Política
BE quer captar eleitorado para eleger um vereador na Figueira da Foz
O Bloco de Esquerda (BE) da Figueira da Foz quer captar o seu eleitorado das eleições nacionais ou europeias para, assim, conseguir eleger um vereador nas próximas autárquicas, a 26 de setembro, foi hoje anunciado.
Na sessão de apresentação das linhas gerais do programa autárquico para a Figueira da Foz, Rui Curado Silva, 50 anos, cabeça-de-lista à Câmara Municipal, lembrou que o partido, nos últimos oito anos, “teve entre os 10% e os 12%, e em algumas freguesias 17%” dos votos nas eleições legislativas ou europeias, percentagens que, em eleições autárquicas, dariam “para eleger um vereador à vontade”.
“Tentar captar esse eleitorado não é fácil, mas queremos fidelizá-lo nas autárquicas”, frisou o candidato à Câmara Municipal da segunda maior cidade do distrito de Coimbra, que vai a votos pela terceira vez para aquele órgão, sem ter conseguido ser eleito em 2009 e 2017.
Nas últimas autárquicas, em 2017, o PS e o Bloco de Esquerda foram os dois únicos partidos que subiram a votação para a Câmara Municipal na Figueira da Foz, mas enquanto os socialistas lograram obter seis mandatos e renovar a presidência da autarquia, o BE não obteve mais do que 4,34% (1.230 votos), sendo a quarta força política mais votada.
No programa hoje apresentado, Rui Curado Silva identificou, como “eixo principal” o tema do Desenvolvimento e Transição Climática, defendo que a Figueira da Foz “tem de passar para uma nova era de desenvolvimento”, relacionada, nomeadamente, com a sustentabilidade ambiental.
O concelho, argumentou, “tem vindo a perder população”, uma realidade que disse não ser exclusiva da Figueira da Foz, mas de várias cidades médias nacionais, e o BE defende a atração de empresas ‘startup’, “ligadas às alterações climáticas, que possam fixar jovens e atrair profissionais mais qualificados”.
No urbanismo, os bloquistas defendem que a Figueira da Foz “tem de passar do século XX para o século XXI”, isto é, depois de nos anos 1980 e 1990 a cidade “se ter mudado do centro histórico para uma periferia pejada de supermercados e centros comerciais”, esse tipo de organização citadina “tem de ser revogada” e as pessoas “passarem a usar mais o centro histórico”, defendeu Rui Curado Silva.
Nesse âmbito e entre outras medidas, o Bloco propõe a aposta numa “rede urbana de mobilidade suave, estendida por toda a cidade”.
Outro tema que o Bloco tem vindo a debater nos últimos anos diz respeito à erosão costeira – um problema em aberto em especial na costa a sul do Mondego, com a acumulação de areia a norte por efeito do Molhe Norte do porto comercial – e Rui Curado Silva defende a solução do ‘bypass’ (transferência mecânica de areias) “já experimentada e testada” noutros países.
“É hora de implementar o ‘bypass’ na Figueira da Foz”, declarou.
O fomento do arvoredo urbano e da democracia participativa, a municipalização da distribuição de água ou a valorização do trabalho dos cuidadores informais e da saúde pública em tempos de pandemia de covid-19 são outros pontos do programa do BE.
A sessão de hoje, aliás, abriu com um “agradecimento a todos”, desde os profissionais de saúde, aos agentes de Proteção Civil e Bombeiros e a outros, como os responsáveis de associações ou de logísticas variadas relacionadas com a pandemia de covid-19, que mantiveram a Figueira da Foz “a funcionar”.
“Sem eles não podíamos estar aqui, nem seria possível realizar estas eleições”, alegou Rui Curado Silva.
Já naquilo que definiu como uma declaração política, o candidato do BE criticou os três candidatos “de direita”, que não nomeou – Pedro Machado (PSD), Santana Lopes (independente) e João Paulo Domingues (Chega) – todos “de fora da Figueira”.
“Não há problema nenhum nisso [de serem de fora] (…) O problema é quando vêm com aura de messias, um salvador que vem por na ordem a Figueira”, sustentou.
O executivo municipal da Figueira da Foz é liderado pelo PS (seis mandatos) contra três do PSD, partido que retirou a confiança política a dois dos seus vereadores.
O atual presidente Carlos Monteiro – que, em 2019, substituiu no cargo João Ataíde, que foi para o Governo, vindo a falecer a 2020, quando era deputado – candidata-se pelo PS às eleições agendadas para 26 de setembro, enquanto o PSD aposta em Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal.
Pedro Santana Lopes, que presidiu à autarquia da Figueira da Foz entre 1998 e 2001, eleito pelo PSD, é de novo candidato, desta vez pelo movimento independente Figueira A Primeira.
A exemplo de 2017, o CDS-PP candidata Miguel Mattos Chaves e a CDU aposta no oficial de justiça Bernardo Reis, uma estreia em candidaturas à Câmara Municipal, tal como o empresário João Paulo Domingues (Chega).
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