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Antigos guerrilheiros da Renamo vão ser alfabetizados no centro de Moçambique
Pelo menos 69 antigos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) serão alfabetizados na província de Sofala, no âmbito da iniciativa “Clubes da Paz”, promovida pelo Parque Nacional da Gorongosa e financiada pelo Governo português.
O projeto enquadra-se nas iniciativas que procuram promover a reinserção dos guerrilheiros do principal partido de oposição que largaram as armas e abandonaram as matas no âmbito do acordo de paz assinado entre o Governo e a Renamo, em 2019, disse à Lusa Gil Mahara, gestor de Educação e ponto focal dos “Clubes da Paz”.
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A iniciativa é financiada pela Cooperação Portuguesa em Moçambique num valor anual de 50 mil euros e vai ser desenvolvida durante um ano, sendo que os principais beneficiários são antigos guerrilheiros da Renamo que vivem no distrito da Gorongosa, província de Sofala.
“Esta é uma iniciativa de longo prazo e o que estamos a fazer agora é experimentar de forma a que, futuramente, levemos o projeto a outros pontos”, declarou Gil Mahara, acrescentando que se trata de um programa de “alfabetização funcional”, que inclui no seu plano de ensino métodos e estratégias de pequenos negócios para este grupo.
A iniciativa “Clubes da Paz” pretende também criar oportunidades de trabalho para os antigos guerrilheiros da Renamo dentro do Parque Nacional da Gorongosa, havendo, atualmente, pelo menos cinco pessoas empregadas no âmbito do processo.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um Acordo de Paz e Reconciliação em agosto de 2019, um entendimento que prevê, entre outros aspetos, o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado daquele partido, envolvendo cerca de 5.000 membros.
Segundo dados oficiais, até abril deste ano, mais de 2.600 guerrilheiros do braço armado da Renamo tinham largado as armas, num processo que decorre “sem sobressaltos”, segundo o presidente daquela força política.
Apesar de progressos registados, nomeadamente a assinatura do acordo de paz, a autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo dissidente do partido, tem protagonizado ataques armados nas províncias de Sofala e Manica, no centro de Moçambique.
A junta liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da Renamo, contesta a liderança do partido e as condições para a desmobilização decorrentes do acordo de paz, sendo, segundo as autoridades, responsável pelas incursões que já provocaram a morte de 30 pessoas e vários feridos em estradas e povoações daquelas duas províncias.
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