Os empresários de diversão itinerante afirmaram hoje que “mais vale tarde do que nunca”, depois de o Governo confirmar a abertura total desta atividade, e pedem apoios específicos para o setor, prejudicado pelas restrições de combate à pandemia.
Os equipamentos de diversão, como carrosséis e jogos itinerantes, podem começar a trabalhar a partir de domingo em todos os concelhos do país, desde que cumpram as regras da Direção-geral da Saúde (DGS) e “em local autorizado pelo município”, anunciou hoje o primeiro-ministro, António Costa.
“Perdemos mais um fim de semana na altura de verão, mas de qualquer forma é como diz a expressão popular: mais vale tarde do que nunca”, disse à Lusa Luís Paulo Fernandes, presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC).
PUBLICIDADE
O empresário destacou que “não existe suspeita de incidência de covid-19 nos parques” organizados no ano passado e este ano por estes empresários, que seguiram um protocolo aprovado pela Direção-Geral da Saúde e ficaram “muito surpreendidos e desiludidos” quando foram impedidos de exercer nos concelhos com risco elevado e muito elevado de incidência de covid-19.
“A nossa prestação de serviços, em três meses tinha sempre uma faturação que tinha de dar para 12. Essa atividade normal, nós já não estávamos com essa expectativa. Já esquecemos o ano de 2021”, acrescentou.
Luís Paulo Fernandes salientou que a proibição de festas e de romarias populares este verão vai prejudicar o setor e apelou aos autarcas para que, apesar da proibição, não deixem de promover eventos adaptados às regras da DGS, porque há atividades que precisam de trabalhar, nem que seja “10%, 15% do que era normal há dois anos”.
“Precisávamos de medidas específicas para tentar ultrapassar esta situação complicada para todos. Vamos manter o contacto com a tutela, para ver se, de alguma forma, eles criam aqui algumas medidas de apoio direto, porque assim é muito complicado”, afirmou, pelo seu lado, Francisco Bernardo, da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão (APED).
Francisco Bernardo salientou estar contente com a reabertura sem restrições, mas salientou os erros cometidos pelo Governo quando impôs em julho o funcionamento da atividade consoante os concelhos de risco, apesar de ter aberto os parques aquáticos, que têm equipamentos semelhantes.
“Acho que o Governo tem de começar a olhar para nós de outra forma. É importante que se frise que [para funcionar] estávamos dependentes do poder local, mas as câmaras estavam reticentes em autorizar a instalação de equipamentos isolados”, acrescentou, lamentando também que as festas e romarias apenas sejam permitidas em outubro, “uma altura em que deixam de existir”.
Esta atividade está incluída nas medidas que fazem parte da primeira de três fases de libertação das atividades económicas, que começa em 01 de agosto e que têm em consideração a percentagem de vacinação da população portuguesa, segundo revelou hoje o Governo.
Entre as medidas que entram domingo em vigor está a possibilidade de realização de casamentos e batizados com uma lotação de 50%; restaurantes, comércio e espetáculos podem ter horários normais; e o teletrabalho deixa de ser obrigatório, apesar de ser recomendado.
De fora das medidas que entram em vigor já em agosto ficam a realização de festas e de romarias.
Os profissionais da diversão, que ainda esta semana realizaram protestos em Lisboa para pedir a reabertura da atividade, englobam carrosséis, jogos e restauração itinerante, juntando cerca de duas mil pessoas, muitas delas famílias que dependem somente desta atividade para viver, segundo a Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC).
A APIC estima que, no ano passado, apenas 5% do setor conseguiu trabalhar.
No âmbito das medidas de combate à pandemia, em 13 de maio, a atividade de diversão itinerante e os parques infantis e aquáticos privados foram autorizados a entrar em funcionamento nos concelhos do continente incluídos no nível mais avançado do plano de desconfinamento.
No entanto, no Conselho de Ministros realizado em 01 de julho, o Governo determinou o encerramento dos parques e equipamentos de diversão nos municípios de risco mais elevado.