sua forma física.
Balizou desde logo a final como “a oportunidade final” para saltar acima do recorde nacional que a própria estabeleceu, num ano que decorreu de forma crescente e com grandes resultados, dos Europeus ‘indoor’ em Torun, na Polónia, ao novo máximo luso, de 14,66 metros, conseguido pela natural de São Jorge de Arroios na etapa do Mónaco da Liga Diamante, pouco antes de viajar para o Japão.
As lágrimas em Torun expressaram a superação sublimada de cinco anos de trabalho, desde o Rio2016, em que foi sexta (com um grande recorde nacional a 14,65), mas o melhor ainda estava por chegar, a oito horas de diferença no fuso horário da capital de Portugal.
Filha de pais angolanos, Patrícia Mbengani Bravo Mamona nasceu em 21 de novembro de 1988 em Lisboa e viveu até adolescente no Cacém, nos arredores da capital portuguesa.
Foi lá que foi ‘descoberta’ pelo treinador José Uva, então ligado à Juventude Operária de Monte Abraão (JOMA), que viu nela uma atleta completa, capaz mesmo de excelentes resultados nas provas combinadas.
Entrou para o JOMA em 2001, com 12 anos, e logo no ano seguinte começou a somar triunfos no Olímpico Jovem, lançando-se para uma série de sucessos que não parou.
Campeã europeia absoluta em 2016, e vice-campeã em 2012, Mamona foi finalista olímpica no Rio2016 e agora subiu a parada, após cinco anos de trabalho.
Antes, ainda sub-23, foi segunda nas Universíadas e campeã universitária nos Estados Unidos, em 2011, quando estudou ciências médicas na universidade de Clemson, na Carolina do Sul, o primeiro de dois cursos universitários, então já como atleta do Sporting.
A saltadora assegurou a 26.ª medalha olímpica para Portugal, a 11.ª no atletismo e a segunda no triplo salto, depois do ouro de Nelson Évora em Pequim2008.
Orientada por José Uva, Mamona ‘explodiu’ em 2021, com o título europeu e, agora, a medalha olímpica, à boleia de novo recorde nacional nos 15,01 metros, enquanto, no meio académico, vai para o segundo curso, este de engenharia biomédica.
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